Selecção Individual, Selecção de Grupo e Liberalismo Clássico

O reputado biólogo e fundador da sociobiologia E. O. Wilson acabou de lançar o seu mais recente livro intitulado “The Social Conquest of Earth”. O livro está a ser recebido com sentimentos díspares junto da academia e a principal razão para esse efeito é que Wilson, uma das grandes referências no campo da biologia, abandonou o paradigma que desde os anos 60 tem vindo a dominar o campo da biologia evolutiva: o paradigma da selecção individual. Desta forma, Wilson é mais um grande nome da disciplina a abraçar a força evolutiva da selecção de grupo como modelo explicativo do comportamento humano. Wilson não inventou a roda, limitou-se a reverter às ideias iniciais de Charles Darwin, que deixou escrito que a evolução se dava ao nível dos grupos, ou mais especificamente, ao nível de tribos mais fortes e adaptadas que suplantam tribos menos adaptadas.

 “A tribe including many members who, from possessing in a high degree the spirit of patriotism, fidelity, obedience, courage, and sympathy, were always ready to aid one another, and to sacrifice themselves for the common good, would be victorious over most other tribes; and this would be natural selection. At all times throughout the world tribes have supplanted other tribes.” Darwin, em “The Descent of Man”

Nos anos 60 o paradigma mudou a favor da pura selecção individual (preconizada por autores como Richard Dawkins e o seu “Gene Egoísta”), esta postula que a selecção natural dos mais adaptados é feita apenas ao nível do indivíduo porque os seus genes são “egoístas” e como tal irão colocar-se sempre a si mesmos à frente dos interesses de qualquer grupo.

Este paradigma individualista influenciou as ciências sociais, que viram na selecção individual a confirmação do liberalismo, um mundo onde só existem indivíduos soberanos, genericamente auto-interessados e racionais, e onde não há lugar para grupos como unidades orgânicas.

Porém, sem negarem a força da selecção individual, cada vez mais autores a favor da selecção de grupo (mais especificamente da selecção multi-nível) estão a argumentar que nas situações onde a sobrevivência de um indivíduo depende do modelo organizativo da tribo, o interesse do indivíduo passa a estar alinhado com o da tribo, gerando o fenómeno da selecção de grupo. Por outras palavras, devido à possível ameaça de um grupo sobre outro, o grupo mais coeso, mais bem organizado, com mais altruístas e mais etnocêntrico irá prevalecer sobre o vencido em caso de disputa social ou territorial e irá passar os seus genes às próximas gerações. Em suma, podemos estar a assistir ao fim do paradigma analítico estritamente individualista que dominou a segunda metade do século XX.

Wilson foi muito claro quando escreveu que o legado genético dos humanos é o etnocentrismo e a propensão para pertencer a grupos e, se preciso, para lutar por eles.

“People are prone to ethnocentrism. It is an uncomfortable fact that even when given a guilt-free choice, individuals prefer the company of others of the same race, nation, clan, and religion. They trust them more, relax with them better in business and social events, and prefer them more often than not as marriage partners.” E. O. Wilson

As repercussões na filosofia política fizeram-se sentir no imediato. Os partidários do igualitarismo desgostam da destruição do mito universalista que está presente nesta real dinâmica de altruísmo (“in-group”) e antagonismo (“out-group”), mas não desgostam da ideia subjacente de que afinal o “bem do grupo/colectivo” existe.  Já muitos liberais clássicos/libertários desgostam de praticamente tudo. A sua pré-disposição ideológica para ver apenas indivíduos e não grupos, etnias, nações ou colectivos leva a que muitos ignorem as evidências empíricas que os antropólogos e historiadores nos relevam: que o legado genético da humanidade é a história de tribos étnicas contra outras tribos étnicas, de grupos contra grupos. O maior receio deste liberais é que a aceitação da selecção de grupo signifique a aceitação do socialismo ou de outras formas estatizantes de colectivismo.

Curiosamente, F. A. Hayek, uma das grandes referências liberais clássicas contemporâneas, foi dos primeiros a abraçar a selecção de grupo ao aplicar o processo evolutivo à análise social. Na altura foi inclusivamente acusado por outros académicos liberais de estar a “trair” a lógica do individualismo metodológico e até dos princípios liberais. Porém, já depois de uma longa carreira, em “Law, Legistation and Liberty” e em “Fatal Conceit”,  Hayek não hesitou em aplicar a selecção de grupo biológica às normas sociais. O académico austríaco postulou que os grupos com as normas sociais mais eficientes seriam materialmente mais prósperos, aumentariam comparativamente a sua reprodução populacional e conquistariam outros grupos que detenham normas sociais menos eficazes. Para Hayek é irrelevante se essa conquista se dava pela via da guerra ou da colonização migratória, o importante para ele é a percepção de que os grupos com normas sociais que favorecessem a prática mercantil, propriedade privada e cumprimento de contratos estariam na posição de vanguarda (e.g. a expansão dos europeus pelos continentes do mundo e conquista de novo território).

Por conseguinte, Hayek percebeu que a aceitação da selecção de grupo não teria necessariamente de negar o liberalismo clássico, apenas teria de o enquadrar num cenário realista que esteja de acordo com o legado evolutivo humano. Caso contrário, esta filosofia política poderia passar a ser um castelo construído no ar, baseada em indivíduos genericamente atomizados que não existem. O próprio Hayek não concordaria com o sentido literal da famosa frase de Margaret Thatcher “não existe tal coisa como sociedade, apenas indivíduos e famílias” pois tal sugere a inexistência de uma sociedade como força bio-cultural adaptativa.

Desta forma, e observando a actual mudança de paradigma em curso, torna-se importante salientar que F. A. Hayek demonstrou uma capacidade intelectual notável ao abraçar a selecção de grupo numa fase (70’s e 80’s) em que a selecção individual era o paradigma evolutivo em voga, contrariando as expectativas de todos os que seguiam o seu trabalho académico; especialmente no mundo liberal clássico onde o conceito de grupo era e é anátema para muitos. Isto demonstra a razão porque Hayek é possivelmente o pensador liberal clássico contemporâneo com mais reconhecimento no mundo académico: ao contrário do que costuma ser alegado, a razão não está simplesmente no facto de Hayek ser um liberal moderado que pode ser facilmente absorvido pelo status quo, mas sim porque, apesar de erros possíveis que possa ter cometido, era um pensador com flexibilidade intelectual suficiente para perceber muitos dos principais problemas que existem no seu campo político-filosófico.

O inevitável retorno da selecção de grupo promete mudanças consideráveis no pensamento filosófico do futuro. Ademais, em Harvard, quando E. O. Wilson ficou a saber que John Rawls não tinha qualquer conhecimento de sociobiologia, Wilson respondeu: “o tempo em que os filósofos não sabem nada de sociobiologia irá acabar”.

F. A. Hayek, naturalmente, esteve à frente desse tempo.

PS: Os biólogos como E. O. Wilson que estão a trazer de volta esta perspectiva de grupo renegada no pós-guerra, fazem-no numa altura especialmente relevante para a Europa: depois de 60 anos de engenharias sociais ao nível da U.E., onde se promoveu a destruição das identidades nacionais e do conceito de “nação” pela via das fronteiras abertas e do multiculturalismo (para abrir alas ao homem universal e atomizado sob a égide de um super-Estado), a verdadeira face da natureza humana irá erguer a sua cabeça, com consequências (im)previsíveis.

 

Leitura complementar: E.O. Wilson: “Why do Humans Need Tribes?”

34 pensamentos sobre “Selecção Individual, Selecção de Grupo e Liberalismo Clássico

  1. “Isto demonstra a razão porque Hayek é possivelmente o pensador liberal clássico contemporâneo com mais reconhecimento no mundo académico: ao contrário do que costuma ser alegado, a razão não está simplesmente no facto de Hayek ser um liberal moderado que pode ser facilmente absorvido pelo status quo, mas sim porque, apesar de erros possíveis que possa ter cometido, era um pensador com flexibilidade intelectual suficiente para perceber muitos dos principais problemas que existem no seu campo político-filosófico.”

    Concordo inteiramente. Por coincidência, ainda esta manhã o Prof. JMM me chamou a atenção mais ou menos para a mesma coisa numa conversa sobre as diferentes posições “austríacas” no âmbito da epistemologia, campo onde Hayek é simultaneamente o mais “difícil” dos austríacos mas está também num patamar qualitativos e de profundidade diferente, provavelmente por considerar dificuldades e problemas que outros não viram ou preferiram não explorar.

  2. António Joaquim

    A seleção de Paulo Bento tem o Cristiano Ronaldo e para já quer chegar aos quartos.

  3. Luís Lavoura

    Essa teoria dos grupos tem um problema, é que nunca se sabe bem a que grupo um indivíduo vai decidir pertencer. Por exemplo, vai decidir ser dos benfiquistas contra os sportinguistas, dos brancos contra os pretos, ou dos cristãos contra os judeus? E o que acontecerá aos indivíduos que não optam por grupo nenhum, ou que oscilam de fidelidade entre diversos grupos? Por exemplo, o que acontece quando um resistente polaco judeu se apercebe do antissemitismo de alguns outros resistentes polacos?

  4. «Nos anos 60 o paradigma mudou a favor da pura selecção individual (preconizada por autores como Richard Dawkins e o seu “Gene Egoísta”), esta postula que a selecção natural dos mais adaptados é feita apenas ao nível do indivíduo porque os seus genes são “egoístas” e como tal irão colocar-se sempre a si mesmos à frente dos interesses de qualquer grupo.»

    Eu confesso que não percebo muito disso, mas pelo pouco que li tenho 95% de certeza que a teoria de Dawekins do “Gene Egoista” é exactamente o contrário: de que o egoismo dos genes consiste exactamente em eles estarem dispostos a sacrificar o individuo que os “carrega” se isso for benéfico para o gene (ou seja, para a família, para a tribo, etc.).

  5. “Eu confesso que não percebo muito disso, mas pelo pouco que li tenho 95% de certeza que a teoria de Dawekins do “Gene Egoista” é exactamente o contrário: de que o egoismo dos genes consiste exactamente em eles estarem dispostos a sacrificar o individuo que os “carrega” se isso for benéfico para o gene (ou seja, para a família, para a tribo, etc.).”

    Está a confundir com a “kin selection”, que era a explicação que Dawkins deu para a existência de altruísmo para com familiares próximos que partilhavam os mesmos genes num grau elevado; mas ele postulou que isso não era mais que outra forma de egoísmo genético (dos genes se quererem propagar) e que o altruísmo era apenas aparente. Mas isso é uma discussão completamente diferente. A selecção de grupo não é incompatível com a “kin selection”, ou em termos mais gerais, com a “inclusive fitness”. São interpretações diferentes do altruísmo.

  6. FGCosta

    Penso que a questão não é assim tão linear.
    Em primeiro lugar, e embora eu ainda não tenha lido o livro em causa, este conceito de “genes sociais” ou de sociedades e grupos prosperarem mais ou menos (ou até se extinguirem) em função dos comportamentos colectivos adoptados, não é nova. Foi pela primeira vez abordada pelo mesmo cientista num muito polémico livro chamado Sociobiology: The New Synthesis e publicado em 1975.
    Era um livro sobre o comportamento de grupos animais, sobretudo insectos (E.O.Wilson é especialista em comportamento das formigas), e em que num capítulo quase no fim ele faz uma transposição do conceito para a espécie humana, que ficou cunhado como Sociobiologia.
    Na altura foi violentamente atacado, tanto ele como a obra, havendo ferozes boicotes às suas aulas e conferências, e tendo a oposição furiosa dos muito influentes “Concerned Cientists” entre os quais avultava Stephen Jay Gould, muito querido da esquerda marxista. Curiosamente, teve o apoio do conhecidíssimo Noan Chomsky, que é uma pessoa com dupla personalidade: enquanto cientista é imparcialíssimo – é um linguista que defende as programação genética da linguagem nos seres humanos apesar disso ser muito pouco marxista – e como activista (única imagem que geralmente é publicitada) é o que se sabe…
    Na verdade, a ideia de que as sociedades e o seu sucesso ou insucesso possam depender de factores genéticos predominantes no pool da sua população que as tornam assim mais ou menos receptivas a adoptar certos comportamentos grupais, ofende e coloca flagrantemente em causa o dogma que fundamenta o marxismo: igualdade absoluta dos indivíduos, que podem (e devem) ser moldados pela sociedade – comandada obviamente pelos ideólogos, sendo todas as diferenças fruto de uma injustiça social.
    Mais tarde E.O.Wilson “amaciou” um pouco os seus conceitos (não sei se por convicção ou por conveniência), e ultimamente era até muito citado por ter passado a defender causas verdes. A verdade é que se a ideia era ver-se livre dos estigmas do passado (acusado de nazi, fascismo, eugenista, etc…), a coisa resultou porque passou a ser citado frequentemente nessa qualidade “verde” sempre com a com cuidadosa omissão na sua obra seminal.
    Como já disse, não li ainda o livro em causa, mas é preciso ter cuidado na interpretação dissociativa de características individuais (condicionadas pelos genes e ambiente – quanto mais igual for o ambiente maior é a responsabilidade das características genéticas nas diferença individuais, daí um bocado disparatada esta tentativa de atribuir percentagens de influência…) e características dos grupos sociais, que seriam, segundo o autor do post, o factor determinante. Acontece, e essa é a teoria em que os textos iniciais deste e outros autores se baseiam, que os comportamentos de um grupo social são fruto das características de personalidade maioritárias (ou dominantes) nessas mesmas sociedades, pelo que o papel individual continua a ser primordial. Seria aliás impossível haver uma espécie de “gene social”. Um exemplo simples (e histórico) para se perceber melhor: se tivermos uma sociedade em que a maioria das pessoas tenham uma tendência natural (genética) para ter repulsa pela endogamia (relações sexuais com pais ou irmãos), diminuem os casos de anomalias genéticas, o que leva a que esse grupo se torne cada vez mais predominante (porque se reproduz mais) e que a partir de certa altura essa repulsa seja o comportamento social generalizado, moral e legalmente aceite, neste caso com os óbvios benefícios para o mesmo.
    Já no caso oposto, não haver no grupo social ninguém ou apenas poucos indivíduos com esse tipo de repulsa natural, os comportamentos e normas sociais não irão impor proibição (moral ou legal, tanto faz) da endogamia, o que irá aumentar as deficiências genéticas e ter repercussões dramáticas nesse grupo social. Não foi porque o grupo agisse como um todo, mas porque não houve elementos individuais que dessem inicio a uma processo de auto-selecção.
    Daí que eu discorde da minimização da importância do individual e detrimento de uma espécie de “impulso” social, uma vez que para haver esse impulso ele tem que partir dos seus indivíduos.

    Fernando Gomes da Costa
    Coimbra

  7. Paulo Pereira

    O homem é a única espécie onde a cultura influencia a genética.

    Existem uma realimentação continuada entre a seleção natural ao nivel do genes e uma certa seleção cultural ao nivel do grupo.

    Acho que E.O.Wilson e R. Dawkins estão mais ou menos de acordo quanto a isto desde os anos 80 , apesar do desacordo inicial nos anos 70.

  8. Caro Fernando Gomes da Costa,

    “Daí que eu discorde da minimização da importância do individual e detrimento de uma espécie de “impulso” social, uma vez que para haver esse impulso ele tem que partir dos seus indivíduos.”

    Nenhum dos cientistas que advoga a selecção multi-nível, como é o caso de E.O. Wilson, irá discordar desta sua observação. A selecção multi-nível incorpora a selecção de grupo numa lógica que antes era apenas individual. Neste novo paradigma, ambos os níveis de selecção são considerados, sendo a selecção de grupo uma força determinante na evolução, apesar de não ser a única.

  9. “Noan Chomsky, que é uma pessoa com dupla personalidade: enquanto cientista é imparcialíssimo – é um linguista que defende as programação genética da linguagem nos seres humanos apesar disso ser muito pouco marxista – e como activista (única imagem que geralmente é publicitada) é o que se sabe…”

    Não vejo onde é que está a contradição – porque é que um anarquista não há de poder achar que a linguagem é geneticamente programada?

  10. Confesso não perceber como Hayek faz a fagocitose das teorias de Wilson. As teorias de Wilson parecem-me fazer sentido para grupos que resultam como agregação instintiva, uma programação genética para a sobrevivência. Os grupos sociais sã isso mesmo, uma alteração ao agrupamento que resultaria como um fenótipo colectivo (poderíamos ver a tendência para a poligamia masculina como uma reminescência dos grupos de humanos primordiais em regime matriarcal). Nesse aspecto concordo com o Miguel Madeira. A teoria do gene egoísta é, apesar de tudo, de grupos (neste caso de partilha genética), independentemente das considerações que façam ao altruísmo. de facto, Dawkins faz uma caracterização desse altruísmo aparente (eu diria primitivo ou efectivo). Para mim o que deve fazer tremer o liberalismo clássico relativamente à teoria do gene egoísta (e talvez por isso Hayek corresse para os braços de uma alternativa) é a perda útlima da soberania de espécie; após perder o geocentrismo e perder a teoria de que o sistema solar seria o centro do universo, perde-se assim o indivíduo como unidade evolutiva. Será isto, mais que qualquer outra coisa, a subtrair o indivíduo da teoria política em prol de argumentos mais colectivistas. Será interessante o último capítulo do gene egoísta onde Dawkins foge da ciência e assumindo o carácter destrutivo do que escreveu sugere uma saída baseada no colectivo (não enquanto eliminação do indivíduo entenda-se).

  11. Paulo Pereira

    Concordo com o Nuno V. Matos.

    Depois do livro o Gene Egoista, para mim um dos livros mais importantes de sempre, a humanidade só faz sentido assumindo que tem de transcender o Gene Replicador, é esse o seu destino e não pode fugir a essa responsabilidade.

  12. “A teoria do gene egoísta é, apesar de tudo, de grupos (neste caso de partilha genética), independentemente das considerações que façam ao altruísmo.”

    Dawkins foi muito claro quando disse que os indivíduos são apenas organismos, veículos que são usados para a reprodução dos genes. Este novo paradigma de selecção multi-nível não o nega. Apenas diz que a kin selection usada por Dawkins é uma forma de gerar variação genética que dará origem a grupos com determinadas características genéticas e que irão sofrer forças de selecção de grupo para que possam agir como unidades adaptativas. É esta força de selecção de grupo como unidade adaptativa que Darwkins rejeita que exista e que os teóricos (como Wilson) da selecção multi-nível reconhecem como existente e extremamente importante na evolução. Logo, formalmente, a kin selection só por si não é uma teoria de grupo porque continua no paradigma do gene egoísta que Dawkins defende.

    “a humanidade só faz sentido assumindo que tem de transcender o Gene Replicador, é esse o seu destino e não pode fugir a essa responsabilidade.”

    A humanidade não pode transcender o que é, pensar que sim é pensar que se pode parar a evolução, e a evolução dá-se através da diferença e da evolução de certos grupos em relação a outros … não há forma (lógica) de parar este processo.

  13. “é pensar que se pode parar a evolução”

    É facilimo (quase) parar a evolução – numa sociedade monogámica e com uma tecnologia suficiente para quase ninguém morrer antes dos 40 anos, não vejo grande margem para evoluções.

  14. Paulo Pereira

    Filipe Faria,

    No homem, a cultura é a mais forte forma de evoluçao,

    E só nós podemos perceber o valor da vida , esse é o nosso destino e a nossa transcendencia, preservar a vida no planeta ao mesmo tempo que mantemos o nosso egoismo natural.

    E.O. Wilson é dessa opinião !

    A genética é muitoooooooooooooooo lentaaaaaaaaaaaaaaaa face à cultura.

  15. Paulo Pereira

    Filipe Faria,

    Aconselho-o a ler o mesmo livro também.

    Como disse antes , o homem é a unica espécie onde a cultura realimenta a genética acelerando a evolução de ambos.

    Mas veja lá o que aconteceu em 6000 anos de cultura escrita e veja os ultimos 200 anos.

    Não podemos fugir à nossa responsabilidade, não somos somente genes replicadores.

  16. Paulo Pereira,

    Acha mesmo que lhe ia recomendar um livro que não li?
    Para finalizar:
    1) Eu não disse que a cultura não tinha qualquer impacto no processo evolutivo, aliás, o meu texto diz o contrário.
    2) Em lado algum disse que somos somente genes replicadores. Se estudar a teoria de multi-nível e ler com atenção os livros envolvidos na discussão irá perceber melhor o significado do que escrevi.
    3) Não, não é possível fugir ao destino evolutivo; faça-se o que se fizer a evolução não é controlada por ninguém (uma ideia muito hayekiana) e o conceito de responsabilidade de que fala não existe como fenómeno universal. Toda a evolução de altruísmo é paroquial e não universal (tese central de Wilson e da selecção de grupos e também da “inclusive fitness” usada por Dawkins).

  17. Paulo Pereira

    Filipe Faria,

    O destino fez do homem o unico que compreende a complexidade da vida e a improbabilidade da vida .

    Ao compreender fica com uma grande responsabilidade para com o resto das espécies . Fugir a isso é pouco humano.

    “Now when you cut a forest, an ancient forest in particular, you are not just removing a lot of big trees and a few birds fluttering around in the canopy. You are drastically imperiling a vast array of species within a few square miles of you. The number of these species may go to tens of thousands. … Many of them are still unknown to science, and science has not yet discovered the key role undoubtedly played in the maintenance of that ecosystem, as in the case of fungi, microorganisms, and many of the insects.[29]”

  18. Filipe, para mim a selecção a nível de grupos acontece como corolário dos pensamentos de Dawkins (e não apesar) e para algumas espécies (eventualmente a maioria). Contudo, o glossário e as consequências do seu uso irão sempre remeter à teoria do gene egoísta que me parece precursora a nível científico. In the end, o altruísmo dos grupo será uma estratégia para garantir a sobrevivência de genes partilhados (para um deísta como Wilson isto pode ser um quebra-cabeças).

    Contudo, quer Wilson quer Dawkins, revelam algo que eu acho emancipador (embora disruptivo): there is no-free will or at least it is highly overrated. Isto é dos maiores statement políticos que já foram gerados pelo pensamento humano.

  19. Paulo Pereira

    Não é isso Nuno Vieira de Matos

    Wilson e Dawkins dizem que apesar dos genes o homem pode transcender os genes , porque para compreender tanto sobre a vida e a natureza em geral e ter chegado até aqui é porque algo de mais existe no homem,

    O destino do homem, conforme Wilson e Dawkins apontam, mas onde Wilson é perentório é ser o guardião da vida no planeta, porque toda a vida está a nós ligada e é tão rara !

  20. Paulo Pereira

    Richard Dawkins
    The alternative to the Ten Commandments cited by Richard Dawkins in The God Delusion is[3]:
    Do not do to others what you would not want them to do to you.
    In all things, strive to cause no harm.
    Treat your fellow human beings, your fellow living things, and the world in general with love, honesty, faithfulness and respect.
    Do not overlook evil or shrink from administering justice, but always be ready to forgive wrongdoing freely admitted and honestly regretted.
    Live life with a sense of joy and wonder.
    Always seek to be learning something new.
    Test all things; always check your ideas against the facts, and be ready to discard even a cherished belief if it does not conform to them.
    Never seek to censor or cut yourself off from dissent; always respect the right of others to disagree with you.
    Form independent opinions on the basis of your own reason and experience; do not allow yourself to be led blindly by others.
    Question everything.

  21. Paulo Pereira

    In fact, Wilson’s faith in science and his fears for the environment both derive from a common source: a reverential, almost religious, view of nature. To know nature, Wilson suggests in The Future of Life, is ‘to love and take responsibility for it’. Every species ‘is a masterpiece’, offering ‘an endless bounty of knowledge and aesthetic pleasure’.

  22. Paulo Pereira

    According to Wilson ‘The biosphere as a whole began to think when humanity was born. If the rest of life is the body we are the mind. Thus our place in nature, viewed from an ethical perspective, is to think about the creation and to protect the planet.’

  23. Paulo, a ausência de livre-arbítrio (e antropocentrismo for that matter) não determina ausência de moral; antes cria uma nova base para uma reformulação dessa moral. Não partilho contudo essa ideia de transcedência. A inteligência humana não é mais que uma estratégia, no meio de outras, para garantir a sobrevivência. Será uma das mais complexas e com mais sucesso mas tal aplica-se neste ambiente. A necessidade de ecologia é a vontade de preservação das mesmas condições que nos tornam mais capazes.

  24. Paulo Pereira

    Tudo bem Nuno, mas este artigo fala de E.O Wilson, e eu partilho diria que 100% do seu pensamento .

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