“No Público de ontem, relativamente ao relatório do FMI, e na parte concernente à educação, aparecia uma peça da jornalista Graça Barbosa Ribeiro com o título: “Educação – Ideia de mobilidade especial para 50 mil provocou lágrimas nas escolas”. (…) O documento, encomendado pelo Governo ao FMI, visa a discussão pública, e supostamente racional, da reforma do Estado. Mas, como é que eu posso ter uma discussão racional com pessoas a chorar e assustadas?”, Por Pedro Arroja.
Eu insisto na minha: enquanto as pessoas não vislumbrarem a alternativa, na forma de um sector privado em franco crescimento, não arriscarão um milímetro. Pelo contrário, tornar-se-ão cada vez mais temerosas, e cada vez mais resistentes à mudança.
“A democracia nunca vingará em Portugal. A sua cultura não oferece condições para o debate público e racional. É tudo emoções, tudo feminino. A democracia é para culturas masculinas.” (Pedro Arroja)
Culturas masculinas e femininas?!
O Insurgente sempre ao lado do obscurantismo.
Não falem mal desses coitadinhos. Ainda hoje vi professores cansados… de acompanhar os miúdos e fazê-las cantar as janeiras. Ou achavam que o café das14h às 18h30 era todos os dias?
Caro Comunista, obscurantismo? Já ouviu falar de Hofstede?
Culturas femininas e masculinas, caro Pedro, é matéria do obscurantismo.
Ele define à partida o que é masculino e feminino e depois simplesmente qualifica o que é feminino e masculino consoante a definição que lhes atribuiu de início. Não tem valor algum uma vez que é uma definição arbitrária que pode ser substituída por outra qualquer desde que se mantenha a mesmo objectivo. É a mesma coisa se em vez de masculino e feminimo preferirmos dizer lunares ou solares, marcianos ou venusianos (afinal os homens são de marte e as mulheres são de vénus).
Hofsted diz que as culturas masculinas são orientadas pela prevalência da individualidade e as femininas pela prevalência da relação; ora, tanto faz se dissermos que as culturas filhas do deus sol são orientadas pela individualidade e as filhas da deusa lua pelo relacionamento. E ainda em vez de masculino e feminino poder-se-ia também dizer Y e X. As culturas Y preferem a individualidade e as culturas X preferem o relacionamento.
Eu não acho que seja boa ideia despedir professores. A não ser que estes sejam incompetentes e faltem muito. Aulas pequenas funcionam melhor do que aulas grandes, especialmente em escolas problemáticas. Queiramos ou não, a escola tem um papel social a desempenhar. O que seria bom era se os professores estivessem preparados para baixar os salários em 15% (por exemplo, ficar sem os dois subsídos) em vez de serem despedidos 10 a 20%.
Tem piada que sempre que se fala em educação, a conversa em Portugal começa nos professores e acaba nos professores. Aquelas coisas que lá andam (como é que se chamam?), ahhh é isso, os alunos, são sempre deixados da parte de fora.
Continua tudo muito preocupado com o acessório.
Também tem piada como a direita sempre foi contra uma pedagogia centrada no aluno, aquela a que chamou eduquês; ou seja, por um lado critica a pedagogia centrada no professor e por outro a pedagogia centrada no aluno; mas mais do que isto, critica cada uma pela oposição da outra – à pedagogia centrada no aluno responde com a necessidade de reforçar a autoridade do professor mas se os professores quiserem reforçar a sua autoridade a direita falará de professores que não se interessam pelos alunos.
Depois é capaz de dizer que as famílias é que sabem o que é melhor, embora, ao mesmo tempo, possa depois falar de famílias que sabem melhor o que é bom para os seus filhos e famílias que sabem pior; a diferença entre umas e outras depende de serem de direita ou esquerda, ou seja, as famílias de direita são as que sabem o que é bom para os seus filhos e as famílias de esquerda as que são contra o bem estar dos seus filhos; do que resulta enfim, que a direita é que sabe o que é bom. Mas isto é simplesmente a posição de princípio do que é ser de direita e portanto ao fim de contas apesar de se tomar como de posse de algum princípio válido para todos acontece apenas uma afirmação do que já está decidido de início para a direita – que para vocês a direita é melhor do que a esquerda. Mas isto já é de esperar. Não acrescenta nada. Ou seja, bem espremidinho dá pouco sumo.
“Ou seja, bem espremidinho dá pouco sumo” – aliás, como o seu comentário.
“Continua tudo muito preocupado com o acessório.”
É no “acessório” que está a força política.
“Eu insisto na minha: enquanto as pessoas não vislumbrarem a alternativa, na forma de um sector privado em franco crescimento, não arriscarão um milímetro. ”
Precisamente. de que se está à espera para passar a maior parte da propriedade do Estado, Por ex: ANA, TAP, RTP,etc etc Hospitais, Escolas para as mãos das pessoas?
Uma Privatização a sério, daquelas que não são dinheiro para os políticos e que lhes tiram poder e daquelas que acabam com monopólios.
Você tem toda a razão. Ninguem vai querer arriscar um milimetro para saír do miseravel conforto da Função Pública enquanto não vir os vizinhos e familiares a “encher o papo” na privada. E isso não vai acontecer nunca com o nível de impostos e já agora de burocracia que os portugueses sofrem agora. Proclama-se que estamos a fazer sacrifícios para podermos voltar aos mercados. Mas voltar aos mercados para quê se com este sistema ninguém quer investir? Quem quer ir aos mercados é o governo e a mafia dos partidos para poderem continuar a gastar à tripa forra à pala do futuro. Eles não são inocentes. Sabem muito bem que o keynesianismo não funciona. Mas funciona para eles, que é o que interessa.
Aí vem o terrorismo emocional em força. Ao ler a descrição das reacções dos senhores professores dir-se-ia que estavam a ler uma qualquer ordem de transferência para um campo de concentração. Todos os argumentos são válidos para continuarem a viver à custa dos contribuintes (em sentido estrito).