Chamam-lhe o celeiro de Itália. A terra, vulcânica e generosa, oferece um extenso catálogo de produtos agrícolas, desde os mui celebrados citrinos, produto base da agricultura da Sicília (62% da produção italiana está na Sicília), aos pistácios, usados, como um toque de graça oriental, na assombrosa gastronomia siciliana. O mar, não tendo a riqueza do Atlântico, também não é avaro. O clima só peca por ser excessivamente quente no Verão e o turismo responde em massa a um sol ubíquo que convida à indolência. Então, por que razão é a Sicília tão pobre? Não vou avançar sentenças finais. Mas os 26000 guardas-florestais, número lançado recentemente pelo NY Times, talvez sejam um princípio de explicação plausível, tal como os jardineiros sem jardim da Grécia e todos os empregos nacionalizados de Portugal e de Espanha que mais tarde ou mais cedo serão alvo da atenção internacional. E se este exército de guardas já parece absurdo para uma ilha do tamanho do Alentejo, com mais surpresa o vemos se conhecermos a paisagem da ilha. Goethe já o havia notado há cerca de 230 anos, quando cruzou o território, desde Palermo até Messina, e quem chega à Catânia num avião pode confirmar (pelo menos no lado oriental da ilha): grande parte da Sicília foi desflorestada para a agricultura. Se um cenário com 26000 guardas-florestais é trágico, um cenário com 26000 guardas-florestais e sem árvores já é do domínio da comédia. Juntemos-lhe um universo mediterrânico a apontar o dedo e a responsabilizar Merkel, o neoliberalismo, e o conde Drácula pela decadência da sua dolce vita, e temos aquilo a que se chama uma bela palhaçada.
Os níveis de conforto que a ciência moderna trouxe ao Ocidente e que tem vindo a alargar a todo o mundo talvez tenham o seu peso. O conforto e a facilidade de vida moderna acaba por provocar em todos os países do Sul da Europa uma espécie de indolência africana. Há exemplos óbvios mas há outros exemplos mais subtis como é o caso de uma recente investigação que conclui que as pessoas constantemente expostas ao ar condicionado são menos tolerantes ao calor. Se o nosso Verão já é pouco convidativo para trabalhar anda menos convidativo fica com a sensação de calor a aumentar.
A crise no € é cultural e poucos querem de fato entender a realidade.
E pior ainda temo os socialistas que pensam que basta atirar dinheiro para resolver o problema.
Já há muito que a Esquerda pensa que o dinheiro resolve os problemas. Por isso é que gosta de impressoras…
“Então, por que razão é a Sicília tão pobre? Não vou avançar sentenças finais. Mas os 26000 guardas-florestais, número lançado recentemente pelo NY Times, talvez sejam um princípio de explicação plausível…”
Na minha opinião este argumento é muito redutor. Mais, demagógico. A pobreza da Sícilia, da Grécia, ou mesmo do quente e abrasador Alentejo, não se explica com o número de funcionários públicos (é o que está subjacente a razão atrás citada). É muito mais complexa, e vai desde de factores históricos, sociais e mesmo meteorológicos. Repito, enunciar este tipo de argumento é demagógico e populista. Despreza o uso de neurónios (para perceber e aprofundar as razões) e é apologético destes argumentos falaciosos. Serve apenas para enganar e animar as hostes. Mais nada.
Faz sentido, a meteorologia terá um impacto negativo na economia siciliana muito mais violento que 26.000 guardas florestais sem floresta… que por sua vez é um argumento demagógico e até falacioso… a argumentação da esquerda chega a roçar o cómico, piu divertente!