É interessante como as escolas privadas produzem resultados tão díspares entre a média da nota interna e a média dos resultados dos exames nacionais. Os papás comprarem as notas dos filhos também conta como vantagem para os privados?
E seria interessante também compararem outros factores, como origens socio-económicas e recursos investidos pelas famílias no acompanhamento dos estudos, como explicações e gabinetes de estudo.
Se nos últimos lugares se encontrarem outras privadas, não deita por terra o argumento contrário ao da ministra, caro Ala que se faz tarde. Entre os privados há sempre bons e maus, e os maus vão à falência e são substituídos por outros, melhores ou piores — isso depois vê-se. Mas os bons ficam, e sabe-se que são bons porque sobreviveram à exigência dos clientes.
O público não sofre selecção; funciona em monopólio e com financiamento externo à actividade. Ou seja, uma eventual ineficácia, ou incompetência, subsiste porque não é saneada do sistema através da escolha de quem consome o produto.
Impressionante como vêem a educação como se fosse um produto, aplicando-a as velhas e serôdias máximas do capitalismo do séc XIX. Por vezes penso, que raio de sub-produto humano é este. Chiça!
Ignora variáveis como a classe sócio-económica dos alunos. A quase totalidade dos estudantes destes colégios provém de famílias folgadas economicamente, que podem dar aos filhos educação extra porque têm recursos para isso. (O que distorce gravemente a chamada igualdade de oportunidades, mas isso é outra história).
Henrique, essa teoria não explica porque é que os pais desses alunos de alta classe sócio-económica escolhem colocar os seus filhos nessas escolas privadas. Será por serem melhores?
Caro CGP,
Absolutamente. Tenho os meus dois filhos em escolas privadas porque considero que terão melhor educação. E isto porquê? Porque não existindo segmentação na escola pública e dado a zona onde moro, iriam acabar numa escola onde – dada a política de nivelamento por baixo – arriscavam a não serem devidamente “puxados” pelos professores.
Ou deixe-me reformular, não estão na privada porque os professores sejam melhores ou o ensino “em si” seja melhor. Estão porque, sendo as turmas mais homogéneas em termos intelectuais, tenho esperança que o nivelamento se faça pela média (ou mesmo por cima, mas duvido…) o que puxará por eles. E, obviamente, tenho a vantagem de poder “votar com os pés” e mudá-los de escola.
Mas há uma situação curiosa. Se bem que os melhores lugares nos rankings das escolas sejam monopolizados por instituições privadas. Já na universidade, o desempenho desses alunos é pior face aos que sãos oriundos das tais escolas que não prestam.
Não percebo o post: concluirá que só há bons alunos em Lisboa, Porto, Braga e Coimbra?
Carlos Guimarães Pinto,
As notas inflacionadas que são dadas pelas escolas privadas, patentes no diferencial entre nota atribuida pela escola e obtida nos exames nacionais, indicam claramente o motivo que leva a que alguns pais prefiram pagar para ter os filhos nessas escolas de facilitismo. Afinal, numa altura onde uma décima é a diferença entre entrar em cursos de sucesso garantido, como medicina, e cursos onde há competição no mercado de trabalho, naturalmente que compensa pagar a factura para garantir esse pequeno empurrão aos seus rebentos.
Chamem-lhe uma maior eficiência do sector privado, se quiserem.
Pingback: A magia dos números – Aventar
E nos últimos lugares?
É interessante como as escolas privadas produzem resultados tão díspares entre a média da nota interna e a média dos resultados dos exames nacionais. Os papás comprarem as notas dos filhos também conta como vantagem para os privados?
E seria interessante também compararem outros factores, como origens socio-económicas e recursos investidos pelas famílias no acompanhamento dos estudos, como explicações e gabinetes de estudo.
Se nos últimos lugares se encontrarem outras privadas, não deita por terra o argumento contrário ao da ministra, caro Ala que se faz tarde. Entre os privados há sempre bons e maus, e os maus vão à falência e são substituídos por outros, melhores ou piores — isso depois vê-se. Mas os bons ficam, e sabe-se que são bons porque sobreviveram à exigência dos clientes.
O público não sofre selecção; funciona em monopólio e com financiamento externo à actividade. Ou seja, uma eventual ineficácia, ou incompetência, subsiste porque não é saneada do sistema através da escolha de quem consome o produto.
Impressionante como vêem a educação como se fosse um produto, aplicando-a as velhas e serôdias máximas do capitalismo do séc XIX. Por vezes penso, que raio de sub-produto humano é este. Chiça!
Ignora variáveis como a classe sócio-económica dos alunos. A quase totalidade dos estudantes destes colégios provém de famílias folgadas economicamente, que podem dar aos filhos educação extra porque têm recursos para isso. (O que distorce gravemente a chamada igualdade de oportunidades, mas isso é outra história).
Henrique, essa teoria não explica porque é que os pais desses alunos de alta classe sócio-económica escolhem colocar os seus filhos nessas escolas privadas. Será por serem melhores?
Caro CGP,
Absolutamente. Tenho os meus dois filhos em escolas privadas porque considero que terão melhor educação. E isto porquê? Porque não existindo segmentação na escola pública e dado a zona onde moro, iriam acabar numa escola onde – dada a política de nivelamento por baixo – arriscavam a não serem devidamente “puxados” pelos professores.
Ou deixe-me reformular, não estão na privada porque os professores sejam melhores ou o ensino “em si” seja melhor. Estão porque, sendo as turmas mais homogéneas em termos intelectuais, tenho esperança que o nivelamento se faça pela média (ou mesmo por cima, mas duvido…) o que puxará por eles. E, obviamente, tenho a vantagem de poder “votar com os pés” e mudá-los de escola.
Mas há uma situação curiosa. Se bem que os melhores lugares nos rankings das escolas sejam monopolizados por instituições privadas. Já na universidade, o desempenho desses alunos é pior face aos que sãos oriundos das tais escolas que não prestam.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2341433&page=-1
Não percebo o post: concluirá que só há bons alunos em Lisboa, Porto, Braga e Coimbra?
Carlos Guimarães Pinto,
As notas inflacionadas que são dadas pelas escolas privadas, patentes no diferencial entre nota atribuida pela escola e obtida nos exames nacionais, indicam claramente o motivo que leva a que alguns pais prefiram pagar para ter os filhos nessas escolas de facilitismo. Afinal, numa altura onde uma décima é a diferença entre entrar em cursos de sucesso garantido, como medicina, e cursos onde há competição no mercado de trabalho, naturalmente que compensa pagar a factura para garantir esse pequeno empurrão aos seus rebentos.
Chamem-lhe uma maior eficiência do sector privado, se quiserem.