Factos:
- Desde 1974 em Portugal que nunca existiu um orçamento com superavit. (fonte)
- A despesa pública portuguesa é superior a 50% do PIB (dados de 2010).
- A dívida pública portuguesa é superior a 200 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 20 mil euros a cada cidadão. (fonte)
- A carga fiscal em Portugal corresponde a cerca de 36,8% do PIB (fonte). Cada trabalhador em média trabalha desde o dia 1 de Janeiro até 4 de Junho apenas para pagar impostos. (fonte)
- Em Portugal existem cerca de 10,5 milhões pessoas (dados de 2011) sendo que:
- mais de 2 milhões têm mais de 65 anos (dados de 2011)
- a esperança média de vida é de cerca de 77 anos para o sexo masculino e de 83 anos para o sexo feminino (dados de 2011) com tendência ligeira de aumento
- em 2012 nasceram cerca de 90.000 pessoas (compara com cerca de 160.000 pessoas nascidas em 1980 e com tendência para diminuir) (dados de 2012)
- existem cerca de 3 milhões de pensionistas (dados de 2012)
- a população activa é de cerca de 5,5 milhões (dados de 2012)
- a população empregada é cerca de 4,5 milhões de pessoas (fonte)
- Dos cerca de 78 mil milhões de euros do orçamento de estado de 2013, as maiores rubricas são (fonte):
- Prestações sociais (37,6 mil milhões ou 48,2 %)
- Despesas com pessoal (17,3 mil milhões ou 22,1 %)
- Consumos intermédios (7,6 mil milhões ou 9,7 %)
- Despesas com juros (7,1 mil milhões ou 9,2 %)
- O orçamento de estado de 2013 previa um défice de 7,5 mil milhões de euros equivalentes a 4.5% do PIB, previsão que já revista para 5,5%.
Qualquer discussão séria terá que assumir que o trajecto das contas públicas e da dívida pública é insustentável. Ninguém consegue imaginar uma família com gastos acima dos seus rendimentos ou uma empresa com prejuízos sistemáticos e que aumente o seu endividamento todos os anos. O mesmo se passa com o estado. Os nossos credores não são nossos benfeitores nem nossos mecenas e a “solidariedade europeia” tem os seus limites. Existem então essencialmente duas vias para se equilibrar as contas públicas, ambas impopulares mas com efeitos diferentes e que podem ser utilizadas em conjunto:
- Aumentar os impostos – abrange a população em geral, sendo que aumentos de impostos irão causar necessariamente uma redução da actividade económica. Um imposto é uma apropriação por parte do estado de riqueza e recursos do sector privado.
- Cortar na despesa – abrange essencialmente os beneficiários do orçamento de estado e pode abrir a porta à redução de impostos que estimularia a actividade económica.
Obviamente que eu tenho uma grande preferência pela opção de redução da despesa e creio ter sido um grande erro deste governo ter iniciado a sua legislatura com a opção pelo aumento de impostos. O corte na despesa do estado, é certo, terá que enfrentar muitas vezes o próprio governo e os seus partidos, os partidos da oposição, a comunicação social, grupos de interesse e grupos muito bem organizados – só hoje surgiram estas duas notícias:”Reitores temem pelo funcionamento das universidades” e “Sindicato diz que cortes comprometem o funcionamento dos serviços e a arrecadação de impostos”.
Os portugueses têm que fazer uma escolha clara: cortar na despesa do estado ou aumentar os impostos. Não se pode nem não cortar na despesa nem não aumentar impostos – essa é uma via demagógica que não existe.
Excelente post.
João Cortez,se o governo tivesse optado por uma redução da despesa, no lugar dos aumentos de impostos, os resultados hoje seriam melhores? Há bloggers como Priscila Rego, que dizem que vai dar ao mesmo.
Olá “makarana”. Creio que a opção pela redução da despesa tera tido um efeito menos profundo e muito menos duradouro do que o aumento dos impostos uma vez que 1) os cidadãos e as empresas ficariam com mais rendimentos disponíveis quer para consumir, investir ou poupar fazem um uso muito mais eficiente e útil dos recursos disponíveis; e 2) os indivíduos agem de acordo com incentivos, e quanto maior a perspectiva de recompensa maior a sua motivação para agir – os impostos nada fazem para reduzir o risco mas reduzem consideravelmente a recompensa. Cumprimentos!
Bom post, Joao.
So me permite discordar das tuas conclusoes:
“Os portugueses têm que fazer uma escolha clara: cortar na despesa do estado ou aumentar os impostos. Não se pode nem não cortar na despesa nem não aumentar impostos – essa é uma via demagógica que não existe.”
Esta nao e’ uma escolha que “os portugueses” podem fazer. Nao existem escolhas colectivas.
E se “nos escolhermos” aumentar impostos? Quem discorda tem, necessariamente, de ser ainda mais expoliado?
E’ gracas as escolhas colectivas que estamos como estamos. O colectivismo coercivo cria grupos que, necessariamente, entram em conflito. O caso dos impostos nao foge a regra: Ha os que estao do lado dos que pagam impostos e ha os que estao do lado dos que recebem dos impostos. O voto de cada um vale apenas 1 unidade. Quando os que recebem superam o numero dos que pagam, ja se sabe como vai ser a “escolha colectiva”: aumentem os impostos que nao me afectam. Um exemplo simples e’ o “taxem os ricos”.
Os chamados “servicos publicos” nao tem, necessariamente, de acabar. Basta torna-los opcionais. Quem os defende e os acha essenciais, pague por eles. Expresse claramente que nao prescinde deles mas aceite que tem de os pagar. Quem nao queira usufruir dos mesmos, nao os deve pagar. Uma sociedade nao tem de ser ‘all-inclusive’. Ja’ o estado colectivista coercivo tem de o ser ou nao sobreviveria.
Hoje é um mau dia para pensar nisto que a maioria de nós levou outro rombo. Os seus números são inatacáveis mas eu, que descontei a vida toda o que me pediram, com o compromisso de que, chegada esta altura, teria o que está acordado, estou constantemente a ver reduzido aquilo que acordaram comigo.
Você pode dizer que as coisas mudaram, que já não temos tantos portugueses, que a vida correu mal. Mas tal como os credores de que você fala, eu não sou também nenhum benfeitor. Tal como os credores de que fala, eu também sou um credor do Estado.
É melhor aumentar impostos …
Pelo menos a julgar pela competência dos políticos que temos tido …
[Funny mode was on]
Completamente de acordo com o seu comentário, fernandojmferreira. Infelizmente no sistema em que estamos, a maiorias podem de facto oprimir as minorias. O meu post ia mais na direcção do discurso político em que algumas vozes tentam dar a entender que existem soluções mágicas que não implicam nem o aumento de impostos nem a redução da despesa.
Obrigado pela sua resposta gentil João :).Espero quebo meu tom não tenha sido algo agressivo,se foi não foi por mal.
O Post parece-me óptimo.Já viu os posts do João Miranda sobre o assunto? Seria bastante interessante ver num debate com os dois sobre esta matéria.Ultimamente,no Blasfémias a questão dos impostos tem sido desvalorizada, em particular pelo JM,que é um defensor acérrimo do aumento
Caro João Cortez,
Há razões que a própria Razão desconhece e isso faz com que a sociedade, os seus dirigentes e os indivíduos muitas das vezes não hajam racionalmente, mesmo em frente a um precipício.
Muitos têm de cair no despenhadeiro para mudar de vida.
Não seria assim se a nossa cultura nacional não fosse tão diferente da Nórdica e, em particular, da da Letónia, país onde se fizeram reformas a sério por iniciativa própria.
Daí que eu cada vez mais tenda a pensar que a única solução para a reforma do Estado e a redução drástica da despesa pública seja o acabar com a ajuda externa.
Por razões completamente opostas ao mainstream opinante, eventualmente o “Troika rua!” poderia ser a nossa solução a medio/longo prazo.
Em absoluto estado de necessidade, a mudança far-se-ia pela força da circunstância de não haver dinheiro para pagar salários, pensões, etc…
É desumano? Bárbaro? Potenciador de graves convulsões sociais?
Se calhar não se atendermos a um bem maior futuro de que todos beneficiarão…
A ajuda externa condicionada à prossecução de reformas não funciona.
A Grécia vai a caminho do terceiro resgate… Portugal irá a caminho do segundo e onde está o guião da reforma do Estado de Portas?
Além disso, também não fará sentido a ajuda externa chegar quando os países efectivamente reformarem o Estado, pois se o Estado é reformado, a liberdade económica gerará crescimento de per si.
Em relação ao ponto 1, o superavit, tenho quase a certeza de que antes de 1974 também não houve superavits. Só não tenho a certeza porque estudei isso em 1970 e já não me lembro se os valores se referiam ao orçamento ou à balança comercial. Mas o que me ficou foi que desde que há números (princípio do século XIX) os únicos dois anos em que Portugal teve superavit foram 1943-44, por causa da II Guerra Mundial. Quanto ao Estado (ou o país) falido, também tem sido uma constante desde o final do século XVIII. Nada disto invalida os outros valores e as conclusões da peça, serve apenas para os mais desavisados não pensarem que a má situação do herário público é particular da III República.
“Os seus números são inatacáveis mas eu, que descontei a vida toda o que me pediram, com o compromisso de que, chegada esta altura, teria o que está acordado, estou constantemente a ver reduzido aquilo que acordaram comigo.”
Pediram? Ou tiraram? Se o Jónatas tivesse a escolha para colocar o seu dinheiro num fundo de pensões hoje teria aquilo que é seu por direito. Mas acabou nas mão de socialistas que não só gastaram todo o dinheiro que lá foi colocado como ainda pediram umas centenas de milhares de milhões emprestados. A geração actual nem desconta à espera de ver um qualquer retorno no futuro. Desconta para pagar as actuais reformas com a consciência que não haverá um número suficientemente grande de portugueses no activo para lhe pagar a mesma reforma.
Concordando com o sentido geral do post apenas me parece justo reconhecer que este governo, tendo eventualmente muitos outros defeitos, não merece ser metido no mesmo saco que todos os anteriores desta III república. Aliás tem estado a fazer grosso modo aquilo que aqui se conclui, do mais elementar bom senso, ou seja, um mix de redução de despesa e aumento de impostos, com maior preponderância na redução de despesa. No cômputo geral, mesmo com o aumento nominal dos impostos o que é facto é que a receita do estado até diminuiu (e não, não se explica só pela diminuição do PIB):
2010: Despesas – 89018 (52% PIB), Receitas – 71991 (42% PIB)
2012: Despesas – 78418 (47% PIB), Receitas – 67794 (40% PIB)
Fonte: http://www.pordata.pt/Portugal/Administracoes+Publicas+despesas++receitas+e+defice+publico-809 e http://www.pordata.pt/Portugal/PIB+e+rendimentos-2412
Na prática as despesas cairam 12% e as receitas 6%. Dizer, como tem sido dito (nem tanto neste post mas é o tom geral) que este governo não tem feito quase nada pela diminuição da despesa quando fez aquilo que NENHUM outro desdeo 25 Abril fez, que é reduzir a despesa em 12000 milhões de euros, é incorrecto.
Claro que não chega, o desiquilibrio era, e continua a ser, brutal. Falta fazer cerca de metade do esforço, isto é, o dobro dos famosos 4,7 mil milhões. Mas, considerando toda a resistência que se encontra em reduzir um euro que seja na despesa do estado neste País, parece-me que 12000 milhões já é qualquer coisa.
Carlos ,
“Aliás tem estado a fazer grosso modo aquilo que aqui se conclui, do mais elementar bom senso, ou seja, um mix de redução de despesa e aumento de impostos, com maior preponderância na redução de despesa. ”
Não confunda os resultados que este governo conseguiu com o que o governo tencionava fazer. Segundo a Troika o ajustamento deveria ser feito em 2/3 pelo lado da despesa e 1/3 pelo lado dos impostos. No entanto….
“O Orçamento do Estado para 2013 foi o fim da linha, depois de o Governo apostar em fazer 80% da consolidação orçamental deste ano via impostos e de se atirar de novo aos subsídios de funcionários públicos e pensionistas.”
Economicamente, todos os estudos apontam para que seja mais eficiente cortar na despesa em vez de aumentar a carga fiscal, especialmente se for em serviços onde possa existir o crowding-in do setor privado.
Posto isto, politicamente é muito difícil reduzir a despesa, embora esse deva ser o caminho a ser traçado. A constância e irracionalidade dessa concepção Roussiana a que se dá o nome de contrato social dificultar mexer em direitos adquiridos. Não sei se este post foi sequência da questão do IVA mas, a ter, são questões completamente distintas. O caso do IVA é algo muito, muito particular, e que dali não pode ser extrapolada uma fundamentação para a defesa da subida dos impostos.
Já agora, convém referir que mesmo optando por uma solução em que se mantenha ou reduza a carga fiscal, diminuindo também a despesa, isso não impede de alterar o tax mix no sentido de prejudicar o menos possível o crescimento económico (e vai daí, baixando IRC e IRS mantendo ou subindo o IVA). Era esse o ponto do meu artigo e não uma defesa pela subida de impostos, não vá ter sido mal interpretado.
Caro João,
O problema do corte na despesa – e eu concordo que o corte deve ser na despesa, aumento de impostos só temporariamente e como stop-gap – é puramente moral.
Fala-se em reduzir funcionários públicos e cortar salários e pensões, que é de facto preciso, mas ainda estou para ver uma actuação razoável nas PPP ou o fim da escandalosa subsidiação à EDP ou aos produtores de “energias renováveis”.
O Governo tinha, quando foi eleito, uma oportunidade única de tentar impor moralmente um novo caminho. Podia ter começado por pura e simplesmente denunciar todos os contratos ilegais (como as PPP que NÃO tiveram visto do Tribunal de Contas) e, enquanto a EDP era estatal, renegociar (leia-se, impor) novos termos para os CMEC e aproveitar para retroactivamente actualizar as tarifas das renováveis (como fizeram na cogeração).
Mas não fizeram nada disso – aumentaram impostos e cortaram no que é “fácil” (reformados, assalariados) e no “menos difícil” (funcionários públicos). Nos seus “futuros patrões” é que não!
Penso que ninguém no seu perfeito juizo quer e fica feliz por saber que funcionários publicos terão de ser despedidos ou pensionistas terão de ficar com menores pensões (aqui penso que é obrigatorio estabelecer-se um limite minimo). Sobre esta questão tenho algumas coisas a dizer:
A geração agora pensionista nunca pensou que este sistema era insustentavel? temos todos um cofre com o nosso nome escrito na segurança social? É que nem os nossos depositos à ordem são 100% seguros, no fundo é um emprestimo ao banco para este usar como bem entender, empresta-lo a outrem ou investi-lo.
A questão, sendo grave, tem de servista sobre todos os prismas possíveis, sobre todas as opções, como fez muito bem o João Cortez. Temos de reduzir a divida, antes disso, ter condições para crescer ou melhor, ter d´éfice 0. Como faze-lo? A opção 1 ataca-nos a todos e não diminui despesa, que no fundo é o problema! A opção 2 ataca grande parte de nós, e ajuda a resolver o problema!
A resposta para mim é muito simples, é cortar na despesa e nas prestações sociais, até um nível que o nosso país possa suportar. E atenção que tenho 2 pais FP’s e perto da reforma.
Mas eu terei reforma no futuro? Eu sei lá! Só sei é que aprendi com a crise, e vou fazer como todos devem fazer, poupo todos os meses. Claro que podem argumentar que muita gente não consegue poupar. Mas só mudando o estado das coisas é que a economia pode rejuvenescer e proporcionar condições para que os Portugueses poupem.
Eu não vou ficar à espera de pensõ. Vou poupar o meu, como os suiços fazem, que depois têm reformas “simbolicas”. Agirei desta forma e se me cortaarem a pensão em metade quando chegar a altura, vou achar injusto claro, mas o meu filho vai seguir a ppupança do pai e eu considerarei o corte como umacontribuição para melhorar o nosso país.
A isto muitos argumentam que politicos e outros roubam esse dinheiro, verdade, mas isso é um passo para daqui a 10-15 anos exigirmos mais e melhor dos politicos. Mais transparencia, tudo o que os meus pais nao exigiram e fecharam os olhos desde o 25 de Abril.
O mal está feito, agora vamos é ser razoáveis, todos estamos a perder, vamos é dar a volta, reduzindo a despesa para resoolver o problema!!
Caro paam,
Esse tema, “o que o governo tencionava fazer”, daria pano para mangas e é toda uma outra discussão.
O que é um FACTO é que entre 2010 e 2012, efectivamente se cumpriu esse grosso modo esse rácio (e sabemos bem as dificuldades criadas pelo TC e outros). A percentagem no PIB das despesas diminuiu 5% e das receitas 2%.
Em 2013 tudo isto foi posto em causa de forma grave. E tenho receio que a crise Gaspar-Portas, com a novo equilibrio de poderes estabelecido, venha a comprometer o rumo que tem sido seguido. Mas isso é o futuro…previsões… estimativas… eu estava a falar do passado… factos…
João Cortez, só o facto de basear o seu post em números e de se dar ao trabalho de citar as fontes desses mesmos numeros traz logo qualidade ao seu post. Penso que é preciso insistir e dar ênfase ao número brutal de pensionistas face ao de trabalhadores empregados.
Por outro lado não concordo com as conclusões que essas sim me parecem demasiado simplistas e superficiais. Desde logo à partida porque existe uma terceira opção que seria aumentar o endividamento interno a título voluntário ou coercivo. Por exemplo o Japão segue esta via. Existe também a opção de desvalorização cambial.
Obviamente que será sempre preferível cortar na despesa, mas a questão relvante é ONDE se corta na despesa. Por exemplo é interessante verificar que enquanto os cortes nos contratos dos funcionarios publicos, se cortam os vencimentos mas se mantêm as mesmas obrigações (horários, etc) dos funcionarios, já nas renegociações das PPP descem-se os encargos do estado mas também se diminuem as contrapartidas por parte dos consórcios. Por exemplo a mim parece-me que existe ainda aqui uma grande margem para reduzir despesa.
Por exemplo imputar às empresas com rendas garantidas o pagamento de parte dos encargos do estado em dívida portuguesa seria por exemplo uma possível solução para reduzir despesa no imediato.
Penso que existem multiplas soluções fora do binomio aumentar impostos, cortar despesa no imediato que nem sequer são nomeadas (provavelmente porque não favorecem certos interesses ligados à comunicação social…) e que nem sequer são nomeadas quanto mais discutidas…
Carlos,o facto que interessa é que a meta do défice não foi atingida.6,4 em vez de 4,5.E o governo não deveria ter aumentado impostos.Deveria ter cortado mais do que fez.Lamento, “alguma coisinha” não é fazer o que deve ser feito.É insuficiente.
Mas Rui…
Desvalorização cambial não a pode fazer.
E seguir o exemplo do Japão que está metido numa alhada da qual não consegue sair…não sei…
Eu até concordo que nos podiamos endividar internamente e “reinvestirmo-nos” a nós proprios, mas isso com limites muito claros, não iremos cair também na Liquidity trap.
Para mim a divida nãoé opção, investimento através da poupança isso éque sim.
paam, “pediram” ou “tiraram” é uma questão de semântica. O que me foi dito a mim foi que ia ficar com menos “x” no meu ordenado para depois, quando me reformasse, me dessem “y”. São estas as premissas do acordo. Que está a ser violado.
Eu não discuto se foram os Socialistas ou se foi o PSD. Eu fiz o contrato com o Estado Português, ponto final. Se o Estado depois gastou como não devia, é problema do Estado, não é problema meu. Como não é problema dos credores que emprestam ao Estado. Se fosse uma empresa privada a dizer “olhe, não temos dinheiro, vai ter de receber menos”, vocês iam aos arames. Como vão aos arames sempre que se fala numa renegociação da dívida. Como é o Estado a dever a um pensionista, está tudo muito bem. Que se lixem os pensionistas, esses exploradores que causaram todos os problemas em que estamos metidos.
Quanto a ter tudo num fundo de pensões, relembro-lhe que ao menos ainda recebo alguma coisa do Estado. Já um fundo de pensões, quem é que me garante que não tivesse ido já à falência? Foram bastantes à falência nos últimos anos.
Caro Jónatas,
O problema é mesmo esse. Se esquecermos os formalismos, qual é a diferença efectiva em termos contratuais entre um funcionário público, um reformado, um beneficiário de uma PPP ou um credor? Nenhum. Moralmente é absolutamente errado penalizar os dois primeiros em benefício dos dois últimos. Se é para doer – e tem de ser – tem de doer a todos.
Cortar despesa, sempre.
Quanto menos o Estado gastar mais sobra para a criação de riqueza.
E 3 falências em 3 décadas deviam servir como prova q.b. que a prática seguida até aqui não serve.
“Desde 1974 em Portugal que nunca existiu um orçamento com superavit.”
Aproveitando o post abaixo do Mário Amorim parece que saltamos da “conversa entre dois socialistas” para uma festa cheia de socialistas.
Portugal durante o estado novo a sua despesa pública nunca passou dos 20% (com Salazar dos 15%) e a economia era construída em bases sólidas dentro dos princípios do capitalismo (sendo um dos casos mais brilhantes comprovados pela estatística que se podem encontrar entre as economias dos países de todo o mundo) .
O motivo da queda do anterior regime não foi económico mas por as pessoas ansiarem por mais liberdades e opções de escolha mas que no final viemos a verificar que essas mesmas liberdades foram promovidas à custa dos “outros” do qual “nós” também fazíamos parte mesmo que não tivéssemos disponibilidade para tal. O colectivismo foi assim superior ao individualismo na procura das tais liberdades.
Logo estamos perante um problema cultural antes de ele ser económico que foi bastante amplificado com a macacada de experimentalismos que assistimos no sistema de poder.
Quanto às razão culturais, cada sociedade ou povo, é como é, e como tal assim deve permanecer pois existe em uma forma natural e assegurados pela ordem espontânea que se vai fazendo entre gerações. Mas se uma sociedade está constantemente a ser atacada pela imposição, formatação de valores e de ideologias muitos dos quais não fazem sequer parte da matriz cultural da sociedade então a sociedade deve ser preparada para resistir à invasão e a melhor forma de resistir é que cada indivíduo permaneça e conserve o seu fator diferenciador.
Quanto ao sistema de poder, temos de olhar para dentro de nós compreender a nossa história e quem souber entendê-la mais próximo ficará de encontrar a solução mais respeitável.
Atente-se nestas palavras:
“Continuo firme na ideia de que a Monarquia coordenadora de Municípios Republicanos foi o regime mais certo para Portugal”
“O regime de que o mundo precisa para sair do atoleiro em que está metido é realmente o da Monarquia Portuguesa anterior a D. João I…”
“Acima disso, o município, clara e inteiramente “republicano”. Como “coordenador geral” e “inspirador” o Rei…”
Agostinho da Silva – Cartas inéditas
Este parece ser o caminho correto e em alternativa ao rei podemos considerar um ancião de reconhecido mérito e provas dadas à sociedade que seja apoiado com um conselho de sábios.
Quanto à economia, é o ponto mais fácil, basta debruçarmos sobre o passado onde houve sucesso e replicá-lo que concerteza os nossos cofres voltarão a ficar cheios de ouro (tornando-os numa sociedade completamente independente e próspera).
Vivendi, o primeiro default nacional foi com a monarquia.
Carlos, pergunto-lhe sinceramente, acha mesmo que está a ser proporcional, como defende e bem? Eu respondo-lhe taxativamente: não está. Está a ser feito o ajuste através de impostos sobre o trabalho e com cortes nas pensões, quase exclusivamente. Tirando uma ou outra medida de showoff, o resto sai quase incólume.
“Vivendi, o primeiro default nacional foi com a monarquia.”
Jónatas,
Foi na 1ª dinastia? E como escrevi em cima deixo a questão monárquica em aberto.
Mas tal como Hans-Herman Hoppe concordo que é preferível a monarquia à democracia.
http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/08/democracia-x-monarquia.html
Na 4ª dinastia aquando o primeiro default já a maçonaria estava impregnada na “Monarquia” que de Monarquia tinha pouco, só mesmo a figura real, um artista glutão que gostava de apanhar ar fresco
O Andre disse:
“[M]as isso é um passo para daqui a 10-15 anos exigirmos mais e melhor dos politicos.”
E se isto que esta’ a vista for o “mais e melhor” que os politicos podem “oferecer”? Porque e’ que se continua a “confiar” no colectivismo coercivo, culpabilizando os agentes que presentemente detem o poder coercivo do estado e “tendo fe'” que os resultados que o estado produz seriam diferentes mediante a “qualidade dos agentes”?
E’ preciso que esta fe’ desapareca e as pessoas se convencam que nao e’ assim. Isto e’ o maximo que os agentes conseguem fornecer. Nao ha melhor e, assim sendo, e’ preciso que as pessoas se convencam e aceitam como dado adquirido o colectivismo coercivo nao funciona. O seu grande problema e’ o coercivo.
Como alguem ja disse no passado “Se o sistema social que defendes depende da qualidade dos agentes que o controlam, e’ porque e’ um MAU sistema”. Venha o proximo.
Na 4ª dinastia aquando o primeiro default já a maçonaria estava impregnada na “Monarquia” que de Monarquia tinha pouco, só mesmo a figura real, um artista glutão que gostava de apanhar ar fresco
André,
Completamente de acordo. Por isso a figura central/ institucional deve ter um peso bastante limitado. E quando for comprovado que não está a servir o interesse nacional ser corrido de lá para fora.
Note-se que Agostinho da Silva defendeu esta solução mas que nem número de contribuinte fazia questão de ter…
O Jónatas será português? Pela maneira como fala (escreve) deve ser estrangeiro. Mas, se for português nunca votou, apenas terá pago impostos. É o que parece.
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…quando é que aprendem a falar em “racionalização da despesa” ???
André,
em resposta aos seus comentários.
“Desvalorização cambial não a pode fazer.”
Portugal tem uma representação no BCE, portanto e uma vez que o Euro está efetivamente muito caro para a produtividade portuguesa, penso que podemos e deveriamos fazer pressão para a desvalorização do euro. Existem também vários outros países que seriam beneficiciados pela desvalorização do euro pelo que me parece que não estariamos sozinhos.
Obviamente que depois existem uma série de outras hipóteses híbridas do tipo dupla moeda, que poderiam permitir uma desvalorização (contudo muito mais arriscadas pois os efetos de uma dupla moeda seriam muito mais imprevisiveis).
“E seguir o exemplo do Japão que está metido numa alhada da qual não consegue sair…não sei…
Eu até concordo que nos podiamos endividar internamente e “reinvestirmo-nos” a nós proprios, mas isso com limites muito claros, não iremos cair também na Liquidity trap.”
Citei essa opção como mais um exemplo que foge do binomio cortar na despesa ou aumentar impostos. Longe de mim fazer a apologia da politica monetaria Japonesa, que penso ser um caso extremo, mas penso que beneficiariamos de uma maior fatia da poupança investida em divida publica. Obviamente que isso prejudicaria a capitalização da banca privada e penso ser por isso que não se avança por aí…
Rui, desvalorização cambial é praticamente o mesmo que baixar salários, tirando o facto de que com a diminuição de salários, o estado não confisca bens ao sector privado. Na desvalorização, confisca.
É impressionante como as pessoas defendem desvalorização cambial. É o mesmo que defenderem serem roubadas.
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O Brasil padece do mesmo mal que Portugal. Por aqui, SEMPRE optamos por aumento de impostos. Nunca em redução de despesas, quase sempre supérfluas. Não à toa o Brasil tem tido voos de galinha ao longo dessas últimas décadas. As escolhas feitas pela esquerda sempre privilegiam o aumento de impostos, sacrificando a economia e a população. É muito mais fácil para os governos aumentarem impostos do que controlar despesas. É realmente a opção pela ruína econômica a longo prazo.