Assim recomeça a colaboração regular do Prof José Manuel Moreira com o Diário Económico
Sabemos que a primeira denominação do Estado social foi Estado Providência: traduzindo bem a vontade de substituir a Providência por um ente neutral capaz de controlar e eliminar a fortuna ou o azar. Daí que a sua evolução tenha ido a par do definhamento da virtude e da moralidade, com a consequente entrega da responsabilidade pessoal ao Estado e à sua burocracia. O que facilitou a nossa renúncia à liberdade e o crescimento da tirania da opinião pública fabricada pelos partidos e por políticos cada vez mais medíocres que ajudaram a transformar a política numa profissão dependente do Estado fiscal. Ou não fosse o orçamento, como diria Schumpeter, o esqueleto da política despojada de ideologias enganadoras, incluindo a que segrega o próprio Estado. Um monstro que cresceu à custa da sociedade e que na Europa está em vias de destruir as classes médias que foram o cerne do seu histórico papel universal.
Resta a alegada criação pelo fisco do sorteio das faturas. Seria o enterro simbólico e carnavalesco do Estado social: criado para eliminar a fortuna acabaria a jogar com ela.