A entrevista à TVI24 do senhor professor António Ferreira, Presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João no Porto, foi porventura dos melhores momentos televisivos a que tive oportunidade de assistir nos últimos tempos. Na entrevista a Judite de Sousa e Medina Carreira, o professor António Ferreira – que me parece ser um homem de elite -, atravessou-se (no bom sentido) sobre todas as temáticas da Saúde em Portugal sem que em algum momento eu lhe tivesse vislumbrado qualquer ponta de enviesamento na abordagem dos temas. Falou de tudo de forma desassombrada: a iniquidade da ADSE, a má organização e a excessiva rigidez da rede de cuidados primários e hospitalares, a falta de produtividade e o absentismo no SNS, o conluio entre o Estado e os operadores privados, o saque associado à despesa com medicamentos, enfim, nada lhe escapou. Sempre num registo factual, crítico, mas construtivo e, apesar de tudo, conciliador. Muito bom.
A economia paralela.
Já o disseram por aqui(os comentadores e não os autores dos posts), eu incluído, que a ADSE é uma barbaridade. Espero que a partir de hoje não voltem a falar dela aqui no blogue, como um exemplo do que deveria ser o modelo de prestação e financiamento de cuidados de saúde… 😉
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O que esta entrevista demonstra é que muitas das habituais discussões públicas sobre saúde (e outras) estão, desde há décadas, limitadas por gente altamente comprometida, que fala e não diz quase nada.
O verdadeiro ponto de debate deveria ser a liberdade de escolha, É interessante olhar para o que fazem as pessoas que, por não terem que pagar duas vezes, podem realmente escolher. António Ferreira pese os aspectos positivos da sua abordagem que são reconhecidos pelo Ricardo, tende a acentuar um prisma estatal, focado na eficiência e no dinheiro do Estado, em vez de o fazer nos interessse dos pacientes e no dinheiro dos contribuintes. è interessante verificar que em Espanha os funcionários públicos, a única “classe” que não tem de pagar duas vezes o serviço, mais de 80% escolhe o privado,,,jmm
José Manuel Moreira, o problema é que nesses 80% provavelmente teriam patologias de meno gravidade e que proprocionam margem de lucro ao privado e os outros 20% teriam patologias muito graves que exigem tratamentos muito onerosos. Estes no privado ou ficam à porta ou são enviado pelo seu próprio pé(muitas vezes em pós operátório…) para o hospital publico mais proximo….
Toda a entrevista aqui: http://www.tvi24.iol.pt/programa/4407
Imprescindível!
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