“(…) Comecemos, então, pelos dados do PIB per capita. A região Norte permanece no lugar da região mais pobre do País, com um PIB per capita de apenas 64% da média europeia. Seguem-se, por ordem crescente de riqueza média, o Centro (67%), o Alentejo (72%), os Açores (75%), o Algarve (85%), a Madeira (105%) e Lisboa (112%). Ou seja, das sete regiões de Portugal apenas duas registam um PIB per capita superior à média europeia, sendo que em Lisboa a riqueza média por habitante é quase o dobro daquela que existe na região Norte (…) Agora, será que as regiões de Lisboa e da Madeira (que também apresenta uma leitura acima da média europeia) geram a riqueza que os seus indicadores per capita sugerem? A resposta é muito clara e, infelizmente, resume-se a um rotundo e convicto “Não”. E porquê? Porque, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (dados referentes ao final do ano de 2010, os últimos disponíveis), a região de Lisboa era a mais deficitária, a larga distância de todas as outras, na balança de bens, acumulando um saldo negativo de vinte e um mil milhões de euros – cerca de 30% do seu PIB regional! E a Madeira aparecia em terceiro lugar, logo depois do Algarve, com um défice na balança de bens de oitenta e um milhões, ou seja, um saldo negativo (1,5% do PIB), ainda que bem distante do desvario lisboeta. Pelo contrário, as regiões Norte e Centro acumulavam os maiores excedentes externos nos domínios dos bens, atingindo saldos positivos de dois mil e trezentos milhões e de mil e quatrocentos milhões de euros, respectivamente, em ambos os casos cerca de 5% dos PIB’s regionais.”, no meu artigo de amanhã na Vida Económica (“À imagem do Norte”).
Depois de um dia passado na capital do Império, e de regresso à Invicta, deu-me para a costela nortenha!
Encontraram-se neurónios. Devolve-se a quem provar pertencer.
Caro Ricardo Arroja,
Obrigado por esse excerto. Vou comprar o jornal só para poder ler o seu artigo.
Pois, mas à balança dos bens há que adicionar a balança dos serviços.
O Algarve, por exemplo, produz poucos bens mas muitos serviços (turismo). A Madeira idem.
A região de Lisboa também produz muitos serviços.
Uma estatística que apenas se focalize nos bens e omita os serviços é gravemente incorreta.
Caro Luís Lavoura,
Pode imputar todo o excedente português no sector dos serviços que, nem mesmo assim, transformaria o défice global de Lisboa num saldo positivo. Esta menção está no meu texto completo (e, já agora, foi inicialmente observado pelo LR num seu texto de há dias no Blasfémias).
Ó Ricardo, é mais – o NORTE é o máior, carago! que o Porto é só uma parte…
Caro Luís Lavoura,
O sector dos serviços deve e tem de ser separado do sector industrial / productivo. E dentro do sector de serviços há que distinguir entre o productivo e o apenas transactivo (i.e. o turismo do Algarva ou da Madeira é maioritáriamente productivo, pois entra capital externo – já o bancário ou dos seguros é meramente transactivo, pois apenas movimenta capital interno). O PIB de Lisboa é basicamente transactivo e é, por isso, um mal necessário mas não contribui de forma efectiva para a riqueza do país.
Mais ainda, há que distinguir entre a sede das empresas e os locais onde efectivamente se efectua a produção. No caso da Galp, por exemplo, a sede é de facto em Lisboa mas a produção é básicamente em Sines e Leixões, pelo que o valor destas operações deveria ser na sua maioria atribuída aos distritos de Setúbal e Porto (segundo a classificação interna) ou às regiões do Alentejo e Norte (segundo o NUTS II) ou ainda às sub-regiões do Alentejo Litoral e Grande Porto (NUTS III).
Eu não vou ler o artigo, porque, só pela apresentação vê-se logo que algo está muito mal.
A melhor região é, de longe a Madeira, que é um sucesso tremendo (como todos nós sabemos).
Tem um PIB per capita acima da média europeia e a balança de bens praticamente equilibrada.
As estatísticas, utilizadas parcialmente, dão exactamente aquilo que quisermos.
Se procuramos a realidade aproximar-se-ão da realidade.
Se procurarmos apoio para os nossos preconceitos darão apoio aos nossos preconceitos.
Engraçado, não vejo “Porto” escrito em lado nenhum…
Por isso entendo porque ninguém quer a regionalização cá em cima. “O Norte é o Porto e o resto é paisagem…”
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