A propósito do artigo que o Luciano Amaral hoje publica no Diário Económico, da proposta de António José Seguro para que se passe a eleger um “presidente da Europa” e recordando que em Novembro há eleições presidências nos EUA, o que tráz sempre à discussão o método eleitoral utilizado, aproveito para vos colocar uma questão.
Caso elegessemos um presidente da UE com efectivos poderes executivos e que limite ainda mais a soberania dos estados-membros (o que espero nunca venha a acontecer) estariam dispostos que o voto fosse proporcional ao peso de cada estado ou preferiam que fosse usado o método do colégio eleitoral (como nos EUA) em que a proporcionalidade é distorcida em favor dos estados mais pequenos?
Uma pequena achega. Usando a população de cada estado membro com estimador para o peso eleitoral (proporcional) de cada estado teriamos para os 6 maiores países da UE o seguinte cenário:
Total UE | 502520 | % no total | % cumulativa |
Alemanha | 81.752 | 16% | 16% |
França | 65.075 | 13% | 29% |
Reino Unido | 62.435 | 12% | 42% |
Itália | 60.626 | 12% | 54% |
Espanha | 47.190 | 9% | 63% |
Polónia | 38.200 | 8% | 71% |
nota: população em milhares
Uma questão adicional. Acham que os maiores países (particularmente os seus eleitores) estariam dispostos a aceitar este método?
excelente
Mesmo os países maiores, como os referidos no post, não desejariam que a votação fosse proporcional. Mesmo esses países defenderam, ou pelo menos aceitariam pacificamente, que a votação fosse distorcida (pelo método do colégio eleitoral ou por qualquer outro) a favor dos países menos populosos.
Acresce que diferentes países têm, potencialmente, diferentes populações eleitorais (a idade-limite para votar pode ser diferente, os imigrantes podem votar ou não), pelo que há interesse em que os países não possam usar truques (como baixar a idade do voto) para aumentar o seu universo de votantes e, com ele, o seu peso eleitoral.
A normativa mais avançada e modernaça sería considerar os votos de cada país pelo percenteagem e peso do seu PIB no total europeio.
Pondo Fim de aquelas antiguedades de um homem (ou mulher) um voto…
A intenção do post é mais demonstrar a impossibilidade do “aprofundamento” da UE do que a escolha de um método eleitoral. Se bem que é interessante verificar os fundamentos da utilização do colégio eleitoral.
E prega, Seguro como nunca : “Defendo que cada europeu possa votar para eleger um presidente da Europa …” até porque existe um candidato cujo perfil obriga a criação desse lugar: Mário Soares!
Não há nada como “Team work”.
Se fosse usado um mecanismo semelhante ao da eleição para o Parlamento Europeu, os números afastariam-se um pouco dos citados. Se fosse usado um mecanismo semelhante ao colégio eleitoral americano, ainda se afastariam mais. No entanto deve ser notado que em rigor um colégio eleitoral é composto de eleitores, não de representantes nacionais.
“em rigor um colégio eleitoral é composto de eleitores”
Super-eleitores com um mandato bem definido. Embora hajam casos (nos EUA) de alguns que votarem de forma diferente. Não sei se há algum tipo de sanção. De qualquer forma é um fenómeno muito pouco expressivo.
Super-eleitores com um mandato bem definido
Sim, mas o que eu queria dizer é que em princípio o conceito poderia não ser “o país X votou em A” mas sim cada eleitor ser eleito por um candidato, com representação mais proporcional. Em geral os estados pequenos não gostam muito deste tipo de solução porque os candidatos podem prestar quase só atenção aos estados grandes, mas na Europa (excepto no Reino Unido) a representação proporcional é a norma. Nesse tipo de sistema, se existissem mais do que 2 candidatos, provavelmente a eleição não seria definida em termos nacionais.
“Em geral os estados pequenos não gostam muito deste tipo de solução porque os candidatos podem prestar quase só atenção aos estados grandes”
No caso americano passa-se exactamente o inverso.
Se fosse usado um sistema prorcional a eleição decidia-se com os votos de 4 a 6 países. Os restes 20 e tal pouco interessariam. Como é óbvio a campanha (quer em termos de presença fisíca/investimento dos candidatos quer em termos dos temas relevantes) centrar-se-ia nos maiores países.
O sistema que eu estava a dizer que os estados pequenos não gostam é mesmo a representação proporcional. Porém isso só ocorre em eleições que existem apenas 2 candidatos (ou seja, em que não existe realmente uma escolha feita pelo colégio eleitoral). Numa eleição com muitos candidatos (e com modelos que aumentem a representação dos estados mais pequenos), não é possível ignorar os pequenos países (aliás, mesmo sem isso a “força” dos pequenos estados aumenta quanto mais proximo estiverem os candidatos em termos de votos).
Certo. Tinha percebido mal o seu comentário anterior.
A- Presidente da Europa, decorativo, corta-fitas? Um gesto politicamente Insignificante. Apenas mais uma “ego-trip” para ex-Presidentes…. Mais um inútil passo para a frente?
B- PR Europa com poder Executivo, efectivo, e não alemão? Se, por hipótese, um grupo de Países “não-Alemanhã” se unisse com tal desideráto, seria uma vitória de Pirro. Na prática resultaria, ou num exercício do tipo A, ou em mais uma barafunda á escala europeia. Não bastou o Euro?.
Cada vez mais, dia a dia, se torna muito claro que esta Alemanhã (reunificada), como se adivinhava, não é miscível. O Euro, este Euro, gerido da forma que, quem teve poder para isso, o fez, foi o definitivo golpe-de-misericórdia.
Óbvio e não vale a pena divagar inventando eufemismos de Uniões Europeias mais ou menos irrealizáveis. Escamotear a realidade apenas com o intuito de prolongar, artificialmente, o perdurar de uma classe política -a numenclatura europeia e apendices, velhos e novos- preocupada, apenas, com a sua subrevivência, num salve-se quem puder de “elites” em classe executiva, ao arrepío do bem comum de Gregos, Portugueses, Irlandeses e outros (pobres) Póvos, que bem mereciam melhor sorte.
Apenas prolongando esta triste comédia dos que se governam governando.
A Europa, a da Nações, é melhor do que esta “União Europeia”.
Para quê o burocrático intermediário Bruxelas? BCE/União Europeia? Se quem realmente empresta/financia “planos Marshalls” (o FMI) pode, e quer fazê-lo, directamente aos Países?. Como fará à Grécia.
Pingback: Restultado final « O Insurgente
Pingback: O maldito colegio « O Insurgente
Rídiculo.
O Colégio Eleitoral Americano É PROPORCIONAL. O número de lugares do colégio por estado é determinado pela população desse estado. A distoração em favor dos estados mais pequenos é mínima.
O problema do Colégio Eleitoral não é esse. o problema é que são eleições INDIRECTAS com o esquema ‘WINNER-TAKES-ALL’, onde só contam os votos dos Estados como um todo, e assim se ignora completamemente os votos do candidato que perde em cada estado!
Exemplo: 2 candidatos, A e B
Candidato A ganha 10 estados, todos com 51% do voto.
Candidato B ganha 2 estados, com 90% do voto.
Candidato B tem então mais votos totais que o candidato A, mas este tem mais estados.
Pingback: Muito pelo contrário | O Insurgente
Pingback: E lá vamos nós outra vez | O Insurgente