Sobre Margaret Thatcher: O Positivo e o Negativo

Adeus à Dama de Ferro: Por Murray Rothbard

Positivo: A oposição ao projecto europeu (União Europeia), a retórica liberal e as privatizações em massa

Negativo: Política monetária inflacionista e aumento da despesa estatal (” A porcentagem de gastos e de receitas tributárias em relação ao PIB aumentou durante seu regime, e a inflação monetária nunca foi contida.”)

Sobre Thatcher e a União Europeia, Rothbard deixou escrito:

“há uma área da macroeconomia da qual certamente temos de lamentar a saída de Thatcher: ela era a única voz contra a criação de um Banco Central Europeu emitindo uma nova e única moeda europeia. (…) a essência da nova Europa não será sua área de livre comércio, mas sim uma monstruosa nova burocracia estatal, sediada em Estrasburgo e Bruxelas, a qual irá controlar, regular e “igualar” as alíquotas de impostos em todos os países, coercivamente impondo a elevação dos impostos naqueles países que possuem uma carga tributária mais baixa. E o pior aspecto desta Europa unificada é exatamente aquela área na qual Madame Thatcher centrou sua artilharia: a moeda e o sistema bancário.  Embora os monetaristas estejam completamente errados em preferir uma Europa (ou um mundo) guiada por diferentes tipos de dinheiro de papel fragmentados em nível nacional em vez de um padrão-ouro internacional, eles estão corretos em alertar sobre os perigos deste novo esquema.  Pois o problema é que a nova moeda, obviamente, não será o ouro — que é uma moeda produzida no mercado e pelo mercado —, mas sim uma única moeda de papel, fiduciária e de curso forçado.  De modo que o resultado deste esquema neokeynesiano será um dinheiro fiduciário inerentemente inflacionista, cuja emissão será controlada monopolisticamente pelo Banco Central Europeu — isto é, por um novo governo regional.

Este arranjo, por sua vez, facilitar ainda mais para que os Bancos Centrais dos EUA, da Grã-Bretanha e do Japão colaborem e atuem coordenadamente com o novo Banco Central Europeu, e assim conduzam o mundo rapidamente para aquele velho sonho de Keynes: um Banco Central Mundial emitindo uma única moeda de papel, de aceitação obrigatória para todos os países.  E assim estaremos definitivamente sem ter para onde fugir, com o dinheiro e a macroeconomia mundial estando totalmente à mercê de uma inflação em escala mundial, controlada centralmente por iluminados e autoproclamados mestres keynesianos.

É de se lamentar que Margaret Thatcher não tenha sabido articular sua oposição à nova ordem monetária europeia em tais termos.”

 

10 pensamentos sobre “Sobre Margaret Thatcher: O Positivo e o Negativo

  1. Negativo: Política monetária inflacionista e aumento da despesa estatal…
    Não poderia ser de outro modo, em especial desde o momento em que teve que pôr em marcha a máquina bélica britânica na guerra das Malvinas.

  2. Rothbard está errado. Quando MT tomou posse, o estado gastava cerca de 42% do PIB. Quando saiu, em 90, gastava cerca de 35%.
    Nem podia ser de outra forma. É frequentemente apontado a MT que durante o seu mandato as despesas do estado aumentaram quase sempre (uma média de 1,1% em termos reais). No entanto, no mesmo periodo, apesar da recessão herdada do Labour que ainda se prolongou por dois ou três anos, o PIB teve um crescimento real de 1,9%.
    A “narrativa” de colagem da MT a Reagan (que efectivamente foi uma desilusão, embora severamente condicionado por um congresso com maioria Democrata) não tem adesão à realidade.

  3. Carlos Novais

    Não sabemos se revisões de números e critérios (relativamente a eventual fonte usada na altura – 1991), esta é uma via Guardian, valor absoluto e % GDP. Em valor absoluto o aumento é visível, em % devido a crescimento económico o aumento da despesa nos últimos 3 anos por este números diminuem em termos relativos.

    1979-80 93.6 44.6

    1980-81 112.5 47.0

    1981-82 125.6 47.7

    1982-83 138.3 48.1

    1983-84 149.7 47.8

    1984-85 159.5 47.4

    1985-86 166.1 44.9

    1986-87 172.0 43.4

    1987-88 183.0 41.5

    1988-89 190.4 38.8

    1989-90 209.7 39.1

  4. Luís Lavoura

    Pelo contrário, um Banco Central Mundial emitindo uma única moeda em papel seria provavelmente uma solução não-inflacionista, na medida em que na economia mundial há muitos países em estados diferentes de desenvolvimento, e esses países têm interesses divergentes sobre a moeda. Pelo que, não haveria em geral acordo no sentido de inflacionar artificialmente a quantidade de moeda.
    Essa solução seria o BANCOR de Keynes – uma única moeda mundial, não inflacionista, estável, a par com diversas moedas nacionais, essas sim inflacionistas (em graus variáveis).

  5. Carlos Novais

    “Pelo contrário, um Banco Central Mundial emitindo uma única moeda em papel seria provavelmente uma solução não-inflacionista”

    Pondo de lado o problema tal como visível na UE de como a moeda mundial iria monetizar as dívidas nacionais de forma controlada e sem tensões, o problema não é a inflação no consumidor, mas a formação de bolhas de expansão de crédito que não se revelam nos preços no consumidor. Quanto menos moedas, maior a capacidade da bolha se formar por mais tempo sem consequências malignas. Até.

    Se querem uma moeda única mundial (que é de resto o que em liberdade monetária sucederia) basta regressar a um padrão-ouro/prata.

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