O Bloco de Esquerda ganhou

Permito-me discordar do Nuno Gouveia. Se houve partido que ganhou ontem foi exactamente o Bloco de Esquerda. Ganhou, em primeiro lugar, porque agora existe a percepção de que um partido como o Bloco de Esquerda pode aspirar a ser governo. O Syriza não ganhou, mas podia ter ganho, e só essa possibilidade dá ânimo aos apoiantes locais do Neo-comunismo, ajudando no combate contra o voto útil. Mas o Bloco de Esquerda venceu principalmente porque o Syriza não ficou em primeiro e não irá formar governo. Neste caso não se irão conhecer as consequências de um governo neo-comunista. Os portugueses poderão agora sentir que, ao votar no Bloco de Esquerda, estão a votar numa força que pode ser governo, sem conhecer as consequências de tal acontecer. Foi o melhor que podia ter acontecido ao Bloco de Esquerda.

14 pensamentos sobre “O Bloco de Esquerda ganhou

  1. Concordo contigo. Devo, no entanto, acrescentar que é injusto avaliar uma determinado programa de acção política pelo que acontecer na Grécia. Qualquer que fosse a área do próximo governo, socialista, social democrata, conservador, liberal, etc, o desastre é anunciado.

  2. Nogueira da Costa

    Seria certamente injusto… mas não deixaria de ser um golpe enorme na extrema esquerda. Da mesma maneira que esses partidos em Portugal ganham votos criticando ferozmente os partidos do governo, mesmo sabendo que de forma alguma fariam melhor, caso o Syriza formasse governo lá, quando aquilo desse pró torto todos os partidos de direita por esse mundo fora capitalizariam isso. Ainda mais capitalizariam o facto de a esquerda ter apoiado aquele caos.

  3. Paulo Pereira

    É isso mesmo.

    Os erros continuos dos candidatos a liberais vão abrindo caminho ao esquerdismo e ao estatismo.

    Para quando um programa liberal sério e não dogmático ?

  4. o fantasma

    Mas esses tais bloquistas ainda têm razão para existir?O que eles fizeram de bem para Portugal,a não ser chular o dinheiro dos nossos impostos,daqueles que trabalham, para alimentar e de que maneira essa corja de inuteis?

  5. Pingback: Fica para a próxima « O Insurgente

  6. “Mas esses tais bloquistas ainda têm razão para existir?O que eles fizeram de bem para Portugal,a não ser chular o dinheiro dos nossos impostos,daqueles que trabalham, para alimentar e de que maneira essa corja de inuteis?”

    Fogo, que susto. Por momentos pensei que estaria a falar dos “quasi-enternos” “chupadores de impostos e de outros gastos” que nos (des)governam há mais de trinta anos. Mas, facilmente, compreendi que estava a falar dos bloquistas que gastam e desgatam dinheiros públicos e ainda alicerçam ideologicamente o seu discurso. Os “pragmáticos” que nos (des)governaram têm todas as razões para existir. Todas.

  7. Paulo Pereira

    O BE não precisa de chegar ao poder.

    O PSD e o PS são suficientes para levar o país á pobreza e ao desemprego de 16% !

  8. “O que eles fizeram de bem para Portugal[?]”

    Penso que o Francisco Louçã tem livros publicados no estrangeiro; se for assim, contribui para equilibrar um pouco a balança comercial (será um exportador, ainda que em pequena escala).

  9. Uma vitória do SYRIZA representaria outro problema para o Bloco de Esquerda, e sobretudo para Louçã:

    O “partido irmão” do BE é o SYRIZA (ou mais exactamente o Sysnaspismos); mas o partido irmão da APSR é a OEKD-Liga Spártakus, que integra a coligação ANTARSYA e que considera o SYRIZA como “reformistas”.

    Enquanto tanto o SYRIZA como a ANTARSYA estiverem na oposição isso não causa grandes problemas; mas se o SYRIZA fosse para o governo, estaria aberto o caminha para mais uma dissidência dentro do BE (parte da ala trotskista haveria de tomar o lado dos seus camaradas gregos e entrar em dissidência, contra as boas relações entre o BE e o “governo burguês” da Grécia).

  10. Carlos

    Essa onda não funciona assim, a meu ver. Também o PS quis navegar a onda-Hollande e não funciona. Cada partido tem uma cultura própria, mesmo que aparentemente a sua ideologia seja aparentada. A cultura própria tem a ver com o país, os dirigentes, os militantes.
    O BE já teve uma certa expressão, e também nessa altura era um partido em que também se votava porque se sabia que não iria formar governo mas iria ser oposição parlamentar. Se vier a subir nas sondagens é ainda nessa perspectiva, a meu ver.
    Ana

  11. Pedro Miguel

    Tenho que concordar com o Gustavo Gouveia. O Louçã anda cá – literalmente – desde o século passado. Ele e o BE já se tornaram parte do “sistema” político português. Antes eram novidade mas agora não há português que não os conheça e são pouquíssimos os que os levam a sério e os consideram pouco mais que um partidozeco de protesto. Tinham uns quantos grandes temas fracturantes mas com o aborto e o casamento gay (logo os que davam mais nas vistas) perderam a sua razão de ser e isso viu-se nos resultados das últimas eleições e há que ter em conta que estava no poder um partido de centro-esquerda, a melhor altura para tentar roubar os votos da ala mais à esquerda do PS descontente! Agora com o PS na oposição ainda será mais difícil para o BE recuperar do resultado das eleições do ano passado. E depois para piorar as coisas está o próprio Louçã. Antes era só um pseudo-moralista revolucionário, agora é um pseudo-moralista revolucionário (cada vez mais) velho. Onde antes ele era a mais valia do BE, agora é talvez o pior empecilho ao crescimento de um partido ainda jovem com uma base de apoio eleitoral jovem. Sem contar com as guerrinhas internas que se têm tornado mais visíveis nos últimos tempos. Espero que o futuro não mostre estar redondamente errado.

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