Os sábios do regime (2)

“não recolher os impostos previstos por causa da recessão, ou ter um crescimento exponencial das despesas da segurança social devido ao desemprego, já são consequências do modelo escolhido para controlar o défice.”

Eu até me vou esquecer da conjuntura internacional. Que já no governo anterior andavamos a pedir dinheiro para pagar os encargos da dívida. E que, de qualquer forma, os credores já não estavam dispostos a financiar-nos os défices públicos pelo que se não fizessemos um acordo com os credores o défice orçamental era imediatamente ZERO e teriamos de cortar despesa muito mais rapidamente pela simples razão de não haver dinheiro para além do que conseguissemos extorquir aos contribuintes ou a vender património. Posto isto, gostava imenso que o Pacheco Pereira apresentasse propostas para reduzir o défice público em Portugal sem causar

a) Contração da actividade económica
b) Redução da receita com impostos
b) Aumento do desemprego

11 pensamentos sobre “Os sábios do regime (2)

  1. migspalexpl

    simples: imprimir moeda. não o podemos fazer? porque só o BCE pode imprimir moeda e está proibido de financiar directamente os estados? então mudem-se as regras, ou saia-se da moeda única. é preciso ver o que somos: um pais soberano, sem dinheiro e proibido de se autofinanciar devido a imposições externas, bela noção de soberania (enfim, no fundo estamos presos a um padrão ouro. onde é que já vimos isto? lá para os anos 30, 40 nao?)

  2. Joaquim Amado Lopes

    Tem toda a razão, migspalexpl. Se a realidade não nos dá jeito, vamos (continuar a) brincar ao faz-de-conta.

    Saímos da moeda única e voltamos ao escudo, com desvalorização imediata.
    As poupanças que se tenha desvalorizam e a dívida externa dispara, assim como o custo das matérias-primas e bens de consumo importados.
    Pode-se fazer o default da dívida mas isso significa que ninguém nos empresta mais dinheiro a não ser com taxas de juro várias vezes superiores às actuais.
    As importações de certos bens baixam mas os bens essenciais ficam muito mais caros.
    O preço do que exportamos baixa um pouco (à custa da redução dos salários causada pela desvalorização da moeda) e passamos a vender um pouco mais.

    Entretanto, comprámos uma impressora e vamos imprimindo dinheiro para continuarmos a fingir que somos ricos mas na realidade apenas conseguimos inflação, que vai desvalorizar ainda mais as poupanças, aumentar o preço dos produtos que exportamos e reduzir o valor do dinheiro que imprimimos ao do papel em que é impresso.

    Será que esta gente não vê que a “alternativa” à “austeridade” e a nos irmos habituando a viver com um bocado menos é que passemos a viver com muito menos de um dia para o outro?

  3. Miguel Noronha

    Para simplificar a vida aos que procuram caminhos alternativos comecem por pensar como evitaria as falâncias e o desemprego no sector das obras públicas e contrução civil.

  4. “simples: imprimir moeda. não o podemos fazer?”

    Nada como a fraude e contrafacção de moeda em suma especulação fincanceira não é migspalexpl ?
    Tem sempre muitos adeptos quando julgam que cai para o seu lado.

    Quem diz como o Pacheco Pereira que o PEC IV era a solução é simplesmente: burro e não sabe fazer contas simples, daquelas da primária.
    Mas é pior, pelos vistos para o PEC IV e contemporizar com Sócrates era bom não haver Política. O PCP tem direito a fazer política, os outros não.
    É o resultado de quem ainda não tem cultura para pensar sobre economia. O que é que ele espera de uma bolha de crédito? Por definição uma bolha de crédito quer dizer que a quantidade de transacções económicas foi muito superior ao normal. Ora a correcção a isso é menos transacções. Ou seja menos “crescimento” ,menos actividade económica, aka menos dinheiro.

    “Crescimento” na definição do status squo quer dizer a qualquer custo: ter um défice de 8% do PIb para crescer 1,5% Pib ou seja será impossível de pagar sem aumentar impostos …numa palavra: insustentável.

  5. Paulo Pereira

    A solução é aumentar as exportações e substituir importações através de uma politica fiscal adequada, como a redução em 50% do IRC e da TSU nos sectores transacionáveis.

    O deficit adicional devido à redução desses impostos, cerca de 1% do PIB ou 1700 milhões de euros deveria ser financiado com divida interna emitida com crédito fiscal a 100%.

    Esses titulos deveriam ser emitidos ao portador e transacionados no mercado bancário, funcionando como uma quase moeda.

  6. Alberto Mendes

    Caro Paulo Pereira,

    ” […] como a redução em 50% do IRC e da TSU nos sectores transacionáveis”

    A medida que sugere não é inconstitucional? Diferencia portugueses entre os que trabalham nos transacionáveis e os que trabalham nos não-transacionáveis :).

    Quanto à media em si, porque não para toda a economia? São seria mais justo e eficiente?

    Cumprimentos,

  7. Joaquim Amado Lopes

    “financiado com divida interna emitida com crédito fiscal a 100%” significa simplesmente antecipar impostos. Ou seja, gastar agora (ainda mais) dinheiro dos impostos dos próximos anos.

    A descida do IRC e TSU tem que ser “paga” com a descida da despesa do Estado, não com mais dívida.

  8. Paulo Pereira

    Alberto Mendes,

    A descida seria prioritária nos sectores transacionáveis de forma a não causar um aumento do deficit muito elevado, mais tarde seria alargada a todas as empresas quando a economia já estivesse a crescer o suficiente.

    Joaquim Amado Lopes,

    A redução do deficit abaixo dos 5,5% traduz-se em destruição do sector privado. É uma utopia sem sentido.

    A divida se for financiada internamente é sustentavel.

  9. Joaquim Amado Lopes

    Paulo Pereira (9),
    “A redução do deficit abaixo dos 5,5% traduz-se em destruição do sector privado. É uma utopia sem sentido.”
    Austrália: 2006: 2.1 — 2007: 2.1 — 2008: 0.5 — 2009: -4.1 — 2010: -4.8 — 2011: -3.3 (estimado) — 2012: -1.5 (previsto) — 2012: -0.3 (projectado)
    Alemanha: 2006: -1.7 — 2007: 0.2 — 2008: -0.1 — 2009: -3.2 — 2010: -4.3 — 2011: -1.2 (estimado) — 2012: -1.1(previsto) — 2012: -0.6 (projectado)
    Luxemburgo: 2006: 1.4 — 2007: 3.7 — 2008: 3 — 2009: -0.9 — 2010: -1.1 — 2011: -1.2 (estimado) — 2012: -2 (previsto) — 2013: -1.8 (projectado)
    (positivo é superavit, negativo é deficit)

    Pode ir consultar a lista completa em http://www.gfmag.com/tools/global-database/economic-data/10395-public-deficit-by-country.html#axzz20AJAMaOK
    Mas não deixe que os factos, o senso comum ou o mais elementar exercício neuronal se intrometa nos seus comentários.

    “A divida se for financiada internamente é sustentavel.”
    Claro que é. Principalmente em países com balança de pagamentos com deficit crónico, certo?

    O Paulo nem sequer pensa antes de escrever, pois não?
    Ou isso ou é um troll e escreve tais barbaridades só para provocar.

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