condomínio privado com contribuintes públicos

“Os 26 contratos swap celebrados pelo Governo e por empresas públicas da Madeira não estão a ser fiscalizados nem pela Assembleia da República nem pelo parlamento regional, apesar de as perdas potenciais dos derivados que ainda estão activos continuarem a aumentar (…) A exclusão dos contratos da Madeira do âmbito do inquérito parlamentar em curso na Assembleia da República resulta de um consenso entre os partidos, revelou ao PÚBLICO o presidente da comissão eventual de inquérito, Jorge Lacão. No entanto, confrontado com a eventualidade de os contratos celebrados pela Madeira virem a ter impacto nas contas públicas nacionais, Lacão admitiu que esta questão possa vir a ser abordada pela comissão de inquérito, caso seja suscita pelos partidos.”, no Público online.

Independentemente de ser cada vez menos claro com que critério foram encerrados determinados swaps, e de eu estar cada vez mais convencido que o encerramento antecipado dos swaps (numa altura em que as taxas Euribor só podem subir) poderá ter sido um erro, esta situação na Madeira relatada pelo jornal Público é o exemplo do que não deveria acontecer em Portugal. Mais: é o exemplo do descontrolo orçamental e creditício que em boa medida contribuiu, e continua a contribuir, para o descalabro das contas públicas nacionais. Mais ainda: é o exemplo acabado da perversidade associada à partidocracia portuguesa, que monopolizando a política em regime de condomínio fechado segue arruinando a democracia em Portugal.

10 pensamentos sobre “condomínio privado com contribuintes públicos

  1. Luís Lavoura

    numa altura em que as taxas Euribor só podem subir

    Podem também manter-se inalteradas durante bastantes anos.

  2. AA

    « segue arruinando a democracia em Portugal »
    e no futebol dá-se o caso da bola ser impiedosamente pontapeada
    >)

  3. Luís Lavoura

    o encerramento antecipado dos swaps poderá ter sido um erro

    Pois poderá. Mas também poderá ter sido acertado. Ninguém sabe como evoluirão as taxas de juro no futuro.

  4. Ricardo Arroja

    “Podem também manter-se inalteradas durante bastantes anos”

    Caro Luís Lavoura,

    É possível que assim venha a acontecer. Porém, a maioria dos swaps cancelados também só tinha vencimento a partir de 2018 e muitos deles apenas depois de 2020.

  5. Luís Lavoura

    a maioria dos swaps cancelados só tinha vencimento a partir de 2018

    É perfeitamente possível que as taxas de juro só comecem a subir lá para, digamos, 2016. Se isso acontecer, lucramos (em relação à situação com swaps) durante três anos e depois perdemos durante dois.

    O que eu quero dizer é, quer com swaps quer sem eles, podemos perder durante alguns anos mas lucrar durante outros tantos.

    Isto é como a discussão sobre se é melhor, num empréstimo à habitação, ter juros fixos ou juros associados à Euribor. Em Portugal sempre foi costume ter juros indexados, porém na Alemanha sempre foi costume usar juros fixos.

  6. Alexandre Carvalho da Silveira

    …”muitos dos swaps cancelados só tinham vencimento a partir de 2018 e muitos deles a partir de 2020.” Mas não existia a possibilidade de os bancos exigirem o seu pagamento quando achassem mais conveniente para eles, e o estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões?

  7. Ricardo Arroja

    “Mas não existia a possibilidade de os bancos exigirem o seu pagamento quando achassem mais conveniente para eles, e o estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões?”

    Duvido seriamente que isso fosse possível.

  8. Luís Lavoura

    o Estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões

    Esse é um buraco virtual. O “buraco” ocorre porque o Estado está a pagar juros fixos (altos) pelos empréstimos que contraiu, em vez de estar a pagar juros variáveis (isto é, indexados à Euribor) que, neste momento, seriam baixos. Dizer que há um “buraco” é tão ridículo como dizer que uma família alemã, que comprou a sua casa mediante uma hipoteca com juros fixos, também tem um “buraco”. Na verdade não há buraco nenhum, há apenas uma opção por juros fixos, que é desvantajosa quando a Euribor está baixa, mas vantajosa quando a Euribor estiver alta.
    Quer com swaps quer sem eles, pode sempre haver “buraco”. O “buraco” é apenas uma questão de ponto de vista.

  9. Jorge Araujo

    Mas não existia a possibilidade de os bancos exigirem o seu pagamento quando achassem mais conveninte para eles, e o estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões

    mais ou menos , na prática cada margin call, via ratings é um pouco isso , já que provavelmente exigiria mais colateral . mas no bolo todo , não

  10. Alexandre Carvalho da Silveira

    Se não havia razão para denunciar os contractos swaps, de que é que andamos aqui a falar desde há quase um ano? e as condições “tóxicas” que estavam incluidas em alguns desses contractos?
    Nota: eu não sou especialista em economia, estou apenas a olhar para isto tudo do ponto de vista do contribuinte/pagante.

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