“O mal-entendido” de João César das Neves (Diário de Notícias)
É espantoso mas muitos dos que afirmam com clareza a urgência de promover o crescimento e criação de emprego, logo na frase seguinte se põem a falar de outro tema, propondo medidas e intervenções que não só pouco têm a ver com a dinâmica produtiva, mas até a prejudicam.(…)
Promover crescimento é, segundo eles, dar subsídios (que implica impostos que oprimem a economia), criar incentivos (que distorcem o dinamismo e rigidificam a estrutura), fazer planos (que estabelecem clientelas e prejudicam negócios), ajudar sectores (que perpetua favores e encarece produtos). Esta foi precisamente a política seguida pelos sucessivos ministérios que nos trouxeram à crise. Eles achavam saber melhor que a sociedade o que havia a fazer, e o resultado está à vista. A década perdida da economia portuguesa, que já se aproxima de década e meia, foi o mais intenso período de política de crescimento da nossa história. Isto não constitui um paradoxo pelo simples facto de que crescimento económico não é política, mas economia.
A razão deste mal-entendido não é distracção ou ignorância. O motivo é que grande parte daqueles que exigem crescimento têm uma agenda própria, que pretendem mascarar de progresso.(…) Esses, mesmo que o crescimento nunca chegue a ser promovido, já receberam o seu. O que eles querem não é crescimento mas política de crescimento.
Um bom artigo.
Eles querem uma “política para o envelhecimento”, uma “política para a natalidade”, uma “política para a juventude”, uma “política para o cinema”, uma política para tudo e mais alguma coisa.
É sempre para salvar a cultura, as criancinhas, as viúvas e os orfãos, os velhinhos, os empregos, as PMEs.
Nunca dá resultado.
Mas não faz mal, salvam-se eles e os amigos, pinga dinheiro no bolso dos espertos e dos vigaros.
Se lhes dessem mais verba, mais funcionários e mais poder é que era…
Assim não dá porque o mercado é imperfeito e tem que haver sensibilidade social, porque falta legislação, porque a Europa tem que ajudar.
Destroiem tudo à sua volta…mas é com boa intenção.
Depreendo então que também o Prf. João César das Neves é um socialista…
“Depreendo então que também o Prf. João César das Neves é um socialista”
Não é assumidamente um liberal mas não compreendi essa tua sentença. Explica lá
um artigo que começa ” A Irlanda, muito mais endividada que nós, deixou de ser alvo dos mercados porque a sua economia revelou um dinamismo que tem faltado a outros, como nós.” não merece ser lido. Gostava de saber aonde é que está a confiança na economia irlandesa que não para de cair
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