A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica [ASAE] já apreendeu 240 mil litros de leite, desde que pôs em em marcha, na quinta-feira, uma operação de fiscalização nas grandes superfícies comerciais, para averiguar denúncias dos produtores sobre a prática de dumping (venda abaixo do preço de custo pago aos produtores).
Algumas considerações:
- Para se averiguar a referida denúncia não era necessário apreender leite. A qualidade do produto não está em causa. Os hipermercados envolvidos já têm, por isso, razões para processar o Estado.
- O desconto praticado pelo Continente não é sobre o leite apreendido (o cliente paga a totalidade) mas, sim, sobre quaisquer outros produtos que o cliente decida adquirir em posteriores datas.
- Os distribuidores não são vendedores de leite. Este tipo de promoções têm como objectivo incentivar os consumidores a, já que estão na loja, comprar outros produtos (“cross-selling”).
- Estas são práticas promocionais comuns no mercado. Tratando-se de “marcas brancas” outro objectivo será levar o consumidor à experimentação do leite comercializado com a marca do distribuidor. Por vezes, produtores também oferecem produtos com semelhante objectivo e não lhe chamam “dumping”.
- A Lactogal tem gasto bastante em publicidade para convencer consumidores à compra do seu leite. Agora, como as promoções das “marcas brancas” aparentemente estão a ter melhores resultados (não deve ser leite da Lactogal…), fizeram queixa na ASAE. Maus perdedores! Se pudessem voltar atrás, provavelmente teriam usado grande parte desse orçamento para oferecer leite. É que, por exemplo, a oferta de 240 mil litros custaria-lhes apenas 72 mil euros. Quanto é que gastaram em publicidade??!
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É oficial, estamos em Cuba.
Pois é. Estes belmiros e estes soares da costa iludem o pagode e pôem à nossa disposição produtos com preços mais ou menos apeteciveis, os chamados produtos de marca branca, mas não nos informam onde são produzidos, onde são transformados e isso é um pormenor importante. Quando um tal soares da costa importa mais que a galp, algo está mal neste reino da confusão. Acho que nós consumidores, apesr de tesos, temos direito em saber de onde vem o que comemos, para podermos de algum modo escolher dentro das nossas dificuldades. E se eles estão a vender o produto abaixo do preço, alguma coisa estranha se passará. Esta gente só gosta de ganhar dinheiro. Perder, nunca. Portanto, mesmo não acreditando em bruxas, lá que as há, há. A ASAE que faça o seu trabalho enquanto a deixam trabalhar. SE calhar, para desengordurar este país, a ASAE vai ser a primeira Autoridade a acabar. E depois, este liberalismo, é que se vai servir a trote e a galope.
Carlos Pinheiro, já existe um movimento para comprar “Made in Portugal”. Um dos membros desse movimento é a Lactogal. Se, mesmo assim, os consumidores preferem comprar outros produtos é porque têm – por enquanto – liberdade para o fazer.
As famílias carenciadas dos membros da ASAE já começaram a poupar!
São os mesmos que se queixam do custo de vida, que reclamam quando alguém vende mais barato.
O ódio aos empresários é tanto que preferem pagar mais caro.
Pois façam favor, comprem o que quiserem, onde quiserem, mas deixem aos outros a liberdade de escolher.
A confusão entre dumping e cross-selling é deplorável.
No povo, eu ainda aceito. Agora, em alguém que usa o poder do Estado para atacar distribuidores e, sobretudo, os consumidores (sem efeitos nos produtores, refira-se), é indigno de polícias Zimbabueanos.
Não sei o que impede a SONAE e a Jerónimo Martins de processar quem deu essas ordens…
Coitados dos distribuidores? Coitados mas é de nós que temos que comer e pagar o que eles querem e pelo que vejo, também calar. Dumping é vender a preço mais baixo do que o preço da factura e isso é ilegal. SE aproveitam para fazer cross-selling isso é outra história e nada é feito por acaso, como também não é por acaso que essas grandes casas têm sempre os seus engenheiros financeiros e fiscalistas para atingirem os objectivos programados.
Quanto à origem dos produtos brancos será que isso não interessa? Não temos direito a saber de onde vem o que comemos? Se o leite era espanhol, ainda vã que não vá. Mas traz o codigo 560, porquê? SE for assim não é uma trafulhice que merece ser condenável? E porque é que estas casas só passam factura a pedido? Quem os tem estado a defender que explique para percebermos bem.
“Dumping é vender a preço mais baixo do que o preço da factura e isso é ilegal.”
E é ilegal um produtor oferecer o seu produto como acção promocional?
Trata-se afinal de um preço bastante abaixo do “preço da factura”…
O meu pai é um pequeno armador, que tem um barco em Marrocos. Há uns anos atrás, mandou um carregamento de peixe fresco para o MARL. Peixe capturado numa manhã, embalado em alto mar, descarregado nessa tarde para camião frigorifico, no mesmo dia à noite já estava em Espanha. Passou todos os (exaustivos) testes veterinários e sanitários dos espanhóis, e seguiu para Portugal. Na madrugada do dia seguinte, na zona de Setubal, foi o camião retido por uma fiscalização da ASAE. Que, convenientemente, lá levava uma equipa de reportagem da TVI. Escandalo! Peixe importado improprio para consumo! A noticia passou nos noticiários da TV, fez noticia nos jornais.
Todo o carregamento foi apreendido, e a venda no mercado foi perdida. Dois dias depois, o carregamento foi liberado. Afinal não tinha problema nenhum. Não houve ninguém responsabilizado pelos prejuizos (peixe fresco com 4 dias já não é assim tão fresco), nos noticiários não foi noticiado nada. Emfim, é a ASAE que temos!
“E é ilegal um produtor oferecer o seu produto como acção promocional?
Trata-se afinal de um preço bastante abaixo do “preço da factura”…”
Caro BZ
Parece mentira, mas parece que é mesmo ilegal, a menos que o contabilize como oferta e leva com uma taxa autónoma de IRC de 35%.
Tem que facturar o produto pelo preço de venda, depois creditar uma parte como desconto comercial e depois devolver o restante noutros produtos.
Pelo menos foi assim que o meu TOC me explicou (se é que eu percebi), porque é que o meu fornecedor de telecomunicações, me fazia aquelas facturas esquisitas, quando de 2 em 2 anos me impingia um telemóvel novo, a custo final zero.
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Só não consigo entender é como ainda se atura aquela maneira de actuar da ASAE.
Indentificavam o eventual crime fiscal, passavam uma multa, mas não prejudicavam o consumidor.
Não há pachorra para aquela estupidez.
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Mentat,
Não sou fiscalista mas penso que as ofertas promocionais, ao contrário das ofertas a clientes específicos, não são consideradas para a Taxa Autónoma.
Vou tentar obter mais informação.
E como é que actuar num só produto pode ser dumping?
Que me lembre isso começou a ser feito pelos hipers há umas dezenas de anos atrás, em todos os produtos (ou quase).
Quando a inflação tinha 2 algarismos, quem recebia à meia-hora e pagava a 120 dias ou mais, conseguia ganhar muito nas aplicações financeiras.
E para mim, sabia bem porque me dava jeito, mas sempre considerei que isso subvertia o conceito de livre concorrência.
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