O meu artigo de hoje no jornal i.
A China nas Lajes
No seu livro “Monsoon: The India Ocean and the Future of American Power” (Random House), Robert D. Kaplan dá-nos pistas sobre como os EUA deverão lidar com as economias emergentes da Ásia e o turbilhão que já são as rotas comerciais no oceano Índico. O que anda um pouco esquecido são as consequências que a redução do investimento norte-americano na defesa podem causar no Atlântico.
Em Junho deste ano, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, aterrou na base das Lajes a caminho do Chile. As razões aludidas foram técnicas, mas suficientes para alarmar Washington. Num artigo na “National Review”, em Novembro, Gordon Chang, (“The Coming Collapse of China”, Random House) diz-nos que o interesse chinês nas Lajes é notório e compreensível. Chang chega a referir que, vivendo essencialmente da agricultura, a Terceira, para ter algum futuro, deve procurar outro parceiro para a sua Base n.o 4.
No mês passado, os EUA anunciaram uma forte redução da sua presença nas Lajes. Decisões como esta são pensadas com antecedência e previstas pelos outros actores da política internacional, como é o caso da China. Ora, se somarmos dois e dois, percebemos que a mera paragem técnica de Jiabao nos Açores não pode ser ignorada. Se os EUA estão no Índico, os chineses quererão estar no Atlântico. É claro como água. A China está às compras e pode não se ficar pelas empresas. Se isso se vai transformar numa vantagem de Portugal no seu relacionamento com os EUA, o futuro nos dirá.
Não foi há um mês , foi em 2009 que os EUA indicaram a intenção de reduzir as operações nas Lajes , mas passou completamente ao lado do nosso ministro da defesa na altura , um sociólogo chamado Santos Silva que sem dúvida era bom sociólogo mas naquela pasta foi a nódoa que se viu.
Duvido do interesse da China numa base no meio do Atlantico Norte e duvido mais ainda que os EUA o permitissem , mas vamos ver…
Provavelmente a visita foi combinada apenas para assustar os EUA. A china pensa a longo prazo, é certo, mas não tem interesse em ter uma base aérea no atlântico nos próximos 20-30 anos.
Se a China quisesse uma base nos Açores, não precisaria das Lajes – há um aeroporto melhor em Santa Maria.
> duvido mais ainda que os EUA o permitissem
Á bomba ou com dinheiro?
E, no segundo caso, pelo barato só comprando políticos corruptos (passe o pleonasmo), ou com benefício para o erário público tuga?
“Inquiring minds”, etc.
Com dinheiro , bastava-lhes voltar a “subir de nível” a base das Lajes e re-negociar o acordo , e isso teria benefícios para o erário público e em particular para os Terceirenses.Não estou bem a ver como é que podiam impedi-lo só comprando políticos , a menos que comprassem também alguns chineses . Parece-me muito mais interessante ver a visita do primeiro minisitro chinês às Lajes como uma paragem instrutiva sobre o sistema “Imperial” americano de bases logísticas em países aliados. Eu , se fosse chinês e encarregado de pensar nestas coisas , tembém não tinha perdido a oportunidade de aterrar nas Lajes por “razões técnicas” .