Escreve o João Galamba no seu artigo hoje no Diário Económico:
Quando se olha para o Orçamento do Estado como se fosse um orçamento familiar e quando se defende que devemos todos – Estado, famílias e empresas – tentar poupar ao mesmo tempo, o resultado é, paradoxalmente, o inverso do pretendido: a recessão causada por esta desalavancagem simultânea de todos os sectores institucionais da economia portuguesa torna impossível atingir o objectivo proposto. (…)Se olharmos para a economia portuguesa como um sistema integrado, a conclusão torna-se evidente: este processo é insustentável. Estamos num ciclo vicioso que só pode resultar na falência generalizada de toda a economia portuguesa.
Em primeiro lugar, esta teoria só poderia ser discutida se o estado estivesse, de facto, a desalavancar. Não está: o stock de dívida do estado continua a aumentar. Mesmo que tal estivesse a acontecer, a teoria falharia pelo facto de, apesar de a economia portuguesa ser um sistema integrado, não ser um sistema fechado. Os agentes económicos não devem apenas uns aos outros, mas devem, maioritariamente, ao estrangeiro. A desalavancagem necessária é realizada perante agentes económicos estrangeiros, e isso obtém-se pela venda de activos (privatizações) e pelo melhoria do saldo da balança corrente.
Note-se que o melhor teste a esta teoria é o passado: entre 2000 e 2008 todos os agentes alavancaram ao mesmo tempo. Segundo a teoria do João Galamba, isto deveria ter criado um crescimento suficiente para tornar o país mais solvente. Infelizmente, todos sabemos o que realmente aconteceu.
Acrescentaria o seguinte, a economia portuguesa está a desalanvancar por decisão dos credores externos, que deixaram de confiar nos agentes económicos portugueses e deixaram de nos emprestar mais dinheiro. E isto porque nos endividámos demais. Há um limite para a alavancagem.
O crédito externo quando aplicado ao consumo ou ao mau investimento tem um efeito de droga. No curto prazo dá uma artificial sensação de bem estar / riqueza. No longo prazo dá uma ressaca depressiva e cria um vicio difícil de superar.
A economia portuguesa está a atravessar a ressaca porque o dealer não nos dá mais droga. A troika é a nossa metadona, sem ela a cura seria bem mais dolorosa e debilitante.
O João Galamba limita-se a implorar “mais droga!”
Um caso de falta de vergonha ou falta de inteligência…Com o PS neste estado o PSD e CDS lá próximo não há esperança alguma…
O estado não deve ser gerido como uma familia?!
Pois não, mas foi assim que o PS governou, como uma familia que se individa sem pensar no futuro, e depois pede insolvencia, e começa tudo de novo.
Pensando bem é mesmo isto que o PS advoga, está a ser coerente com a sua politica.
Quando a perspectiva única do grosso (pun intended!) dos políticos é conseguir sobreviver ao período de intervenção externa para poder posteriormente voltar a aceder ao financiamento nos mercados, está tudo dito.
Por agora, (fingem que) moderam o consumo, mas apenas para conseguirem mais tarde financiamento para mais uns copos.
Largar a bebida é que está fora de questão.
O Galamba, ao menos, não engana ninguém.
Ainda recentemente anunciava que o PS tinha de percorrer o caminho difícil da reabilitação… dos benefícios da despesa, perdão, investimento público.
Há que continuar a beber para não dar hipóteses à ressaca.
As “elites” keynesianas no seu estado habitual: apenas o planeamento centralizado nos salva.
Pior do que este elitismo só mesmo o etilismo despesista que lhe está subjacente…
O tal país que é um sistema que integra famílias, Estado e pessoas, é também semi-mafioso e corrupto em vários aspectos e áreas e tem um parlamento que convive pacificamente com deputados que roubam gravadores, que exercem funções como se nada fosse, ou seja, a análise de Galamba começa logo por expurgar da equação todos os vicíos e defeitos pelos quais Portugal, os portugueses e o sul da europa são conhecidos há séculos entre os povos e homens de negócios que têm dinheiro e juízo na cabeça. Até há estados com problemas ainda mais graves que não nos emprestam dinheiro por dever constitucional, como é o caso do Brasil. O deputado Galamba e a esmagadora maioria dos que o rodeiam não sabem ainda que entre as equações das escolas de economia ou de polícia e a realidade da economia e do crime da rua há uma distância muito grande. Aliás, deve ser por isso que os prémios Nobel da especialidade nunca saem a Ministros da Economia, mas sim a estudiosos, enquanto outros que estudaram sonham com eles, divagando eternamente e sem falha num mar de parcelas, à sombra de um canudo. E se há país onde não faltam canudos é aqui mesmo, a começar pelos administrativos dos anos 70, de que pouco se fala por causa da tal semi-mafiosidade, não vá estender-se sobre um manto de relvas lusas uma guerra civil que destape mares de carecas. O problema é que o deve e o haver é como a gravidade: nunca falha.
# 6. Os prémios Nobel da especialidade nunca saem a Ministros da Economia porque as oligarquias financeiras que mandam nos governos não querem economistas, querem comissários políticos.
O PS geriu o Estado como uma “famiglia”
Vejam este documentário para perceberem à custa de quem o keynesianimso funciona. A partir do minuto 10 percebem.
João Galamba está apenas a ser coerente com o que sempre defendeu: gastar sempre mais do que se tem. Se alguns poupam, os outros têm que gastar ainda mais.
…..privatizar ou crescer , eis a questão …(mas não cheguem ao exagero de me venderem . já basta roubarem-me…)
No resto , queixem-se de Cavaco aos diversos Tribunais Internacionais.
Joaquim,
Creio que o Galamba é mais da facção soaristo-keynesiana.
Há que ser muito mais prático: não são sequer necessárias muitas poupanças que o sistema bancário de reserva fraccionária faz milagres.
Basta recordar o célebre episódio com o governador do Banco de Portugal:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=505816&tm=6&layout=122&visual=61
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=523447
e a resposta – esclaracedora – dessa “grande esperança” do PS chamada Galamba:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2169749&seccao=Convidados
E então se se puder pôr a rotativa a funcionar, melhor ainda.
É que isto dos “animals spirits” é uma coisa muito complicada. As pessoas insistem em não saber o que é melhor para elas.
É óbvio que quando o bolha rebenta, a culpa é dos mercados desregulados…
O problema é que com a mania da austeridade o governo destruiu as expectativas do sector privado e o investimento caiu a pique e a taxa de poupança aumentou criando um ciclo recessivo que não terá fim, caso esta direcção se mantenha.
JEM, se bem que o galamba está errado, não menos errado é a opção politica do governo deste e do ano passado em ter aumentado brutalmente os impostos.Que fracassou também em gtande medida.O caminho é descer despesa e descer impostos.Lamento mas e a verdade
rr (13),
O Fernando S respondeu ao “fracasso do aumento brutal de impostos” e “o caminho é descer despesa e descer impostos” em https://oinsurgente.org/2012/11/02/suecia-coloca-discurso-de-passos-coelho-em-pratica/ (comentário 43).
Se acha que é reduzir a despesa pública imediatamente de modo a ser possível descer os impostos aos níveis anteriores a Junho do ano passado, quais são as medidas concretas que propõe?