O meu artigo no Diário Económico de hoje, sobre a eventual saída do FMI da troika.
Se é certo que a saída do FMI do plano de ajustamento implica o fim da ‘troika’, o mesmo já não pressupõe que os nossos problemas tenham acabado. Eles existem e, por muito que a muitos custe aceitá-lo, sem a ajuda externa agravar-se-iam.
Se é certo que a saída do FMI do plano de ajustamento implica o fim da ‘troika’, o mesmo já não pressupõe que os nossos problemas tenham acabado. Eles existem e, por muito que a muitos custe aceitá-lo, sem a ajuda externa agravar-se-iam. Independentemente de quem esteja no plano de ajustamento, se o Estado português não se adaptar à nova realidade financeira, que é não ter dinheiro, e à nova realidade mundial, que é a Europa já não ser o centro do mundo, ficaremos mais pobres e num futuro nada risonho.
O que há a dizer é sempre o mesmo, pois continuamos à volta do assunto de sempre: ninguém investe numa economia endividada. Não investe a não ser que seja forçado a isso, como tentou Dilma Roussef com os empresários para comprarem a TAP que, por muito valor que tantos lhe querem atribuir, ninguém quer comprar. Uma economia endividada de pouco vale porque é uma realidade onde ninguém entra e de onde todos querem sair. Até o FMI. E a única forma de se dar a volta por cima, é cortando na despesa pública. Algo que pressupõe, não cortar apenas nos salários, mas em pensar muito bem que tipo de estado queremos. Como é que conseguimos ter um estado que não prejudique os cidadãos, mas verdadeiramente contribua para a segurança, administre a justiça e represente do país no estrangeiro.
Um dos grandes problemas deste ano de 2013 é que, enquanto milhões de pessoas estão a reorganizar as suas vidas, ora saindo do país, ora mudando as estratégias das suas empresas e alterando os seus comportamentos, com resultados que já estão à vista dos que começaram primeiro, a classe política continua a insistir na solução de sempre: evitar a todo o custo as reformas, esperando que a tempestade passe. Por isso, a dívida pública continua, a recessão acentua-se e o País vai-se entretendo a discutir se é bom ou mau, o FMI sair do país. É que para aquela instituição, como qualquer emigrante poderá confirmar, será excelente.
O que é que acha desta injecção de capital no Banif e que vai levar, novamente, o nosso deficit para valores pré-troika? E o que acha de parecer se justificar sempre dar dinheiro aos bancos mas nunca o fazer em relação aos salários e pensões das pessoas? Pergunto-lhe isto porque quero mesmo saber já que é uma pergunta que está na cabeça de quase toda a gente com quem falo.
A classe política não se orienta pelo princípio do bom senso, mas pelo princípio do controlo de danos colaterais no estrito plano eleitoral. Por isso é que o reformismo inadiável foi sempre adiado.
“O que é que acha desta injecção de capital no Banif e que vai levar, novamente, o nosso deficit para valores pré-troika?”
Vai? O que tem a injecção no BANIF a ver com o défice orçamental?
Você está a perguntar-me a mim? Eu não lhe sei responder. Porque é exactamente isso que eu gostava de saber, se tem ou não a ver. Segundo o Público, “Segundo as regras do Sistema Europeu de Contas (SEC) actualmente em vigor, uma injecção de capital como a que foi feita pelo Estado no Banif no início deste ano tem de ser registada como despesa, contribuindo por isso para uma deterioração do saldo orçamental. Esta deverá ser, com toda a probabilidade, a decisão que o INE irá publicar amanhã, quando divulgar os números do défice público nos primeiros três meses do ano.”
Como deve imaginar, isto ultrapassa o conhecimento do comum dos mortais.
Como é obvio um banco se não consegue capital dos seus accionistas ou novos e está insolvente então deve falir. Tal como outra empresa.
“uma injecção de capital como a que foi feita pelo Estado no Banif no início deste ano tem de ser registada como despesa”
A contabilidade pública é um mundo maravilhoso. Permite tomar despesa como inventimento e investimento com despesa