Talvez o leitor não se aperceba, mas… você é mais rico do que pensa. Ora veja:
Imaginemos alguém rico e com todas as mordomias da época… por exemplo… Karl Marx. Pensem no dia-a-dia dele. Por mais dinheiro que Engels lhe desse, tinha de acordar num colchão mais fraco do que o de um sem-abrigo que viva hoje no Porto. As suas casas de banho não tinham água corrente. O seu pequeno almoço só incluía fruta da época. Não podia ouvir senão música tocada ao vivo, o que reduzia as suas escolhas em géneros musicais a muito menos do que o caro leitor pode hoje ouvir sem custos em segundos e com o benefício do vídeo. Só podia corresponder-se por carta. Dificilmente poderia deslocar-se a grandes distâncias, e nunca em menos de semanas. Andava muitas vezes por ruas que cheiravam mal por falta de saneamento. Não podia usufruir de televisão, cinema, internet, telefone, telemóvel, câmeras, … Bolas, nem uma aspirina ele podia tomar! Quase que se torna compreensível porque andava sempre de mal com o mundo!Como refere o vídeo, eu não aceitava 1 milhão de Euros para aceitar a penalização de nunca mais usar a internet. Digo mais: todo o dinheiro que o Marx alguma vez recebeu do Engels não me pagava eu aceitar essa condição.
Assim, mesmo em crise, a sociedade ocidental dá-nos condições que nem aos super-ricos estavam acessíveis nos séculos anteriores! E em quantidades inimagináveis.
A eficiência, a cooperação espontânea, a complexidade das cadeias de valor, o valor acrescentado crescente de toda esta estrutura, a auto-coordenação implícita mesmo num simples lápis, a mim deixam-me como se a ouvir Bach, a ler Camões ou a ver o pôr-do-sol na Ilha da Páscoa.
Para alguém criado próximo da Natureza, a economia faz-me lembrar a floresta. O seu fervilhar, a luta pela sobrevivência empresarial, as suas reacções complexas e individuais mas coordenadas aos factores externos, os resultados de anos de evoluções baseados em pequenos nadas de seres que baseados no seu próprio interesse tomam as melhores decisões para a adaptação do todo a sempre novas circunstâncias, é lindo e, de um certo modo, poético.
E no fim, o resultado é que os organismos não só sobrevivem, mas se adaptam e mesmo prosperam, ocupando os espaços disponíveis, fazendo o espaço borbulhar de vida, crescendo e adaptando-se e proporcionando ao observador atento momentos de interior satisfação.
Bastante interessante também esta notícia: http://aeiou.expresso.pt/brasil-19-novos-milionarios-por-dia=f691121
O Brasil é o contra-exemplo vivo do maior dogma do mainstream das ciências económicas: o dogma do comércio livre. Com efeito, o Brasil é dos países mais proteccionistas do hemisfério ocidental. E, no entanto, olhem para o Brasil e olhem para a Europa e América do Norte.
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O “dogma do comércio livre” só existe na cabeça de quem tem a cabeça cheia de dogmas.
Em vez de pensar, puxam de ideias feitas que compraram no supermercado.
A realidade é infinitamente complexa e não cabe na estreiteza dos chavões e dos simplismos.
O capitalismo em liberdade consegue resultados excepcionais !
Pois! Os pinheiros e as palmeiras também morrem do capitalismo livre. E já agora o que vai acontecer aos médios produtores de azeitona (.22€/quilo)?