“Os 26 contratos swap celebrados pelo Governo e por empresas públicas da Madeira não estão a ser fiscalizados nem pela Assembleia da República nem pelo parlamento regional, apesar de as perdas potenciais dos derivados que ainda estão activos continuarem a aumentar (…) A exclusão dos contratos da Madeira do âmbito do inquérito parlamentar em curso na Assembleia da República resulta de um consenso entre os partidos, revelou ao PÚBLICO o presidente da comissão eventual de inquérito, Jorge Lacão. No entanto, confrontado com a eventualidade de os contratos celebrados pela Madeira virem a ter impacto nas contas públicas nacionais, Lacão admitiu que esta questão possa vir a ser abordada pela comissão de inquérito, caso seja suscita pelos partidos.”, no Público online.
Independentemente de ser cada vez menos claro com que critério foram encerrados determinados swaps, e de eu estar cada vez mais convencido que o encerramento antecipado dos swaps (numa altura em que as taxas Euribor só podem subir) poderá ter sido um erro, esta situação na Madeira relatada pelo jornal Público é o exemplo do que não deveria acontecer em Portugal. Mais: é o exemplo do descontrolo orçamental e creditício que em boa medida contribuiu, e continua a contribuir, para o descalabro das contas públicas nacionais. Mais ainda: é o exemplo acabado da perversidade associada à partidocracia portuguesa, que monopolizando a política em regime de condomínio fechado segue arruinando a democracia em Portugal.
numa altura em que as taxas Euribor só podem subir
Podem também manter-se inalteradas durante bastantes anos.
« segue arruinando a democracia em Portugal »
e no futebol dá-se o caso da bola ser impiedosamente pontapeada
>)
o encerramento antecipado dos swaps poderá ter sido um erro
Pois poderá. Mas também poderá ter sido acertado. Ninguém sabe como evoluirão as taxas de juro no futuro.
“Podem também manter-se inalteradas durante bastantes anos”
Caro Luís Lavoura,
É possível que assim venha a acontecer. Porém, a maioria dos swaps cancelados também só tinha vencimento a partir de 2018 e muitos deles apenas depois de 2020.
a maioria dos swaps cancelados só tinha vencimento a partir de 2018
É perfeitamente possível que as taxas de juro só comecem a subir lá para, digamos, 2016. Se isso acontecer, lucramos (em relação à situação com swaps) durante três anos e depois perdemos durante dois.
O que eu quero dizer é, quer com swaps quer sem eles, podemos perder durante alguns anos mas lucrar durante outros tantos.
Isto é como a discussão sobre se é melhor, num empréstimo à habitação, ter juros fixos ou juros associados à Euribor. Em Portugal sempre foi costume ter juros indexados, porém na Alemanha sempre foi costume usar juros fixos.
…”muitos dos swaps cancelados só tinham vencimento a partir de 2018 e muitos deles a partir de 2020.” Mas não existia a possibilidade de os bancos exigirem o seu pagamento quando achassem mais conveniente para eles, e o estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões?
“Mas não existia a possibilidade de os bancos exigirem o seu pagamento quando achassem mais conveniente para eles, e o estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões?”
Duvido seriamente que isso fosse possível.
o Estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões
Esse é um buraco virtual. O “buraco” ocorre porque o Estado está a pagar juros fixos (altos) pelos empréstimos que contraiu, em vez de estar a pagar juros variáveis (isto é, indexados à Euribor) que, neste momento, seriam baixos. Dizer que há um “buraco” é tão ridículo como dizer que uma família alemã, que comprou a sua casa mediante uma hipoteca com juros fixos, também tem um “buraco”. Na verdade não há buraco nenhum, há apenas uma opção por juros fixos, que é desvantajosa quando a Euribor está baixa, mas vantajosa quando a Euribor estiver alta.
Quer com swaps quer sem eles, pode sempre haver “buraco”. O “buraco” é apenas uma questão de ponto de vista.
Mas não existia a possibilidade de os bancos exigirem o seu pagamento quando achassem mais conveninte para eles, e o estado ver-se confrontado com o tal buraco de 3000 milhões
mais ou menos , na prática cada margin call, via ratings é um pouco isso , já que provavelmente exigiria mais colateral . mas no bolo todo , não
Se não havia razão para denunciar os contractos swaps, de que é que andamos aqui a falar desde há quase um ano? e as condições “tóxicas” que estavam incluidas em alguns desses contractos?
Nota: eu não sou especialista em economia, estou apenas a olhar para isto tudo do ponto de vista do contribuinte/pagante.