Depois de escrever o meu texto sobre o declínio da direita, o Rui Albuquerque escreveu um texto com uma posição contrária aos meus argumentos, apesar de não me mencionar no seu texto. Depois de ler o texto em questão optei por fazer alguns comentários que me parecem vitais em temas de filosofia política.
O Rui parece determinado em provar que o liberalismo clássico é uma ideologia de direita. Vale a pena lembrar que no meu texto eu não disse que este não era visto como de direita no actual momento. Perante a total rendição da direita ao liberalismo, o liberalismo clássico apresenta-se como uma forma menos igualitária do que o vigente liberalismo social. Mas, por todas as razões que expliquei no meu texto, é uma teoria com fortes elementos igualitários, anti-tradicionalistas e universalistas, que a afastam da direita tradicional. Uma coisa é certa, um liberal clássico no século XIX era de esquerda de caras. Foi a vitória da esquerda actual que os colocou na alegada “direita” sem que eles saíssem do mesmo lugar.
Seja como for, há pontos na argumentação do Rui que violam as bases consensuais da teoria política. O Rui alega que o que caracteriza a direita é o individualismo (por oposição ao que eu escrevi: que a direita é tradicionalmente anti-individualista, familista e tribal). Diz também que o indivíduo visto como parte de um colectivo é uma posição de esquerda. Nas palavras do Rui:
“Enquanto que a direita vê nele o indivíduo, a esquerda tem-no como cidadão. Nesta perspectiva, o homem é, para a direita, por si mesmo, sujeito e objecto de direitos face ao poder político, enquanto que, para a esquerda, ele existe essencialmente na sua relação com a coisa pública”
Obviamente, é possível subverter as bases da teoria política para colocar o liberalismo na direita, mas basta abrir uma enciclopédia para encontrar a definição básica de conservadorismo. Da Encyclopedia Brittanica:
“Conservatism, political doctrine that emphasizes the value of traditional institutions and practices.
Conservatism is a preference for the historically inherited rather than the abstract and ideal. This preference has traditionally rested on an organic conception of society -that is, on the belief that society is not merely a loose collection of individuals but a living organism comprising closely connected, interdependent members.”
O conservadorismo é tribal e comunitário, considera as tradições locais e particulares acima do indivíduo. E, claro, a não ser que achemos que o conservadorismo é de esquerda, a lógica “a direita vê o indivíduo antes do colectivo” não é válida.
O Rui escreve que “para a esquerda o homem nunca é, por si só, suficiente”. Podemos aceitar perfeitamente esta definição. Porém, à direita, aquilo que a esquerda pode chamar de cidadão, a direita tradicional chama de “pertença” (membership). Como diria Roger Scruton, que talvez, quem sabe, seja um “colectivista de esquerda”, todos nós precisamos de pertencer a um grupo para nos identificarmos e lutarmos juntos por objectivos; que a felicidade passa por essa submersão do eu num colectivo maior que nós.
Assim, é muito claro que a direita tradicional também não vê o homem como suficiente por si só. E nem precisamos de recorrer a teorias Hobbesianas para o verificar.
Depois há a questão da dominação e alteração do social pela via do poder. O Rui escreve:
“A esquerda entende que o “mundo” pode ser transformado por golpes de vontade e é o resultado de forças inteligentes e direccionadas.”
Aqui eu tendo a concordar parcialmente. A esquerda tende a preferir a ruptura porque num mundo onde a igualdade é uma utopia, é sempre preciso mudar algo mais. Onde eu discordo é que esta seja a única a agir com via a transformar o social. Todos os governos, da esquerda à direita, tentam gerir a sociedade no seu sentido, usando retórica, propaganda, valores ou espiritualidade. As elites, para o bem ou para o mal, lideram e modelam as massas. Mas mais, o mundo pode facto ser transformado com golpes de vontade das elites. Se à esquerda temos exemplos como a Escola de Frankfurt, à direita temos os conservadores/nacionalistas judeus que visualizaram e criaram um etno-Estado para o seu povo. Nietzsche, que é insuspeito de ser de esquerda, sabia bem que o mundo é transformado por “golpes de vontade” (the will to power) dos homens com grandes capacidades.
Por fim, o Rui escreve que a direita existe quando existem direitos negativos (universais e igualitários, suponho) protegidos por uma constituição liberal. Nas palavras dele:
“Os direitos naturais do indivíduo à liberdade e à propriedade, isto é, os direitos negativos sobre os quais o estado não poderá nunca dispor, reconhecidos por via da Constituição ou de outros instrumentos normativos que o protejam perante o poder público, é marca da direita.”
Com isto, (e em forma de caricatura) somos obrigados a concluir que a civilização ocidental viveu em esquerdismo durante milénios até que o constitucionalismo liberal foi inventado pelos pensadores do iluminismo. Os gregos clássicos, que na sua polis tinham um noção política tribal, distinguindo perfeitamente os cidadãos dos escravos, eram portanto esquerdistas. Esquerdistas estes que continuaram pelas monarquias divinas durante séculos até que se inventou o constitucionalismo liberal. É caso para dizer que a civilização ocidental foi inventada e vivida pela esquerda; isto claro, se aceitarmos que a marca da direita são direitos naturais à liberdade e propriedade pela via constitucional.
A meu ver, a distinção que ofereci de direita e esquerda no meu texto anterior continua a ser a distinção fundamental desta divisão. Tenho agora o prazer único de me citar; escrevi:
“Se há algo que difere a esquerda da direita é a perspectiva moral com que encaram a igualdade e a desigualdade. Enquanto que a esquerda faz do igualitarismo um deus intocável, um bem moral último, a direita vê a desigualdade humana como natural e respeitante da ordem humana e daí deriva a sua força moral positiva. Por outras palavras, a direita idealiza a qualidade (que implica desigualdade) e a esquerda idealiza a igualdade.”
Se a direita idealiza a qualidade, essa qualidade significa hierarquia; não só entre indivíduos, mas igualmente entre grupos.
Isto tudo, claro, para dizer que o que define a direita não poderá ser o seu individualismo moral e muito menos o liberalismo constitucional.
Leitura complementar: Roger Scruton: How to be a Non-Liberal, Anti-Socialist Conservative.
PS: Percebo que a minha posição seja anátema para muitos neste blogue, porém, eu sou da opinião de que quando algo não está a funcionar é preciso mudar e perceber as “causas da doença”. É assim que se vencem determinadas lutas e é a obrigação daqueles que percebem os problemas articulá-los perante a sua comunidade. Sei também que as comunidades sobrevivem à volta de certos axiomas e que se tornam colectivamente antagonistas quando esses axiomas são questionados. Se for esse o caso, então a parte mais fraca é o dissidente e não a comunidade. Isto é algo que temos de aceitar como uma evidência humana. Por isso, novas comunidades se formam.
os únicos que se entendem são os tradicionalistas e os anarquistas, a mesma aversão pela constituição [o “Livro” que substituiu a bíblia para entregar o poder absoluto à política] 🙂
a direita se mais nada, devia ter aversão intrínseca à vontade geral, o facto é que parece ter perdido tal coisa, já nem na memória, hoje não faz outra coisa que a promover e legitimar.
Escreveu o que eu gostaria de ter escrito. De facto algumas pessoas neste blogue consideram que o mundo viveu preso ao “socialismo” quase desde a sua origem até ao século XIX. O conceito de “Socialismo” tornou-se aqui numa obsessão permanente para desvalorizar tudo o que não seja a via estreita dessa “liberdade” que conduziu às oligarquias e aos monopólios. O individualismo extremo é também conceito conveniente para as famílias ao estilo Rothschild – conservadoras, claro está – que não querem outros grupos de gente organizada e solidária a rivalizar consigo.
A natureza do tema nos EUA é outro, mas o confronto entre paleos/tradicionalistas e nova versão republicana e os neocons também ajuda.
No The American Conservative – who we are [é preciso ter em conta que os EUA nasce numa deriva meio anárquica [e isto quer dizer cada comunidade que fugia da Europa podia praticar o seu conservadorismo], essa é a sua excepção]:
“Americans didn’t always think of themselves as conservatives. Our country has a revolutionary history, after all, and for much of the 19th century Americans could fairly have been described as classical liberals. “Conservative” was a label for the backward and authoritarian, the most hidebound elements of Old Europe. As late as July 1950, a witness reported of a man causing a public disturbance, ”He was using abusive and obscene language, calling people Conservatives and all that.”
A people only begins to discover conservatism when it becomes aware of something it has lost. By the mid-20th century, Americans knew they had lost their independence from the wars and intrigues of the Old World, and they increasingly felt the loss of the habits that had defined their form of self-government. Now America was a nation of big business and even bigger government. It was perpetually armed for war, and to finance the armaments and the bigness of everything required tremendous economic stimulus – growth at all costs, whether following the formulas of John Maynard Keynes or those of his neoliberal opponents.
The themes that run through the works of the first prominent figures to call themselves conservatives — thinkers such as Russell Kirk, Peter Viereck, and Robert Nisbet — are peace, community (which means self-government was well as civil society), and fiscal restraint. Today, many politicians and pundits who call themselves conservatives seem to stand for something else: war, every man for himself, and endless deficits and debt.(…)
Thus the principle conservative values of peace, community, and economic responsibility came to be lost amid wars and rumors of wars, military Keynesianism and promises of perpetual, debt-fueled growth.
The original conservatives—and some of their libertarian and even liberal friends, those who were more conservative than they knew—had it right. Today the country pays the price for the left-wing ideologies that ran rampant in the 20th century and the right-wing, but not conservative, reaction that has only exacerbated the destruction wrought by the left. To solve the country’s seemingly intractable—and, in the long-term, lethal—strategic, economic, and socio-cultural problems requires a rediscovery of traditional conservatism.
That’s the mission of The American Conservative.
O verdadeiro conhecimento começa na correcta definição dos conceitos.
Os posts do Rui A. são claramente polítizados, classificando erradamente alguns conceitos clássicos, que FF tão bem explica. Insisto: google o Diagrama de Nolan, e a Wikipedia também ajuda.
Esperava melhor do Rui A., mas aprecio a liberdade individual que é permitida no Insurgente, ao ponto de termos um Insurgentes a diferir em público.
Errata: “… uns Insurgentes a divergir em público”.
Eu não sou contra a IGUALDADE.
Muito contrário sou a seu favor na verdade.
Só que não a igualdade de resultados, mas a de oportunidades!
7 – Isso só comprovaria que o RCM está numa posição intermédia entre a esquerda “pura e dura” (igualdade de resultados) e a direita “pura e dura” (hierarquia rigida em que cada um fica no seu lugar).
“à direita temos os conservadores/nacionalistas judeus que visualizaram e criaram um etno-Estado para o seu povo”
Isto é um pormenor que em nada afecta o essencial do post do FF, mas quem foram esses direitistas judeus que criaram um etno-estado para o seu povo? Sim, houve o Jabotinsky, o Shamir, o Abraham Stern, o Begin, etc., mas a criação desse etno-estado foi essencialmente o produto de Ben Gurion, Golda Meir, Yigal Allon, Moshe Dayan, etc. – não deixa de ser revelador que a “direita sionista” só começou a ganhar força quando se tratou de defender uma sociedade já criada em vez de a criar de raiz.
Filipe Faria,
Nesta, tal como noutras ocasiões, encontro textos seus aqui neste blogue que sugerem um desejo de reflexão teórica sobre o discurso ideológico; neste caso sobre a relação entre formas ideológicas de liberalismo e a dicotomia “direita-esquerda”. Li com interesse o seu texto, e, embora a questão concreta que coloca tenha para mim um interesse relativamente diminuto –tal não será certamente o caso da generalidade dos autores e leitores desta página– entendi deixar-lhe aqui um reparo, que tem uma incidência “oblíqua” sobre a forma e conteúdo do seu texto.
Antes disso queria deixar claro que, tal como argumentou, tomar a dicotomia “individualismo-colectivismo” como sendo colinear com a dicotomia “esquerda-direita” é um erro grosseiro de interpretação; um erro, aliás, tão habitual no discurso corrente que nem vale a pena tentar contrariar (conte o número de ocasiões em que é utilizada a expressão incongruente “socialismo de direita” para descrever formas de colectivismo que surgem à direita, designadamente certas posições conservadoras e anti-liberais radicadas na ideologia da democracia cristã).
Passo então ao reparo central: tal como em situações anteriores, o seu aparente desejo de reflexão teórica sobre matéria ideológica não é inteiramente bem sucedido e acaba por produzir um texto que não transcende a dimensão ideológica do seu objecto.
Uma consequência disto é a sua referência “semi-correcta” a Nietzsche: diz, e bem, que Nietzsche é “insuspeito de ser de esquerda”. No entanto, isso não faz de Nietzsche uma voz “de direita” pela pura e simples razão que Nietzsche não era um ideólogo –não uso o termo no sentido historicamente rigoroso que o seu “oponente” Rui Albuquerque saberá certamente identificar como uma corrente de opinião política no contexto pós-revolucionário francês. Nietzsche produziu um discurso genuinamente filosófico que, naturalmente, não era nem de direita nem de esquerda. Esse discurso nietzscheano, descreve-o como uma forma de voluntarismo (fala em “golpes de vontade”. Não é verdade: a filosofia de Nietzsche, a merecer algum descritivo sucinto, será o termo “perspectivismo”, uma vez que as forças em permanente confronto pela supremacia não são (necessariamente) forças pessoais, nem correspondem às simplificações grosseiras subsequente de grupos dotados de uma identidade política.
Uma das consequências da confusão entre “níveis de análise” (ideológico, teórico e filosófico) é a incapacidade de compreender a forma como as teses de Nietzsche se tornaram a partir da década de 60 muito mais influentes em certas teorizações políticas que inequivocamente são de esquerda (e.g., Foucault). O mesmo que digo sobre a influência contemporânea de Nietzsche à esquerda poderia ser dito sobre Carl Schmitt ou sobre Heidegger (cortesia de Arendt).
Feito este reparo, o seu texto é mais acertado no diagnóstico do que a generalidade das outras tentativas de teorização que vou encontrando nos (poucos) blogues que acompanho regularmente, de resto um formato “ingrato” para este género de exercício.
Eu acrescentaria alguma coisa:
A direita não é, realmente individualista. Os indivíduos agrupam-se naturalmente, segundo interesses comuns.
Interesses religiosos, económicos, clubísticos, partidários.
Claro que, neste processo, nem todos podem pertencer aos grupos que lhes interessam, ficando por vezes excluídos dos mesmos pois, cada grupo acaba por impor as suas regras. Mas, mesmo aqui, o grupo dos excluídos pode se juntar e tentar impor a sua presença social.
A esquerda pretende não ser individualista e, para isso impõe o agrupamento, mesmo que os indivíduos não se interessem por ele (e até o recusem).
Qual é a diferença básica? A liberdade.
Muito bem argumentado e escrito Filipe. Nesta discussão, e até apresentação de melhores argumentos estou contigo. Resta dizer que estava à partida.
Não creio que se possa fazer qualquer distinção entre “esquerda” ou “direita” tão simplesmente porque essas duas categorias não têm nenhum significado conceptual que possa separar uma da outra sem qualquer margem de erro. Embora as categorias possam existir num domínio etéreo ou filosófico a verdade é que não existe qualquer correspondência com a realidade fáctica. As práticas discursivas valem o que valem e não me parece razoável presumir que as ideias se têm obrigatoriamente de encaixar nas concepções flutuantes da retórica política!
Prezado Filipe,
Eu não escrevi o meu texto para contraditar o seu. Tenho o maior respeito pelos seus pontos de vista, mas o meu texto já estava meio escrito quando o seu ontem foi publicado, como, aliás, lhe assinalei no comentário pessoal que lhe dirigi. Só por essa razão o não referi, nem citei, porque, muito francamente, o meu objectivo era expor o que penso sobre o assunto e não contrariá-lo a si. Espero que não tenha levado a mal.
Caro Rui,
Estou consciente que não escreveu o seu texto para contrariar o meu (independentemente de ter sido influenciado por ele ou não). A minha resposta foi no sentido de clarificar aquilo que considero que são “problemas” conceptuais na direita e que considero que a prejudicam indubitavelmente. Eu respeito as posições liberais e, a espaços, percebo a sua pertinência, mas como tentei mostrar, o liberalismo clássico está longe de se poder considerar uma filosofia de direita (tout court)… apenas com muita absorção de valores igualitários (esquerda) e condescendência para com eles consigo conceber o liberalismo como tal. De resto, não levei a mal de todo e acho saudável que estas discussões se mantenham. Infelizmente, devido ao trabalho, nem sempre tenho o tempo para participar nelas.
Um abraço,
Filipe
Parece-me que esta discussão tende a ser sobre se uma pessoa de direita é conservadora ou liberal. Ora, parece-me que existem ambas, isto é, direita liberal e direita conservadora. Parece-me ainda que há uma inquinação da discussão ao revisitar o passado e diagnosticá-lo com os padrões de hoje. O conservadorismo nasceu com o advento do liberalismo, tal como a direita nasceu com o advento do marxismo. Tentar colar esses epítetos a épocas anteriores é abusivo, na minha opinião (ainda que sejam especulações interessantes de fazer). Eu entendo que, hoje em dia, a direita conservadora é aquela que postula uma intervenção forte do estado na sociedade, apostando em instituições definidoras de uma alma colectiva, enquanto a direita liberal é aquela que entende que o estado não deve conformar nem aperfeiçoar a sociedade, apenas menorizando os abusos da livre actuação dos indivíduos. Finalmente, é verdade que os indivíduos, em regra, completam-se quando inseridos num colectivo. A diferença é que, para um liberal, esse colectivo deve ser da iniciativa dos indivíduos, num modelo para-estadual ou associativo, e não da iniciativa de uma entidade suprema que define as regras e ideias do colectivo. Julgo que acaba por ser um bocado como o estado laico e o estado laicista. Um liberal pode ser católico, mas entender que isso não deve ser doutrina do estado, enquanto um conservador tende a ver que algo como a religião é fulcral para a agregação e a ideia de nação.
“tal como a direita nasceu com o advento do marxismo.”
Hum, não – a direita (ou pelo menos o hábito de chamar “direita” a uma corrente politica especifica) nasceu com a Revolução Francesa (na Constituinte, os deputados que defendiam mais poder para o rei a dada altura começaram a sentar-se à direita e os que defendiam mais poder para o parlamento à esquerda).
Essa questão não é irrelevante – definir a fundação da direita na (contra a) Revolução Francesa ou no (contra o) advento do marxismo muda bastante a resposta à questão “o liberalismo clássico era de direita ou de esquerda?”, que me parece ser o tema desta série de posts
Miguel Madeira, por favor explicite o conceito de igualdade de oportunidades. Eu não consigo obter uma definição de “igualdade de oportunidades” que não seja igualdade de resultados em termos estatísticos para grupos obtidos de forma aleatória. É este o seu conceito, ou qual é a sua definição?
Não é o Miguel, verifico que quem se afirmou a favor da igualdade de oportunidades foi o RCM, pelo que sendo assim suponho que seja a ele que deva endereçar a pergunta.
“(…) Todos os governos, da esquerda à direita, tentam gerir a sociedade no seu sentido, usando retórica, propaganda, valores ou espiritualidade. As elites, para o bem ou para o mal, lideram e modelam as massas.(…)”
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Sem dúvida! É por isso que eu sou libertário.
Reblogged this on Filipe Celeti and commented:
Tréplica do Filipe Faria ao Rui Albuquerque sobre temática importantíssima à filosofia política.
Recomendo a leitura dos textos linkados no parágrafo inicial para melhor compreensão do debate sobre os termos: Direita, Esquerda e Liberalismo.
Eu tenho uma teoria alternativa sobre Esquerda e Direita: http://ideasforarevolution.wordpress.com/2012/05/09/sobre-a-esquerda-e-a-direita/
E se pensarem a coisa noutros termos, que não apenas a duas dimensões.
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– Uma Esquerda, uma Direita, uma Frente. Um Atrás. Uma espécie de Rosa dos ventos das ideias politicas. Era mais fácil e logravam acabar com discussão eterna
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E assim o FF identificar-se-ia com o Atrás a fugir para a Direita e o RUI A, com a Frente a fugir para a Direita.Ambos no mesmo eixo vertical, mas com intensidades diferentes. Não havia discussão e cada um seguia o seu caminho.
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Anyway, as minhas simpatias vão para o modelo Tri-Dimensional das ideias politicas.
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Nem sou de Esquerda, nem de Direita, nem da Frente, nem de Atrás.identifico-me com o lado de CIma, sobreposto com a da Frente a fugir para a Direita. Portanto se me perguntarem se sou de Esquerda ou de Direita, respondo que a minha simpatia vai para Cima da Direita… sempre pelo lado da Frente.
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Ricciardi (Rb)
Pingback: “r-i-g-o-r-o-s-a-m-e-n-t-e a-o c-e-n-t-r-o” | O Insurgente
Caro Filipe Faria,
Parabéns pelo texto!
De facto mete-me um bocado de confusão equacionar a direita com o individualismo, quando esta não é individualista de maneira nenhuma. É familiar, bairrista e nacionalista (no acepção original do termo e não deturpada pelos nacionalismos resultantes das correntes modernistas da primeira metade do século passado), banha-se na identificação da pessoa no grupo, diferindo da esquerda na ideia da homogeneidade social (i.e. à direita, uma hierarquização social é não só natural, como saudável – para a esquerda nem um nem outro).
Não sei até que ponto é que a ideia de direita e esquerda se deturpou com a influência norte-americana na questão. Os EUA são um país recente e diferente em termos organizacionais, pelo que a concepção continental de Esquerda-Direita não encaixa (é interessante verificar que, no Reino Unido, até à Tatcher, isso não ocorria, sendo a política mais similar ao modelo europeu continental). Mas devem ser vistos como tal, como uma anormalidade, e não tomado por referência. Exemplos há muitos, mas basta um: a Direita não considera o enriquecimento (ou a procura deste) com um fim nobre, despreza os banqueiros e desconfia de “self-made men”. O dinheiro serve para alimentar um modo de vida – se quiser, quase numa concepção Aristoteliana de “boa vida” – e não como fim em si mesmo. Pelo facto de ganhar muito dinheiro isso não o torna uma pessoa melhor – já, por outro lado, ter uma educação esmerada, sim.
Actualmente, não existe propriamente uma “Direita” no sentido clássico. O mais perto que se encontra em termos de idelogia política será uma versão “amenizada” do Comunitarismo.
11 – “Qual é a diferença básica? A liberdade.”
Não – os grupos que a direita tradicional defende (ou defendia) eram largamente não-voluntários: o individuo não escolhia pertencer à nobreza ou ao terceiro estado, p.ex. Pertencia ao grupo a que pertencia, ponto.
Mesmo hoje em dia, p.ex., veja-se o caso da imigração. Há primeira vistam o Gonçalo pode dizer que isso confirma o seu argumento – as politicas restritivas da imigração defendidas por muita direita são simplesmente um exemplo de que “nem todos podem pertencer aos grupos que lhes interessam, ficando por vezes excluídos dos mesmos pois, cada grupo acaba por impor as suas regras.” Mas uma lei anti-imigração significa que 51% dos membros de uma comunidade nacional estão a impedir os outros 49% de se associarem com imigrantes, mesmo que eles o queiram.