De resto, até não é impossível que as condições do confisco cipriota venham a ser alteradas, com uma taxa inferior – 3% – para os aforradores com depósitos abaixo dos 100.000 euros e uma taxa de 12% para os depósitos acima desse valor.
Ao fim do dia, como diz Ricardo Saramago, «num sistema monetário fiduciário o colapso da confiança dos depositantes significa o colapso da moeda. O dinheiro é confiança. Só existe porque há confiança. Desaparecida a confiança não passa de papel e bits de computador. Nenhuma economia resiste ao colapso da moeda.»
Eu não gostaria de estar na pele dos políticos cipriotas…pois um default interno só se faz depois de um default externo. O problema é que neste caso, se se tivesse optado pela alternativa justa, segurando os depositantes e não os credores séniores dos bancos cipriotas, o Estado teria de suportar a carteira de depósitos nos bancos e, sem o apoio da zona euro, só o conseguiria fazer fora do euro.
Enfim, mais um episódio de uma agenda de dominação que em Bruxelas se prossegue em prol de um projecto falhado, o euro. A auto-determinação dos povos na Europa, nomeadamente no sul da Europa, é cada vez mais um mito. E, assim sendo, isto só pode acabar mal…
“isto só pode acabar mal…”
Está a acabar mal. A partir daqui só pode piorar.
E, se temos um Primeiro Ministro e um Ministro das Finanças sem perceberem nada do que está a acontecer, temos e isso assusta ainda mais, um líder da oposição totalmente irrealista que vem agora pedir para avançarmos para uma federação!
“temos um Primeiro Ministro e um Ministro das Finanças sem perceberem nada do que está a acontecer”
Não tenho nada contra o facto de você pensar assim.
O que me assunta é que entro num café e constato que toda a gente sabe como é que é preciso fazer.
É tudo fácil. É quase um problema de duas variáveis: baixa-se o IVA dos restaurantes e os clientes enchem logo o estabelecimento.
E com os tudólogos encartados é a mesma coisa.
Isto só não vai acabar mal porque já acabou mal há muito tempo. Nós é que fazemos de conta que não sabemos.
O problema é que agora não há empréstimos para disfarçar.
“O dinheiro é confiança. Só existe porque há confiança”
Exacto. Como dizia um amigo meu em tempos, a moeda fiduciária é na fidúcia ou confiança. Contrariamente ao papel onde é impresso que é relativamente abundante a confiança é um bem escasso. E quando acaba não há impressoras que nos valham.
O mundo ao contrário: esta “Europa” e este “Euro”.
A relação Banco / Depositante tem por base uma hierarquia de confiança.
Assim, aceitar o édito Troiko/Europeu seria, será?, o fim do sistema bancário. Repare-se:
Em caso de erros na administração de um Banco, as perdas bancárias têm que ser sustentadas , em primeirissima mão, pelos accionistas.
Seguidamente, indubitavelmente, pelos depósitos de Alto Risco, e por isso bem remunerados.
Seguir-se-iam perdas nos de mais baixo risco/remuneração.
Por fim, mas cobertos pelos respectivos Estados e pela “Europa!”, em maior ou menor grau, os depósitos simples, sem remuneração.
O que assistimos em Chipre, é o mundo da hierarquia bancária nacional ao contrário. Só ouvimos falar como critério, já de si um abuso, independetemente do tipo de depósito, acima defenido, que todos são cega, e igualmente, esbulhados para esconder o passe de mágica da finança/governo que é transformar papeis impressos, com uma lengalenga qualquer, em valor real colectável pelos mágicos!!!.
Os accionistas?. Os maus -ou boms, depende do ponte de vista- administradores do Banco?. Provavelmente já levaram merecidos dividendos e prémios … com o assentimentos do Governo e do Governador do Banco Nacional.
Aonde é que já vimos esta história? …
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