“(…) Reza a teoria de que, na ausência de crescimento nominal do PIB igual ou superior à taxa de juro média da dívida de um mesmo País, essa dívida se torna insustentável. Assim, tendo em conta que neste momento, com uma recessão de 2% prevista para o balanço deste ano e uma taxa de inflação de 4%, a economia portuguesa suportaria no seu stock de dívida uma taxa de juro média de 2% ou pouco mais (…) O problema é que, na minha estimativa, e para que tudo fizesse sentido do ponto de vista teórico, Portugal necessitaria hoje de uma taxa de inflação cerca de dez pontos percentuais superior àquela que na realidade existe. Ou seja, Portugal precisaria de uma taxa de inflação próxima de 15% ao ano. E a título de curiosidade, a Grécia necessitaria de 35%, a Irlanda e a Itália de 7% e a Espanha de 6%.”, no meu artigo desta semana no jornal Vida Económica (“Só com ilusão monetária”).
Ricardo
Nunca nenhuma economia precisa de inflação para funcionar.
Querem reduzir salários reais? façam-no em termos nominais deixando de lado o esquema da inflação ou da desvalorização cambial.
Querem reduzir a dívida real com inflação? façam-no em termos nominais com um haircut assumido.
A inflação é a política da perpetuação do engano. Dos credores, da população.
Por alguma razão estamos aqui. O economista deve ser o condutor da verdade da ciência que se diz fazer parte e não fazer jeitinhos ao status quo do poder.
“O economista deve ser o condutor da verdade da ciência que se diz fazer parte e não fazer jeitinhos ao status quo do poder.”
Olá Carlos,
Vai ter de ler o artigo completo! Eu não estou a fazer jeitinho a ninguém.
Carlos Novais,
Numa economia com bancos (todas as economias do mundo), os haircuts levam à recessão económica.
Existem muitos outros contratos na economia em valores nominais que são dificilmente deflacionados.
Os ultimos 65 anos mostram à exaustam que uma inflação moderada ajuda , ou não prejudica o crescimento económico.
A verdade são os factos e nãos as lendas.
Se não tivéssemos aderido ao Euro o problema nem se poria pois teríamos tido alguma inflação, algum crescimento (certamente superior ao da média da UE como era hábito) e, claro, a dívida seria menor, quer em termos de percentagem do PIB quer mesmo em termos nominais.
E este é um dos grandes problemas, independentemente de sair ou não do Euro, era importante que os crânios que nos enterraram no Euro viessem dizer que se enganaram e também pedir desculpa à Nação, tipo “Ó malta, desculpem lá, metemos-vos numa alhada e agora não sabemos como escapar dela”.
“Os ultimos 65 anos mostram à exaustam que uma inflação moderada ajuda , ou não prejudica o crescimento económico”
Apesar de e não por causa de.
A partir aproximadamente de meio dos anos 60 (acho que nos 50 também houve uma recessão) não deixamos de ter desordem monetária, inflação, hiper-inflação, bolhas e crises bem marcadas.
Os seus tempo idílicos americanos pós-segunda guerra duraram pouco e tem de ter em conta a supremacia do dólar pós-guerra (dolarização) que conferiu temporariamente enorme poder.
Mas logo, logo passou. Estagflação anos 70, anos 80 tivemos a bolha dos saving&loans, crash de 87, crise mexicana, crise 92/93, da Coreia, da Rússia,, internet 2001, 2008. Regra geral foi preciso salvar os bancos.
Um sistema monetário estável…..
Não há volta a dar.
Vamos ter todos que empobrecer. É difícil de aceitar isto? Claro. Mas não se fugirá dessa realidade.
http://notaslivres.blogspot.com/2011/11/feef-tera-dificuldades-em-se-financiar.html
“Não há volta a dar.
Vamos ter todos que empobrecer. É difícil de aceitar isto? Claro. Mas não se fugirá dessa realidade.”
Nós somos a única espécie que consegue pensar por ela própria. Que consegue criar coisas. E não conseguimos resolver este problema? Se calhar não estamos a corrigir as coisas na raiz do problema…..
E não há quem consiga pensar em alternativas?
Vamos ficar pobres… e quando vier a próxima crise? vamos ficar mais pobres? até quando? e os ricos ? também estão a ficar mais pobres?
Acho que é altura de pensar “fora da box”….
Dou-vos uma dica ou duas…
Os animais não precisam de dinheiro para sobreviver sem problemas.
O dinheiro não é comestível, pois não?
Ricardo Carvalho,
até na União Soviética existiam os rublos.
“Vamos ter todos que empobrecer”
.
Só empobrece quem é rico. Parabéns.
“Só empobrece quem é rico”
Foi assim que o saudoso engº enfrentou a crise financeira – era uma crise de países ricos que não afectava os países pobres…
Vai aprender nos próximos anos aquilo que os seus avós sabem há muito:
Quando as economias e as sociedades empobrecem, quem sofre são os mais fracos e não há limites para o que se pode empobrecer.
“os haircuts levam à recessão económica.”
E?
Você tem medo da verdade. E além de se enganar a si engana os outros.
5% de inflação com 1% de crescimento é pior que recessão de 1% e 0% de inflação.
“Nós somos a única espécie que consegue pensar por ela própria. Que consegue criar coisas. E não conseguimos resolver este problema?”.
Tire do seu saco de mágica a próxima fonte de energia barata. Sem isso, o crescimento está condenado.
“Nós somos a única espécie que consegue pensar por ela própria. Que consegue criar coisas. E não conseguimos resolver este problema?”.
Quando 80% vota para tirar aos outros 20% e tão burros que são ao seu próprio futuro ainda consegue reafirmar que a espécie consegue pensar?
Para a História: Os reguladores aí estão. Já vi este filme e não acaba bem.
http://www.bloomberg.com/news/2011-11-30/china-cuts-reserve-requirement-for-banks-as-europe-crisis-threatens-growth.html
“China cut the amount of cash that banks must set aside as reserves for the first time since 2008 as Europe’s debt crisis dims the outlook for exports and growth.”
Bem, caro RA, vejamos, v.exa. propõe indução de inflação. Deduzo portanto que se esteja a referir apenas a uma expansão da massa monetária, isto é, injectar dinheiro no sistema e não a um qualquer aumento artificial dos preços por via, por ex, de impostos ou barreiras ou até pelo aumento das materias primas.
Pois bem, se for o primeiro caso que defende, creio que o essencial é saber exactamente para que efeito se destina esse acrescimo de dinheiro. Não me parece que defenda que o BCE imprima notas para quer os estados as gastem novamente na sua despesa. Portanto, a impressão de notas seria, pelo que depreendo, exclusivamente para solver o endividamento dos estados. Ora, sabendo que o endividamento da europa é financiado fortemente pelo estrangeiro (china, arabes etc) a impressão de notas pouca inflação vai gerar, deduzo. É assim ou estou enganado?
E, já agora, não acha que essa impressão de notas não deve ser acompanhada pela mesma austeridade orçamental em simultaneo?
Rb
Carlos Novais,
Não acredite em lendas.
O crescimento económico na Europa , EUA , Japão é continuado desde 1946 , com pequenissimas recessões.
A taxa média de inflação desde essa altura é de 4% .
Prova mais que provado que inflação moderada não impede o crescimento económico, pelo contrário , beneficia os empreendedores, que são o motor do capitalismo, os que levam o mundo aos ombros.
A ideia bacoca que as recessões profundas são beneficas para a economia, é só isso bacoquismo sem qualquer base racional.
A malta continua a pensar repetidamente que a moeda actual é moeda-ouro, é uma ideia tão ridicula e irracional que só merece gargalhadas.
Não existe falta de dinheiro em parte nenhuma do mundo. A única limitação ao crescimento económico são politicas erradas , nunca questões monetárias, inflação elevada ou falta de recursos materiais.
O dinheiro cria-se do nada .
LL,
Crescer 1% é crescer 1%, já inclui inflação se ela existir. acho que toda a gente sabe isso.
“Prova mais que provado que inflação moderada não impede o crescimento económico, pelo contrário , beneficia os empreendedores, que são o motor do capitalismo, os que levam o mundo aos ombros.”
Nem os raciocínios nem os dados históricos o demovem. A instabilidade monetária não impede mas atrapalha muito. Para além de ser o cerne das bolhas e crises económicas e bancárias.
“E?
Você tem medo da verdade. E além de se enganar a si engana os outros.
5% de inflação com 1% de crescimento é pior que recessão de 1% e 0% de inflação”.
Para quem esta endividado o primeiro cenário é nitidamente melhor principalmente se tiver um rendimento COLA. Pessoalmente prefiro o primeiro pois tenho um empréstimo habitação euribor + 0.5%. Isto partindo do principio que se mantém taxas baixas o que deve acontecer, a minha divida fica menor.
Já os meus pais que são pensionistas e tem umas poupanças no banco sofrem menos com o segundo cenário e são mais prejudicados no primeiro.
Como a crise é de excesso de divida inflação moderada ajuda sendo no entanto profundamente injusto para quem poupou ou é pobre/remediado e o rendimento não ajusta bem à inflação.
Alem de que o défice de matemática da população em geral ajuda a taxar pela inflação com menos conturbação social. Acrescente-se que os reformados não podem fazer greve e se uma pessoa se for manifestar que tem o dinheiro no banco e está a ser roubado ainda lhe chamam fascista. Verdade seja dita que grande parte dos pensionistas acima de + ou – 1500 euros bem precisam de um haircut à bem da sustentabilidade do sistema.
“Os animais não precisam de dinheiro para sobreviver sem problemas.”
Sobrevivem !… e sempre com problemas !..
Mas seja, … Queremos viver como animais ?!…
A par do optimo texto e bons comentários , venho dizer que se a gestão de uma empresa fosse feita como o País foi gerido por Socrates e agora por PPC…(com o beneplacito do Nobel Cavavo,cuja tese de doutoramento foi a Divida Publica e o Crescimento Economico ) ,tudo seria considerado CRIMINOSO !… O que pensar do POVO português que os elegeu ?
“Só empobrece quem é rico. Parabéns.”
Falso. Só empobrece quem tem alguma coisa.
Somos pobres?
Vão dizer isso a centenas de milhões de chineses que produzem os LCDs onde vamos vendo a Casa dos Segredos, o Benfica ganhar e o programa dos gordos…
Que asseguram que um telemóvel custa 200 euros e não 1000 (o que custaria se fabricados por cá).
E que – cereja em cima do bolo – nos suportaram o “crescimento” de 1 ou 2 por cento ao ano, emprestando o que precisávamos para cobrir défices anuais de 10% e nos iam refinanciado a dívida anterior e crescente.
Está a chegar o tempo deles, por muito que os socialistas da velha guarda achem que os políticos devem retomar o poder (que eles próprios entregaram aos mercados financeiros, ao se endividarem).
Não há muito a inventar. Temos que recuar para reagrupar. Empobrecer para reequilibrar. E aí, voltar a crescer devagarinho e realisticamente.
http://notaslivres.blogspot.com/2011/11/feef-tera-dificuldades-em-se-financiar.html