Braço de ferro

O meu artigo hoje no Diário Económico sobre a greve dos professores.

A Fenprof e o ministro da Educação, Nuno Crato, estão num braço de ferro devido à greve dos professores marcada para o dia do exame nacional de português. Em causa está a aplicação da mobilidade especial aos professores e o aumento das 35 para as 40 horas de trabalho semanais. No que toca à greve, há um fenómeno que o cidadão comum já deve ter reparado. Esta é uma forma de contestação social utilizada em sectores muito específicos: nos Transportes, na Saúde e na Educação. Pontos sensíveis para os cidadãos e que os sindicatos tomaram de assalto, em nome, dizem-nos, de direitos sociais que, bem analisados, são superiores aos auferidos pela maioria dos portugueses.

É considerando este facto que os sindicatos têm sido acusados de proteger mais regalias e privilégios, que os direitos, inerentes à dignidade humana, dos trabalhadores. São muitos os desempregados neste País, cidadãos sem qualquer protecção social, a quem os sindicatos pouco ligam. Os sindicatos, além do problema democrático que os atinge, aburguesaram-se e quando falam de direitos adquiridos, mais não se referem que a interesses instalados que prejudicam os que ficaram de fora.

A greve dos professores, prevista para o dia de um exame, é mais uma prova disso mesmo: uma greve para que os professores trabalhem menos que o resto da população e que prejudica essencialmente os alunos; aqueles que não têm meios para se defenderem dos seus efeitos nefastos.

Nuno Crato tem de vencer esta guerra. Nela está em causa, não só a sua manutenção no Governo, mas a razão de ser deste. O que o ministério pretende é indispensável para a viabilidade do sistema educativo e enquadra-se na missão do Governo que é a exequibilidade do Estado Social no seu todo. Se perder agora, o Governo perde tudo. Por isso, os sindicatos fazem finca-pé. Por isso, o Governo não pode ceder. O bem estar de um País passa por contas públicas ordenadas, mas também por sindicatos responsáveis, democráticos e legítimos.

6 pensamentos sobre “Braço de ferro

  1. Carlos Pacheco

    Toc Toc Toc “Os professores, na realidade, já trabalham 40 horas por semana”, Ministro Crato dixit.

  2. Nuno

    Os sindicatos não são mais que grupos enquistados que vivem à custa do orçamento mercê de monopólios legais e coercivos que lhes foram atribuídos. São tão ilegítimos como as negociatas de sucata, PPP e outras às costas do contribuinte. O Nogueira, por exemplo, é uma mistura de D. Corleone e Francisco Louçã: se não lhe pagarem o ‘protection money’, ele parte a loja toda e quiçá as pernas aos pais, alunos e contribuinte, sim, mas não sem antes (e depois) nos brindar com o sermão jacobino dos “direitos” e dos “trabalhadores”. Assim como que uma versão cínica e pseudo-operária do “paga e não bufas”.

  3. Não é a Fenprof, é a Fenprof e ou demais sindicatos. Nem é só o Nogueira. É ele e os outros. Haja rigor, sáchavor. E eu nem faço greve, quero que se f**** os professores do quadro e a sua mobilidade. Eu ando a contrato há dezoito anos, sempre de um lado para o outro, já tive de mudar a minha vida da minha rica Beira Baixa para o Oeste para ter a oportunidade de continuar a dar aulas. Agora estou no Oeste há oito anos e o que vejo no horizonte é a possibilidade de não voltar a dar aulas. Pois, provavelmente lá terei de mudar de profissão, mas o que me lixa é que gosto de fazer isto, gosto do ensino, creio que sou bom nisto e irrita-me ver tanto inútil instalado e que faz pouco ou nenhum enquanto outros como eu são postos a andar porque não há uma avaliação a sério, não há contratação com base no mérito, nada. Há treze ou catorze sindicatos que defendem os interesses de quem está instalado. Tomara eu que fossem as escolas a recrutar os professores (sem cunhas, evidentemente), que houvesse cheque-ensino, que pusessem a trabalhar quem está disposto a isso e corressem do ensino com uns milhares de gajos que estão lá a mais porque a antiguidade é um posto.

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