Aos entusiasmados que por aí se vão regozijando com a ascensão do spin a estratégia oficial de comunicação do governo, armados (entre outras coisas) com o argumento de que – vejam! – os briefings do governo britânico são feitos integralmente em off, deixo somente duas notas e uma sugestão.
A primeira nota é de que Portugal não é Inglaterra, e de que a tentativa de tentar copiar as regras pelas quais se rege o funcionamento da relação do governo do Reino Unido com a imprensa é tão somente mais um reflexo do culto da carga que o provincianismo luso gosta tanto de professar. Além disso, a ambição de querer emular essa relação esbarra num outro grande problema: é que não basta somente querer para o conseguir. É preciso ter matéria prima, o que francamente olhando para este governo e para o seu historial em termos de comunicação, não parece abundar.
A segunda nota é para que ponham os olhinhos na imprensa inglesa, e na maneira como foram geridos os escândalos recentes ligados a figuras públicas, entre outros fragmentos do dia-a-dia político britânico. Se é aquilo que os defensores do modelo que parece estar a ser abraçado pelo governo antevêem como um sucesso comunicativo, e o paradigma de opinião pública informada de forma construtiva, fico bem esclarecido em relação a onde se quer chegar. Independentemente do facto de achar que este governo não duraria um mês debaixo da perseguição da tal imprensa inglesa, dificilmente tal me parecerá o paradigma de transparência e de informação do público.
Em terceiro lugar a sugestão: para os aprendizes de feiticeiro e devotos do spin (ou não), se ainda não viram, recomendo a visualização da série da BBC The Thick Of It, onde poderão ver o senhor que encabeça este artigo (uma personagem que consta foi inspirada no cão-de-fila de Tony Blair Alastair Campbell) a mostrar como se faz, entre os últimos dias dos trabalhistas e a ascensão dos conservadores e lib-dems. De bónus levam todo um novo repertório cheio de colorido do uso da língua de Shakespeare.
Fica a recomendação.
Lá está… é o defeito dos portugueses, sobretudo os que estão no topo, imitar os outros países, independentemente de se aplicar ou não ao nosso sistema. Depois? Bem… depois dá em m…