O papel da CGD

O PS quer chamar ao Parlamento a administração da Caixa Geral de Depósitos por não querer financiar o projecto do Alqueva de 1000 milhões de Euro. Iria, diz-se, criar 500 empregos de forma directa ou indirecta.
Como é evidente não consigo, nem consegue o PS, avaliar a viabilidade financeira dum projecto destes. Isso cabe à Caixa e não aos políticos. O promotor parece que não queria assumir o risco do projecto. Mas é isso que se lhe exige. À banca exige-se que avalie as potencialidades do projecto e decida em conformidade. A utilização da Caixa para fins políticos sem olhar às questões financeiras não cria riqueza, antes a destrói. Aliás, o facto de ser um banco público e da dimensão da CGD – que a entrar em dificuldades poria em risco toda a economia – apenas aumenta a exigência. Dirão alguns que o projecto era fundamental para a região do Alqueva e que o estado tem a obrigação de não deixar a região ao abandono. Mesmo que concedêssemos essa função ao estado, fica por demonstrar que este empreendimento seria a melhor ou a única maneira de o fazer. O Alqueva mantém o seu potencial, mantém a albufeira e as estruturas já existentes, e nada contraria que não aparecerão outros projectos para desenvolver esse potencial. Se um projecto desta dimensão falhasse, as consequências para a região seriam ainda piores. Também por isso é fundamental que a Caixa possa fazer as suas decisões livre de pressões políticas.

Nada disto se punha, claro, se se privatizasse a CGD.

10 pensamentos sobre “O papel da CGD

  1. paam

    1000.000.000 de euros para criar 500 postos de trabalho? Isso dá uns míseros 2 milhões de euros por posto de trabalho. Se a CGD financiar projectos no valor de 1.638.600.000.000 acabamos com os 819.300 desempregados num instante. O que falta é vontade política e sensibilidade.

  2. Paulo Pereira

    Não entendo como sequer podem ser considerados projectos com menos de 25% de capitais próprios desembolsados em paralelo com o financiamento bancário !

  3. anabarbaraaleixo

    Obrigada, CGD, por não queres gastar dinheiro em projectos ridículos, que apenas trariam emprego durante a sua fase de construção. Construir campos de golfe numa das zonas mais secas do nosso país é, só por si, ambientalmente inviável. “Dirão alguns que o projecto era fundamental para a região do Alqueva e que o estado tem a obrigação de não deixar a região ao abandono” – pois dirão, mas outros também dirão que o estado tem a obrigação de não deixar o país ao abandono e é o que vemos. Arriscar dinheiros públicos para estes projectos é, a meu ver, demasiado para a nossa carroça actual.

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  5. professor

    A tacanhez lusitana expressa neste post e na tão danosa “comunicação social” , em particular , um “artigo de opinião” do M.D. Director-Adjunto do Correio da Manhã (“O dinheiro dos outros” –Eduardo Damaso) .Na verdade , bem pelo contrário , p.e. o grande mas infelizmente não único êrro de P.P.C.
    foi não ter logo promovido a constituição de um Banco de Fomento (para utilizar o dinheiro dos outros…) a par de uma Sociedade de Seguro de Crédito .
    Mas sobretudo depois dos contratos leoninos feitos pelo Estado com as P.P.P. e quejandos , onde , após a corrupção , os decisores estatais aparecem nas Administrações das empresas beneficiadas . Tudo não criminalizado !… Dois grandes projectos (Abrantes e Reguengos de Monsaraz) , aliás , relativamente a dois empresários objectiva e subjectivamente diferentes , foram agora abandonados não obstante os milhões de euros já gastos !… Desconhecemos os projectos e portanto não sabemos se existe ou não uma viabilidade económico-financeira , e muito menos os seus tão necessários beneficios sociais , mas apenas se analisa o que lhe está objectivamente subjacente .
    Um capitalista , sobretudo numa economia de mercado , aplica legitimamente e sem riscos , os seus capitais e em proveito próprio e do Estado… Não é contudo legitimo exigir-lhe que sobretudo com riscos aplique os seus capitais , havendo elevados beneficios sociais ora tragicamente inexistentes e de que tanto carecemos .
    E a racionalidadce económica versus um necessário e urgente crescimento económico , aconselha a que a “Sociedade” assuma racionalmente tais riscos e para isto existem os “bancos de fomento” a par das “sociedades de seguro de credito” a que os empresários-empreendedores recorrem , apenas sendo de lhes exigir no máximo um “Projecto Rentável” e no minimo um adequado “fundo de maneio” …
    No resto , é esta tacanhez que não nos salva , com uma danosa “comunicação social” , a ignorância de um P.M. ,um M.F. merceeiro , um M.Economia fala-barato e uma C.G.D. que não passa de uma Agência de Colocação de Empregos pró-partidários !… Ainda , uma C.G.D. que apenas escandalosamente financia operações especulativas em Bolsa !…
    E a nossa História “abrilista” repete-se : 1º . Com as sucessivas politicas socialistas (caça votos) um País politica e socialmente voltado do avesso,onde as escalas de valores mudaram de sinal ou já são nulas v.g. milhares de filhos já batem nos pais (e nos professores…) . Tudo isto permitido com uma “abrilista” Constituição da Republica financeiramente insustentável e que foi elaborada por meia duzia de “cabeças de ovo” e que levou o País ao caos em que ele se encontra ;
    2º Um País economica e fraudulentamente delapitado pelas sucessivas e corruptas politicas do P.S.D. v.g. Cavaco Silva , Oliveira e Costa , Dias Loureiro , Valentim Loureiro , Isaltino Morais e quejandos …
    http://www.tabusdecavaco.blogspot.com/

  6. professor

    REPENSAR a C.G.D.
    Um mui relevante aspecto que passou despercebido aos nossos respeitáveis comentadores !… Pelo vistos , todos aprovaram o PROJECTO do ALQUEVA (Reguengos de Monaraz) . Logo , é assim de presumir que este Projecto tem VIABILIDADE ECONÓMICA com evidente “rentabilidade económico-financeira” (1) . E se existem “elevados benefícios sociais” , neste trágico nosso Presente , é criminoso o abandono deste Projecto …
    Não é hoje fácil cativar o “cauteloso” investimento estrangeiro .
    Portugal é um País com elevados riscos do ponto de vista do investimento . Aliás , foi este o grande argumento para o anterior Estado Socialista ter outorgado os contratos leoninos que assinou …
    A presente questão remete-se então apenas à assumpção dos elevados riscos … É assim compreensível a honesta atitude do não menos “cauteloso” e credível investidor português . Seria justo que o Estado assumisse os riscos sob a forma de SEGURO de CRÉDITO , sobretudo se houver elevados benefícios sociais .
    E PORTUGAL nunca irá longe (2) , enquanto as importantes concretizações das políticas económicas estiverem nas mãos de banqueiros de meia tigela importados à sucapa das hostes partidárias …(3) Não existindo um Banco de Fomento , e no INTERESSE PÚBLICO ,
    o ESTADO , como accionista da C.G.D. , pode e deve interferir nas decisões da C.G.D. e evitar as caóticas a que temos vindo a assistir .
    A BEM da NAÇÃO
    (1) Note-se , a regra é uma activa oferta que gera uma passiva procura .
    (2) Na recente História da Banca , são inúmeros os casos em que as decisões da Banca não coincidem nada com o INTERESSE NACIONAL
    v.g. caso B.P.N. e outros … Apesar de um luxuoso Banco de Portugal !…
    (3) Vejam o que aconteceu ao B.C.P. …

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