por que será?

“(…) The political parties are opting for a technocratic government because they dare not instigate the reforms they know are required. They want to rule, but not govern — and a technocratic interlude allows them to do that. Cowardice? Yes. An indictment of Italy’s politics. Yes. Undemocratic? No. What of elections? Right now in Italy, nobody seems to want elections; neither the PDL nor the DP, nor the President and the new PM. If more than 80 per cent of the legislature do not want elections and chose to install a technocratic government, how is that undemocratic? Finally, most Italians I’ve spoken with — including officials, politicians, businesspeople, journalists and analysts — seem happy to see the end of bunga bunga politics and want to be saved, not go to the polls. They may change their minds as the Monti government begins its reforms. The political parties may yank their support. Eventually, elections will happen. But, for now, the majority seem to accept the course followed as necessary and democratic. So should outsiders.”, na Spectator online.

Ao ler o artigo da Spectator, intitulado “In defense of technocrats”, ocorreu-me o seguinte: se a maioria no Parlamento não quer eleições nem quer a condução efectiva das reformas exigidas, então, por que razão deveremos supor que as eleições em Itália serão convocadas para breve?! Em Itália como na Grécia. Ou seja, estou com muita curiosidade para ver se a Grécia vai mesmo a votos em Fevereiro e se a Itália fará o mesmo na Primavera conforme previsto…começo a suspeitar que não. O que confirmaria a minha tese de que, nestes países, a democracia tem vindo a ser suspensa pelo principal órgão democraticamente eleito: o Parlamento! Por que será?

9 pensamentos sobre “por que será?

  1. Paulo Pereira

    A questão tecnocrática, ou seja como conseguir que os mais competentes sejam nomeados/ eleitos para os cargos executivos do estado tem estado afastada da discussão politica há demasiado tempo.

    Para mim é uma das questões fundamentais a resolver : quais os mecanismos / regimes / sistemas que permitem que os mais competentes acedam aos lugares no estado ?

  2. neotonto

    Lástima que RA nao se decidira por destacar um paragrafo anterior aeste parágrafo que é tao explicativo da situaçao actual e sem ele nao poderiamos entender o seguinte;

    But nobody forced Silvio Berlusconi to resign. Nobody sacked him. Under pressure by the markets, he chose to resign. He could have stayed and nobody denied that he had a constitutional right to do so. It would have cost Italy dear, but he could have stayed. In addition, Monti was appointed to the Senate by the Italian president who himself is elected by Parliament in a joint session of the Chamber and the Senate, integrated with 58 representatives appointed by the twenty Italian regions. That’s a lot of democratic mandates.

    Ou em portugués:

    Mas ninguém forçou Silvio Berlusconi a renunciar. Ninguém demitido ele. Sob pressão por parte dos mercados, ele optou por se demitir. Ele poderia ter ficado e ninguém negou que ele tinha o direito constitucional de fazê-lo. Teria custado Itália querida, mas ele poderia ter ficado. Além disso, Monti foi nomeado para o Senado pelo presidente italiano, que se é eleito pelo Parlamento em sessão conjunta da Câmara e do Senado, integrada por 58 representantes designados pelos vinte regiões italianas. Isso é um monte de mandatos democráticos.

    nobody? Ninguém? Κανείς?ninguno? personne?

    “Sob pressao dos mercados”, ele optou por se demitir. Será que esta pressao fala (ou sussurra, ou faz sinhais por signos) ou lhe “sugeriu” inocentemente no tao temido idioma alemao?

    Mas olhe como parece que neste idioma até soa menos “pressionativo” e em verdade, tao doce, tao diferente, tao gentil…verdade? Niemand?

    Niemand?

  3. Como é cada vez mais evidente, a União Europeia é coisa má!
    Sempre conviveu muito dificilmente com a democracia mas, disfarçava… agora já não, perdeu a vergonha e está a meter-nos, a todos, num regime pós-democrático, isto é, ditatorial.
    Paulo Pereira, no seu comentário, subentende que os chamados tecnocratas são mais competentes dos que aparentemente não o são.
    Bom, isto é uma confissão e aceitação do fim dos regimes democráticos.
    Depois não entendo porque é que os tais tecnocratas são mais competentes, principalmente tendo falhado estrondosamente nos últimos anos. Ou não foram eles que nos tentaram convencer de que o Euro iria dar origem a um longo período de estabilidade financeira na Europa?
    É que, de entre os incapazes que pululam por aí, destacam-se estes economistas tecnocratas, nunca acertam uma previsão mas explicam tudo o que acontece com uma data de argumentos científicos como se tivessem previsto tudo… é a tal história, previsões depois do jogo, são fáceis!

  4. Paulo Pereira

    Sr. Raio,

    O que eu disse é que a questão tecnocrática, ou seja como conseguir que os lugares no estado sejam ocupados pelos mais competentes, continua por resolver e foi afastada da discussão, apesar de ser uma das questões / debates mais importantes na democracia.

    Estou a falar de cidadãos com carreira partidária ou sem carreira partidária.

    Tem razão quando diz que o EURO é um falhanço do sistema politico actual e que foi justificado por tecnocratas economistas, que se revelaram incompetentes e ignorantes.

  5. Ricciardi

    Mas alguém acredita que os denominados tecnocratas irão ter vida fácil sem que os politicos os suportem?

    Se tiverem sucesso a mais, os politicos poém-nos a andar rapidamente, se tiverem pouco sucesso serão corridos da mesma forma.

    Meia duzia de problemas ou revoltas populares colocarão fim a esta paz podre. Não é possivel os partidos anuirem em sustentar tecnocratas no poder com o povo contra.

    É uma espécie de bloco central… à primeira oportunidade e deita-se abaixo esta nova forma (preversa) de ‘democracia’.

    Num mundo que não existe, uma espécie de ilha utopia, os tecnocratas seriam um boa solução…

    Rb

  6. Sr. Paulo Pereira,

    Mais importante do que conseguir que os lugares do Estado sejam ocupados pelos mais competentes, seria o de assegurar que os mais incompetentes não consigam lugares no Estado!
    Por mim, ficaria satisfeito se se conseguisse que os lugares do Estado fossem ocupados por pessoas medianas… seria um grande avanço em relação à actualidade.
    Concordo no entanto consigo quando escreve que o problema da competência nos cargos públicos devia ser uma das questões mais importantes do debate democrático.
    Infelizmente questões ideológicas dificultam este debate. Louçã (o do BE), para muitos é uma pessoa extremamente competente enquanto para outros é pior do que um zero à esquerda.
    Sim, o problema começa por definir o que é competência…

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