Em Agosto de 1966 Mao Zedong, num mega-comício de guardas vermelhos – maioritariamente adolescentes urbanos e educados, com demasiado tempo nas mãos depois das aulas serem oficialmente canceladas para que os jovens tivessem tempo de se entregar inteiramente à revolução – emitiu as palavras ‘rebelar-se é justificado’. Foi esta frase que deu cobertura política aos adolescentes excitados (perdoe-se a redundância) e que os motivou a criarem o terror vivido nos meses seguintes, com ataques a capitalistas, descendentes de terratenentes e outras categorias ‘negras’, resultando em espancamentos, devassa de casas, humilhações públicas, tortura e mortes, naquilo que ficou conhecido como ‘terror vermelho’.
As palavras têm poder e é por isso que PCP – que não pára de falar em ladroagem mesmo na AR – e CGTP – que ameaça veladamente o governo dia sim, dia sim – têm radicalizado o discurso. E porque a revolta na rua, venha de onde vier, sempre foi o ambiente onde se impôs o poder comunista, algo com que comunistas portugueses nunca deixaram de sonhar.
Por mim podem lamentar o que entenderem, mas a violência que se viveu ontem em frente à AR é filha da violência verbal e não só de PCP e CGTP, que com as suas palavras se tornam responsáveis por darem cobertura e legitimidade à violência que apenas formalmente (e apressadamente) condenam. É só ler o 5 Dias para se perceber o apreço pela violência que há no PCP. E não entendo por que razão jornalistas não perguntam se há alguma ligação à CGTP dos que provocaram e sancionaram a violência.
(E, já agora, alguém explica a Raquel Varela, sempre propensa a muitas confusões, que receber uma bolsa não é bem o mesmo que receber um salário. Já mostrar-lhe a proporção dos impostos paga por quem recebe rendas, juros ou lucros – esqueceu-se de dividendos, é imperdoável – não vale a pena: há cérebros imunes à matemática.)
“E não entendo por que razão jornalistas não perguntam se há alguma ligação à CGTP dos que provocaram e sancionaram a violência.”
O jornalismo é intervenção política seja para esconder ou descobrir.
Grande novidade. Um post da M.J. Marques contra o PCP e a CGTP. Ela mesma que já esqueceu a linguagem que se usava no PSD e no CDS a propósito de Sócrates.
“E não entendo por que razão jornalistas não perguntam se há alguma ligação à CGTP dos que provocaram e sancionaram a violência.”
Poderia assistir à entrevista de Arménio Carlos no Política Mesmo de ontem na TVI. Está inclusive disponível online.
http://www.tvi.iol.pt/videos/programa/4322/164760
Aconselho, no entanto, a que não veja a entrevista não vá assim estragar-se a sua narrativa.
Comunista, espero sempre ser previsível nos posts contra CGTP e PCP. Quanto à linguagem do PSD e CDS – dos quais eu, por acaso, não sou dirigente nem militante, tendo portanto um tudo-nada de menos responsabilidade que Jerónimo de Sousa e Arménio Carlos – não me recordo de alguém ter falado em roubo e demais ladroagem na AR. De resto a falta de educação estava sempre do lado de Sócrates, que exibia uma boçalidade arrepiante para pm.
M. João,
A linguagem do PCP é a linguagem com que uma parte do povo português se identifica, eu incluído.
Não vejo porque razão temos todos de passar a adoptar a terminologia do passos coelho e do gaspar – “modulações”, “ajustamentos”, “gorduras”, “dietas” e outras tretas do género. Se você diz que a razão do conflito social é a linguagem da CGTP e do PCP então você não deve saber onde está. Veja os números do desemprego, da recessão…
Aqui neste blog apoia-se o direito de uso e posse de armas no estados unidos como eles o vêm, como o direito de revolta contra um governo injusto. Cá em Portugal as regras são diferentes, o povo só tem de comer e calar. Rebelar-se, não isso é só para os amaricanos.
Comunista, a linguagem é adequado ou não ao contexto onde se está. Alguém na rua dizer que o governo rouba não é o mesmo que o pcp o dizer na AR ou o be nos seus cartazes. E se acha que os portugueses querem a revolução proposta por pcp, é conveniente começar a curar-se já da ilusão. O pior é que pcp deve estar mesmo convencido disso e vamos pagos com tempo e recursos os estragos que provocarem enquanto tentam implementar a revolução.
‘pois’, nos EUA há a garantia constitucional da permissão de existência de milícias privadas para garantir a segurança, não para agir contra o governo. e não se defende nada aqui neste blog neste ponto, cada autor tem a sua opinião. eu, por exemplo, sou contra a permissão generalizada da posse de armas. Por cá o povo tem direito a indignar-se e manifestar-se, não tem o direito a incomodar a vida quotidiana e a segurança de outros, nem de recorrer à violência.
O que me parece, é que à mínima indignação vocês ficam logo incomodados.
E sim, constitucionalmente o povo tem direito não só à indignação e manifestação como também à revolta.
As palavras e sua semântica tem, de facto, muito poder, atentai: a polícia começa a LIMPAR os manifestantes, REFUNDAÇÃO do memorando, medidas de RACIONALIZAÇÃO de recursos, REFORMA dos sistemas de prestações de desemprego, entre outras. A quem devemos atribuir a maternidade de tal novilíngua, ao PCP?
A violência, em minha opinião, não se manifesta apenas naquilo a que ontem, parcialmente, assistimos.
Negar um relação causa efeito para o sucedido é não comprender aquilo que se passa e ainda acreditar naquela história do povo de brandos custumes e de que Portugal não é a Grécia; discurso balofo. Portugal não é a Grécia, nem a Irlanda, nem Espanha, mas há uma coisa comum a todos: pessoas, daí os actos serem cada vez mais próximos. Quanto ao resto, eventual 2º resgate e novo aumento de impostos. e esperar no sofá como quem se dissocia e não dá relevo a manifestações como a de ontem, é sempre mais fáçil “puxar” à violência do que lutar para a alteração do estado das coisas.
Os distúrbios que até foram transmitidos pela CNN passaram a ser a principal notícia e fizeram, passar para segundo plano a greve geral. Só por estupidez a CGTP (e o PCP) iriam, neste momento, provocar distúrbios.
De uma forma geral este tipo de distúrbios é sempre favorável ao poder pois distraí doutros problemas e “last but not least” assusta as pessoas diminuindo as que irão às manifestações.
Aliás, basta olhar para este blog e ver a importância que se está a dar a umas confusões, vulgares em qualquer país.
Bom, vulgares não pois nem sequer se queimou um automóvel como é usual, em França, por exemplo.