O meu artigo de hoje para o jornal i.
A crise política da moeda única
Andamos tão preocupados com a crise da dívida, a possível saída da moeda única da Grécia, da Espanha e de Portugal que esquecemos o desafio político que podemos enfrentar nos próximos meses. A diferença da produtividade entre o norte e do sul da Europa, a que se soma a incapacidade que os países mais pobres tiveram em perceber que a solidariedade europeia implicava um esforço reformista que não levaram a cabo, pode tornar-se fatal para o projecto europeu.
Pelos mesmos motivos, as democracias europeias poderão sofrer transformações ainda hoje impensáveis. Caso a moeda única acabe, é todo o programa político que está agora a ser encetado que será posto em causa. Os seus governos perderão credibilidade política e os partidos que os sustentam, pouco mais terão para dizer aos eleitores. Caso o euro desapareça, o palco fica montado para outros actores políticos que não os que estão hoje em cena. PS, PSD e CDS estão de tal forma implicados no programa da troika que correm o risco de serem ultrapassados pelos acontecimentos, caso as políticas seguidas até agora para salvar a moeda única percam sentido.
Mais grave ainda será a helenização política da Europa. O fim do euro é o fim político de Merkel e da liderança alemã. Ora, se sem Merkel a Alemanha vai pensar o que quer fazer da vida, sem Alemanha a Europa volta ser um continente no qual os seus vários estados só têm em comum a história. E esta já nós conhecemos bem demais.
“O fim do euro é o fim político de Merkel e da liderança alemã. ”
Nem pensar.
“PS, PSD e CDS estão de tal forma implicados no programa da troika que correm o risco de serem ultrapassados pelos acontecimentos, caso as políticas seguidas até agora para salvar a moeda única percam sentido.”
As “políticas seguidas até agora para salvar a moeda única” são as políticas necessárias para procurar a sustentabilidade financeira dos países. Com ou sem euro, o sentido dessas políticas (umas mais acertadas do que outras) é inevitável.
O problema são as “novas medidas” dos “esturricadores do dinheiro dos outros” (apoios públicos ao investimento e “impressoras a todo o vapor”) e que vão contra o programa da troika.
A CEE foi construida sem o Euro.
A CEE pode viver sem o Euro.
A Alemanha está a destruir o Euro com a sua teimosia ignorante.
A Alemanha se não quer uma moeda única deve sair da moeda unica.
Condições do Pacto de Estabilidade e Crescimento, assinado por :
Deficit público: igual ou menor que 3% do PIB
Dívida pública: igual ou inferior que 60% do PIB
E a Alemanha é que está a destruir o Euro por não estar disposta a alinhar com a intenção de certos países de continuarem a ter deficits públicos superiores a 5-8% e a aumentarem ainda mais as suas dívidas públicas que já ultrapassam os 100% dos respectivos PIB’s.
JAL,
Os deficits públicos advêm do sistema capitalista monetário em que estamos inseridos.
Não é possivel uma economia capitalista sem deficits publicos.
A Alemanha tem deficit publico baixo porque tem um superavit comercial alto. É impossivel todos os paises terem superavits comerciais.
A Alemanha está a destruir o Euro porque ao fim de 10 anos os mercados perceberam que esta pseudo-moeda única é inviável, e a Alemanha insiste na estupidez de querer manter tudo na mesma, ou seja não aprende apesar de estar á vista de todos a asneira.
Paulo Pereira (5),
Se é impossível todos os países terem superavits comerciais (ao mesmo tempo), é igualmente impossível todos os países terem deficits comerciais (ao mesmo tempo). Assim, o que escreveu não tem qualquer significado ou relevância. De qualquer forma, a China, a África do Sul, a Colômbia ou a Austrália terem deficit comercial não nos afecta minimamente. O que nos afecta é NÓS termos deficit comercial permanente.
Em qualquer economia capitalista, é perfeitamente possível deficit público 0 (zero) ou mesmo superavit público. O que não é sustentável é haver deficit público permanente.
E “esta pseudo-moeda” só é inviável por causa da estúpidez dos que acham que quem “faz pela vida” e tem sucesso está por isso obrigado a sustentar os que não estão para se esforçar e querem fazer de ricos com o dinheiro dos outros.
Não é a Alemanha que quer manter tudo na mesma. Quem quer manter tudo na mesma é quem não abdica de viver a crédito.
As regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento foram criadas precisamente para que os países do Euro mantivessem a dívida pública “gerível”. A responsabilidade de o Euro ser inviável é de quem assinou o PEC e não quer cumprir as regras com que se comprometeu.