Um Partido de Esquerda

Acabo de ler o novo Programa do PSD e de me pôr a par do que tem sido dito no Congresso sobre o mesmo. Duas notas:

Em primeiro lugar, a rejeição da maioria das propostas de Aguiar Branco, que se centravam bastante no personalismo, foram abandonadas. O GenePSD, que contou com a participação de alguns Insurgentes, levou o partido a debater temas que outrora estavam distante do seu espectro político. Ao virar as costas ao GenePSD, Passos Coelho dá sinal de querer manter a Matriz Social-Democrata do PSD praticamente intacta.

E é precisamente isso que se verifica quando ouvimos as palavras do Vice – “”Nunca fomos, não somos e não seremos liberais” – ou do Líder do PSD –  “um partido social-democrata, mas não socialista”. De facto não poderiam ter sido mais sinceros. Um programa que aponta para  “a defesa e sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”  e para a  “sustentabilidade de um sistema público de segurança social”  e insiste numa “mobilização de recursos e estruturas – do Estado e da sociedade – para a realização da justiça e coesão social” é um programa francamente Social-Democrata.

Ora mais uma vez sou forçado a destacar a esquizofrenia do PM que em 2008 dizia:

«Sou um reformista e sou um liberal, não sou de direita nem sou de esquerda, acredito nas pessoas e na sua iniciativa e acredito que são as empresas que criam riqueza, que criam emprego e que criam valor, não é o Estado que cria riqueza e que cria valor»

As pessoas mudam. Mas quando mudam tanto em tão pouco tempo, é sinal de que ou há, no seio das nossas lideranças políticas, um grande desapego aos ideais. Ou que há, por outro lado, um grande desapego  aos princípios. Pessoalmente creio que que estamos perante um pouco de ambos.

8 pensamentos sobre “Um Partido de Esquerda

  1. Um partido de esquerda? Social-democrata? Mas como pode ser isso, se na prática desmantela o Estado Social? (Não estavam à espera que o reduzisse a escombros, de um dia para o outro, pois não?) Como pode ser social-democrata, se não redistribui justamente pela base a riqueza criada no país e, antes pelo contrário, empobrece a base, transferindo o rendimento por ela criado para o topo? E isso, num país, que é só o mais desigual e socialmente polarizado da Europa. Mas que diabo de social-democracia é essa? Uma social-democracia que se rende aos mercados, e que defende que devem ser os mercados a regular a sociedade (e não só a economia) e não a sociedade a regular os mercados. Uma social-democracia para a qual, na verdade, a sociedade não existe, apenas o livre empreendedorismo de indivíduos (não era Thatcher que dizia que a sociedade não existia, que era uma constructo?). Uma social-democracia para a qual o desígnio nacional é “o regresso aos mercados”? Não. Não nos venham dizer que o PSD é social-democrata. A sua prática não o atesta. Lá o seu programa pode ser aparentemente social-democrata. Está muito habilmente escrito, para enganar papalvos. Tem um programa social-democrata? Está bem abelha.

    Quem quiser saber o que é a social democracia e um social democrata, leia os últimos ensaios de Tony Judt. Esse sim, era um verdadeiro social-democrata.

  2. António

    Jacobismo…

    Em Portugal não há direita nem esquerda. Muito menos liberais.

    O que há é bloco central (CDS + PSD + PS) e extrema esquerda.

    Mas não se enganem, até a extrema esquerda é estatista.

    Juntem-lhe a Igreja, também estatista…

    Sobram uns poucos bloggers. Mas só até chegarem ao Governo. Passariam logo a ser “social-democratas”.

  3. Carlos

    PPC não é de esquerda nem de direita, nem nunca foi nada, é apenas um políticozinho à portuguesa a tentar manter o poder. Se for preciso, para como ele diz ir-se ao pote, ser se comunista encontrarão nele um verdadeiro marxista-leninista. Srá que ainda alguém tinha dúvidas?

  4. vivendipt

    Eles não sabem o que são… pois quando lá chegam viram todos uns “tachistas” e quando não chega para o comer são também uns “taxistas”.

    vivendi-pt.blogspot.com.

  5. Ramone

    “Se for preciso, para como ele diz ir-se ao pote, ser se comunista encontrarão nele um verdadeiro marxista-leninista. Srá que ainda alguém tinha dúvidas?”

    Tenho todas as dúvidas que Passos chegasse a ser marxista-leninista. Para tanto teria que ler Marx e Lenin, leituras que duvido muito serem para a cabecinha oca do Passos. Ele está bem é a ler livros que ninguém escreveu, como a tal Fenomenologia do Ser de Sartre.

  6. Pingback: Socialismo malsão | Total Blog

  7. Paulo Pereira

    Enquanto os liberais não entenderem a diferença entre Estado Social e Estatismo vão continuar a facilitar a manutenção no poder dos estatistas do PSD e do CDS.

  8. Pingback: Balanço do XXXIV Congresso do PSD: discursos, autarcas, sinais e um desafio « O Insurgente

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