O meu artigo de hoje para o jornal i.
O lucro é sagrado
Os cortes nas despesas no jornal “Público” levantaram alguma celeuma porque, apesar de aquele periódico dar prejuízo, a Sanaecom, empresa sua proprietária, tem tido lucros. O entendimento generalizado foi que, se tinha lucros noutras áreas, o devia investir numa actividade deficitária como a do jornal.
Um jornal, como qualquer actividade empresarial, tem de dar lucro. O dinheiro que se recebe pelo trabalho que se realiza, mais a honestidade inerente a não se gastar mais do que se ganha, que é o lucro, é o que define a moralidade e a igualdade decorrente de uma actividade profissional.
Nas relações profissionais em que haja venda livre de produtos ou de serviços, em que as condições do outro são aceites de livre e espontânea vontade, o dinheiro, e com ele o lucro, são o que as torna morais e honrosas. Dinheiro e lucro são a prova de que ninguém é escravizado nem prejudicado com o trabalho que exercemos.
Sempre que uma empresa tem prejuízos está a prejudicar alguém. Danifica, não apenas o seu património, mas também o elo de confiança que tem de existir com quem investe. A inexistência de lucro, por significar gastar mais do que se ganha, implica também desrespeito pelo consumidor: que não lhe damos o crédito suficiente para fazer da sua escolha o guia máximo que orienta o nosso trabalho. Por tudo isto, uma empresa tem de dar lucro. Uma pessoa deve ganhar mais do que gasta. Não apenas para poder continuar, mas para o fazer com honra e mérito próprios.
“Sempre que uma empresa tem prejuízos está a prejudicar alguém.”
Bem observado. Não só pela razão que AAA apontou mas também pelo facto de o dinheiro pago aos trabalhadores num negócio inviável poder ser investido num projeto viável que contribua verdadeiramente para o crescimento da economia e que talvez empregue ainda mais gente.
Nesse caso, pode fechar 2/3 do país, umas porque dão mesmo prejuízo, outras porque aldrabam o fisco constantemente.