A tradicional guerra de números após cada greve entre sindicatos e governo faz parte do passado. Esqueçam lá isso! Agora, com o advento dos grupelhos de indignados e afins, e perante a crescente e manifesta falta de adesão popular às suas manifestações, o que está na moda é desviar atenções e atacar a polícia: primeiro através de confrontos físicos, depois através de uma difamação pública persecutória e falaciosa.
Perante a confrangedora falta de mobilização que as várias manifestações tiveram no último dia de greve geral, ao contrário da CGTP (que se recolheu num silêncio envergonhado), os auto-proclamados indignados começaram uma campanha de acusação à PSP. E o processo é sempre o mesmo: começam por acusar os agentes, esses fascistas, de terem começado os confrontos contra os coitadinhos que, inocentes, apenas queriam manifestar-se e, após cabalmente desmentidos pelos factos, refugiam-se na acusação de que haveria agentes infiltrados na multidão com o fim específico de provocar e começar os confrontos.
Mas, por vezes, as coisas correm mal. É que se essa teoria tem, só por si, pés de barro, ela acaba por desfazer-se em pedaços perante certos exemplos que deviam encher de ridículo quem os usa.
Um desses exemplos aconteceu na passada sexta-feira. Como refere esta notícia, a Anonymous Portugal identificou três indivíduos que teriam iniciado os desacatos, sendo depois vistos a conversar animadamente com os agentes da PSP. Conclusão da Anonymous Portugal: os três indivíduos eram agentes da PSP infiltrados na manifestação com ordem para provocar os confrontos. As peças estavam a encaixar-se na perfeição e o puzzle da teoria da conspiração, tão conveniente à Anonymous Portugal, estava quase completo.
Faltou, no entanto, uma: a verdade. E a verdade é que esses três homens, prontamente denunciados pelas fotos da Anonymous Portugal no facebook, eram estivadores de Aveiro e estavam em Lisboa para cumprir o mesmo papel que os restantes: manifestar a sua indignação. Esta situação já foi denunciada no site dos estivadores de Aveiro e no facebook da Anonymous Portugal pela própria advogada dos estivadores.
Sendo certo que esta foi uma tentativa meritória da Anonymous Portugal de contribuir para a construção da realidade maniqueísta, em que o pobre do manifestante é esmagado pela opressão policial, em que os grupelhos seus semelhantes andam empenhados, acabou por ser um enorme tiro – ou petardo, talvez – no pé da organização que, de uma só vez, denuncia comprovadamente companheiros de luta como instigadores da violência e acrescenta mais um argumento à defesa de uma actuação “limpa” da PSP.
Com bufos deste calibre, um indignado já não se pode indignar em paz. Uma maçada.
P.S.: Entretanto, a Anonymous Portugal alterou o nome do álbum em que apareciam as fotos em causa, identificando os protagonistas como estivadores. No entanto, aqui podemos ver a “versão original”.
P.P.S.: Parece que mudar o nome do álbum não era suficiente. Por isso, os administradores da página de facebook da Anonymous Portugal decidiram apaga-lo. Nada de surpreendente para quem está habituado a não dar a cara.
Elucidativo.
Há muita coisa mal contada nesta história. Que faziam três estivadores, apenas três, no meio da manifestação? Ainda por cima de Aveiro? Porque é que esse mísero grupelho de 3 pessoas, destacadas dos restantes manifestantes, lançaram petardos? Se forem eles os instigadores da violência, porque foram depois afastados do resto da multidão, sem o mínimo de castigo e, diria até, protegidos pela polícia? Se conseguirem justificar esta trama toda, pode ser que até dê alguma razão À PSP. Mas duvido.
voçês são uns desmancha prazeres…andava a extrema esquerda a deitar foguetes ao ar e cairam-lhes na cabeça, coitados….
Joel, consulte a página dos Estivadores de Aveiro, e pergunte-lhes a eles, que tal? http://www.estivadoresaveiro.blogspot.pt/
Já perguntei e não responderam. E a vós, não vos deixa curiosos?
a história que se conta é que foi quando a psp começou a avançar para o grupo a fim de identificar o tal grupo do petardo foi quando o resto dos manifestantes (não se apercebendo certamente que seriam “agentes infiltrados” lol) começou a tentar bloquear o avanço da psp com os objectos da esplanada, onde até estavam sentadas pessoas alheias à manifestação e que ficaram sem os bens pelos quais tinham pago. é por causa desta desordem (que se vê em muitos vídeos) que começa a carga. Não deixa de ser irónico estarem a caluniar pessoas que na altura defenderam da polícia.
O que me deixa tranquilo é a escola estalinista dos indignados anónimos. São apanhados na aldrabice e como resposta apagam as pessoas e a página.
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em relação aos infiltrados
Este polícia de choque lembrou que “na greve de 24 de Novembro detivemos um homem que estava a dar pontapés nas grades frente à Assembleia da República, mas quando já estava algemado disse que pertencia às brigadas de investigação criminal da PSP”
aqui
http://www.ionline.pt/portugal/violencia-policias-atribuem-responsabilidade-quem-deu-ordem-actuar
“yo no creo en brujas pero que las hay las hay”
“…cabalmente desmentidos…”
o vídeo para o qual o link remete só mostra parte dos “factos”.
aqui é possível ver uma maior fatia dos factos, primeiro uma carga policial, depois a agressão da jornalista, só depois a destruição da esplanada pelos manifestantes, seguida de uma segunda carga policial.
Assim se constata que neste se continua alegremente a manipular a verdade, na tentativa de criar um determinada narrativa.
lá vem a “narrativa”. muito gostam os ensebados arruaceiros de “narrativas”.
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Por acaso o Antonio Costa Amaral conhece-me pessoalmente?
Não, é só uma falta de nível da sua parte.
Olha, o mau vem falar de falta de nível…
Só para lhe acabar com as veleidades de dono da moral: https://oinsurgente.org/2012/03/22/a-psp-e-os-jornalistas-no-chiado/#comment-110252
E depois diz-se “social-democrata”! Só se for da linha do Alberto João hehehehe
É um escândalo, às vezes até peço desculpa e tudo.
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