Vi ontem a entrevista do ex-primeiro ministro de Portugal, José Sócrates, pelo site da RTP, e ao vê-lo e ouvi-lo tive a mesma impressão exposta neste texto do JPC. E fiquei assustado com o elevado grau de ressentimento exibido pelo ex-PM.
Tendo morado em Lisboa (2007-2009), pude acompanhar uma parte do governo (sic) Sócrates e o desastroso ambiente político e econômico que ele criou.
Como futuro comentarista da RTP, poderá moldar a história de seu governo a seu favor, e não será surpresa que consiga convencer uma parte da sociedade portuguesa de que, afinal, ele não é tão ruim quanto o atual primeiro-ministro Passos Coelho, e assim se oferecer de forma mais ou menos explícita como a melhor escolha para Portugal.
Não é novidade na história um político se aproveitar da terra devastada para voltar ao poder; e não é novidade que a sociedade escolha politicamente aquele que parece o menos pior, mesmo que o aparentemente menos pior tenha sido um dos piores.
… e o povo português ainda é o povo português.
Sócrates lembra aqueles lideres dos países do 3º mundo, para os quais o “mundo civilizado” olha de soslasio, por saber que o apoio popular de que beneficiam se baseia, em larga medida, em charlatanismo.
Isto só funciona em democracias débeis e sociedades com um longo caminho a percorrer em termos de cultura democrática e cidadania. A entrevista de ontem e alguns comentários que hoje se ouvem “no café”, só veio recordar que Portugal se econtra mais perto de uma dessas sociedades, do que com as dos países do centro e norte da Europa (com quem nos gostamos de comparar…).
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/03/sobre-as-peticoes-manifestacoes-e.html
Dá a sensação que é unânime a ideia de que sócrates mentiu ao dizer que não tem planos.
“Voltou a boa moeda igual a si próprio
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A “boa moeda.” Criaram-no, agora aturem-no. Gostam, alguns, muito de dizer que José Sócrates foi lançado para Primeiro-Ministro nos debates que mantivemos, em 2002 e 2003. Percebo a ideia, mas não foi. Sócrates ganhou e “reinou” porque viveu em lua de mel com muitos centros de poder em Portugal.
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Muitos, a começar pelo próprio Presidente da República – mas não só – andaram embevecidos com José Sócrates, nos primeiros anos da sua governação. Agora já odeiam, não gostam ou estão afastados. Pois, mas andaram com o “menino de oiro” “ao colo”.
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A Vida, muitas vezes, é assim. Durante anos, ele usou comigo e com o meu Governo a manipulação em que é exímio e a que recorreu, abundantemente, na quarta-feira à noite na RTP. A começar pela burla do tal défice de 6,83% em 2005 que é dele e de mais ninguém.
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Na altura, quase todos colaboraram com essa impostorice. O silêncio de Seguro em relação a Sócrates, tive-o eu de Marques Mendes, quando me sucedeu na liderança do PSD.
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Agora, muitos mais se irritam com as engenhosas construções do ex-Primeiro-Ministro? Custou ouvi-lo a falar de deslealdades quando foi o primeiro a romper a solidariedade institucional? Pois é! Pois não é agradável…
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Anteontem, Cavaco Silva, Teixeira dos Santos, Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite, António José Seguro, António Costa, entre outros, por diferentes razões, terão experimentado – em maior ou menor grau, consoante os casos – uma sensação muito desagradável.
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Eu conheço a sensação. Sei o que se sente quando apetece estar lá na vez de quem tem José Sócrates pela frente para o desmentir e dizer a verdade. Pois! É que, se não for na hora, já não é igual. E a mensagem passa até porque é repetida muitas vezes.
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Não disse verdades? Disse, algumas e uma ou duas significativas. E disse-as com força e com desassombro, igual a si próprio. Eu sempre lhe reconheci qualidades, nunca o menosprezei. Mas nunca estive do lado dele, nunca o apoiei, sempre o combati. A diferença é essa.
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Porreiro, pá!”
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http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/voltou-a-boa-moeda-igual-a-si-proprio