“Tomar consciência” de Pedro Braz Teixeira (i)
Desde o início da democracia que o nosso país se encontrou já três vezes em situação de pré-bancarrota, em 1978, 1983 e 2011. Isto é demasiado grave, o que deveria ter desencadeado uma profunda reflexão sobre as suas causas e conduzir à formulação de profundas reformas institucionais, para impedir a recorrência de um fenómeno tão negativo e frequente.(…)
Se não se nega a origem externa destas crises, tem também de se reconhecer que elas afectaram um número vastíssimo de países e poucos acabaram por ter crises tão devastadoras como Portugal. Carregados com camiões TIR de boa vontade ainda nos podemos perguntar se a economia portuguesa não teria especificidades que a tornassem especialmente vulnerável aos choques externos sofridos.
Infelizmente, mesmo que isso em parte seja verdade, o argumento não colhe, porque foram dadas respostas erradas às crises. Se se tivessem tomado medidas correctas cujos resultados se tivessem mostrado insuficientes, então o argumento da especificidade poderia valer.(…)
Porque foram cometidos tantos erros? Porque o eleitorado os pediu. Ou, se não os pediu, porque encararia com muita má vontade as políticas correctas. Isso tem levado os governos portugueses a adiar as políticas inevitáveis até à última hora, sendo esta tendência para o adiamento uma característica muito portuguesa, que já Garrett e Eça identificaram.
Vamos tomar consciência deste problema? Vamos tentar fazer alguma coisa para o minorar? Ou vamos continuar a fingir que podemos continuar como até aqui? Poder até podemos, mas vamos sofrer muito mais com isso.
“Isso tem levado os governos portugueses a adiar as políticas inevitáveis até à última hora,”
Não me parece que alguma vez tenha havido um esforço por parte de um governo português para tomar tais medidas, antes pelo contrário, sempre se adotaram medidas populistas tão ao gosto do povo, ia-mos ser os melhores em tudo dependendo da época, e nunca fomos bons em nada. Destruiu-se o que havia, agricultura, pescas, turismo, etc. quando a industria nunca foi o nosso forte. Destruiu-se a pequena empresa familiar, os serviços, em prol da modernização, da Europa, e em troca somente se construíram obras megalómanas, Expos, Euros, autoestradas paralelas, e tudo o demais que sabemos.
Term razão no que diz mas acho que o PBT se refere à tendência para adiar ao máximo esse tipo medidas e apenas o fazer por (e justificando-as perante os eleitores como resultando de) pressão externa.
“e não se nega a origem externa destas crises”
A crise portuguesa não tem origem externa. Nenhuma das 3 teve.
Favorecer os (seus) partidos e o País ao mesmo tempo tem-se mostrado ser impossível.
As razões da crise são capazes de ser um pouco mais profundas:
http://pensamentosdesblogueados.blogspot.be/2012/12/a-inveja_21.html