Daniel Oliveira “Anatomia de um assalto (III): Estratégia de empobrecimento”
A estratégia foi explicitada numa das conferências de imprensa da troika. O objectivo é reduzir drasticamente os custos com o trabalho (…), reduzir o consumo interno e aumentar as exportações. Através de uma desvalorização da economia, que substitui a impossível desvalorização monetária, pretende-se intervir para reverter a balança comercial portuguesa, bastante deficitária.
Algumas questões ao “douto” cronista:
a) Qual é efeito que ele julga que teria uma desvalorização monetária?
b) Qual foi a estratégia escolhida na crise 1983-85 e quais os seus efeitos sobre os rendimentos do trabalho?
c) Porque razão é necessário “reverter” o défice da balança comercial portuguesa?
Custos do trabalho ? Sim , mas torna-se injusto se não falarmos nos restantes custos de produção
que são até mais significativos ou devem sê-lo.em termos relativos É que a necessária produtividade só aumenta de diminuir a participação do factor trabalho .Para diminuir o deficit comercial como é possível (a par do caos nas importações/procura interna …)aumentar as exportações numa economia real inexistente ? E é irreal Investir num País que não tem as condições mínimas necessárias para tal (Educação/formação, estabilidade politica e fiscal , criminalidade/segurança , infraestruturas adequadas , Justiça ,etc.) e que está em vias de extinção .Sem Natalidade , os velhos morrem sem reforma e sem saúde e os novos emigram sem qualquer formação …A menos que surja o tardio milagre do ouro e do petróleo … para ficar tudo na mesma !!!
“Custos do trabalho ? Sim , mas torna-se injusto se não falarmos nos restantes custos de produção
que são até mais significativos ou devem sê-lo.em termos relativos ”
Serão?
O objectivo é reduzir drasticamente os custos com o trabalho (…),
…
Ainda mais?. Os paises PIGS (do Sul)nao sao nesse sentido ja os denominados olhos-rasgados-ainda-que-ceguinhos-europeus em sentido figurado?
“Qual é efeito que ele julga que teria uma desvalorização monetária?”
Bom, o problema é visto ao contrário. Portugal desde adesão ao Euro foi sujeito a uma valorização monetária sem precedentes.
O problema não é desvalorizar a moeda é recoloca-la no seu real valor sem a valorização imposta pelo Euro.
“Bom, o problema é visto ao contrário. Portugal desde adesão ao Euro foi sujeito a uma valorização monetária sem precedentes”
Bom, então eu coloco a questão desta forma. Qual foi o efeito dessa valorização monetária no valor real dos rendimentos do trabalho?
Quanto a esta questão se quiser dê também um palpite sobre que países beneficiaram/foram mais prejudicdos neste aspecto.
“Portugal desde adesão ao Euro foi sujeito a uma valorização monetária sem precedentes.”
Hmm. Então as exportações portugueses caíram a pique desde o euro?
Pensando bem o que o comentador está a sugerir é que só conseguimos competir pelo preço. Mas se é assim faz sentido baixar os custos de trabalho.
o problema aqui é que uma desvalorização monetaria atingue tudo e quase todos, esta desvalorização salarial só atingue os trabalhadores por contra doutrem
Não tenho a certeza que isto que vou escrever faça sentido, mas dá-me a ideia que, em termos de efeitos sobre a repartição do rendimento entre a) trabalhadores do sector não-transacionável; b) empresários do sector não-transacionável; c) trabalhadores do sector transacionável; e d) empresários do sector transacionável, os efeitos de uma desvalorização monetária talvez não sejam exactamente os mesmos que os de uma desvalorização salarial por via fiscal.
Isto é, os a) perdem e os d) ganham de qualquer maneira, mas para os b) e se calhar para os c) talvez os dois caminhos tenham resultados diferentes.
Para os empresas os resultados são diferentes consoante o mercado onde operam. Para os rendimentos (e não só do trabalho) traduz-se num imposto generalizado. E se o problema está nos sectores menos expostos à concorrência porquê afectar todos por igual?