Do Estado-nação à Nação-estado

Um filme realizado por um português, com técnicos e actores portugueses e financiado a 60% pelo sector privado português, não é um filme português. Segundo a esquerda bloquista, faltou ali o carimbo oficial do estado (leia-se dos contribuintes portugueses) para atestar a nacionalidade do filme.

Desta situação pode-se tirar duas conclusões. A primeira é que, ao contrário do que vai sendo dito, pode existir arte de qualidade em Portugal sem que para tal seja necessário recorrer à extorsão aos contribuintes. Em segundo lugar, esta reacção do Sérgio Lavos também vem demonstrar que para a esquerda a existência de arte de qualidade é realmente o que menos importa quando defendem os subsídios. O que importa mesmo é que a sua visão do mundo, de que o estado os políticos têm que colocar a mão em tudo o que mexe, predomine.

10 pensamentos sobre “Do Estado-nação à Nação-estado

  1. Bruno

    Para mim o melhor no post citado é um comentário de um ‘iluminado’ que vem esclarecer que não são os contribuintes portugueses que pagam o cinema português e que são na verdade os operadores de televisão que pagam o cinema português. Neste caso é também toda uma visão em que as empresas não são contribuintes e que não fazem mais do que a sua obrigação quando têm de ceder parte das suas receitas para um comité se entreter a distribuir essas receitas pelos amigos.

  2. tiago

    O cinema português está completamente corrompido por interesses e por privilégios de quem pouco faz e muita gente conhece. Soube de uma história recente em que as filmagens de um filme português paravam durante horas, para a realizadora (cujo filme está mesmo a sair) e os produtores puderem discutir como reagir face ao corte de dinheiro roubado que lhes dava o sustento.

    Quem trabalha em cinema e não teve a sorte de entrar na roda dos contactos sabe perfeitamente o mundo corrupto que o domina. Quando acabarem todos os subsídios é que vai começar o cinema português a sério.

    Ah e nos anos 60 houve muitos filmes que foram financiados somente por dinheiros privados, muitos como resposta ao cinema estatal que se fazia na altura. O cinema subsidiado cria ladrões e parasitas, não qualidade…

  3. Rafael Ortega

    Não percebo este estrebuchar da esquerda.
    Por um lado aplaudem e dizem que os artistas portugueses são muito bons e mundialmente reconhecidos.
    Por outro exigem que lhes sejam dados mais e mais subsídios.

    Se são bons e mundialmente reconhecidos não haverá alguém interessado em patrocinar as suas obras?

    No caso presente, será que um cineasta que produz bons filmes não terá estúdios que queriam financiar o projecto para posteriormente o comercializar?

    Porque carga de água tem que ser o Zé contribuinte a avançar com o dinheiro?

    O contribuinte americano não pagou o último filme que fui ver. Paguei eu o bilhete, pagou algum patrocinador publicidade…

  4. “Um filme realizado por um português, com técnicos e actores portugueses e financiado a 60% pelo sector privado português, não é um filme português. Segundo a esquerda bloquista, faltou ali o carimbo oficial do estado (leia-se dos contribuintes portugueses) para atestar a nacionalidade do filme.”

    I. Concordo consigo, um filme realizado por um português, com técnicos e actores portugueses é um filme português. Mesmo que o mesmo possa resultar num filme não-português (a nossa nacionalidade não determina totalmente um território de uma obra). Mas a Portugalidade dispensa o carimbo do Estado, e é importante que se refira isso.

    “A primeira é que, ao contrário do que vai sendo dito, pode existir arte de qualidade em Portugal sem que para tal seja necessário recorrer à extorsão aos contribuintes.”

    II. E o financiamento público aos seus filmes anteriores não conta? Se “Aquele Querido Mês de Agosto” não chega a ser o sucesso de crítica que foi, teria Miguel Gomes sido capaz de atrair investimento privado para o “Tabu”?

    III. O cinema alemão ou francês produzido com recurso a dinheiros públicos é também resultado da mesma extorsão, presumo. Portanto estes contribuintes, não só foram “extorquidos” como foram levados ao engodo, financiando um filme que não quereriam (presumo eu, novamente) financiar: um filme inteiramente português.

    III. Eu sei que a sra. Thatcher permanece como guia espiritual de muita gente, e nos tempos que correm alguns corações (às vezes, como um rebanho), suspiram por uma transmigração da sua alma para uma portuguesa qualquer; mas, excluindo a mui aceitável equivalência thatcheriana “carimbo oficial do estado (leia-se dos contribuintes portugueses)”, a “extorsão aos contribuintes” é até uma contradição nos termos.

  5. Só falta dizer que tudo o que existe em Portugal é estrangeiro… E que até os indígenas que somos, aqui, fomos importados por uns quaisquer estrangeiros que vivem aqui… Só me espanta que esta gente não diga que provavelmente haverá mais dinheiro português na Alemanha que do que dinheiro português em Portugal… Mas o talento não!

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