A actual crise das dívidas soberanas deu origem ao aparecimento de diversos mitos pouco fundamentados, mas que mil vezes contados acabam por serem assumidos como verdadeiros. Eis um resumo desses mitos:
Mito: A origem da dívida pública está no salvamento dos depósitos do BPN, nas ajudas aos restantes bancos e em gastos com a Defesa Nacional como a compra dos submarinos
Realidade: Os gastos com a defesa constituem menos de 2% do total do orçamento para 2012. Mesmo assumindo que todos os custos incorridos com o BPN e a compra dos submarinos foram financiados por dívida, o custo dos submarinos corresponde a 0.5% do total de dívida pública e do salvamento dos depósitos do BPN de cerca de 3% do total da dívida. A maioria esmagadora dos gastos do estado, e consequentemente as fontes da dívida pública, são com Segurança Social, Educação e Saúde. Esta é a realidade em Portugal e na Grécia. Apenas no caso da Irlanda se pode dizer que foi o salvamento aos bancos locais que despoletou a crise
Mito: A austeridade é uma forma de defender os bancos, punindo a população em geral
Realidade: Os bancos de países como a Grécia e Portugal estão já absolutamente descapitalizados. Como resultado desse processo, os principais bancos portugueses valem neste momento um décimo do que valiam há 2 anos atrás, ou seja, os accionistas desses bancos perderam 90% das suas poupanças. Foram eles quem até hoje mais perdeu com a crise da dívida soberana. O dinheiro que hoje vai para os bancos, embora não seja esse o objectivo assumido, é basicamente para garantir o dinheiro dos depositantes. Esse dinheiro é aplicado maioritariamente em dívida pública, e se essa dívida não for paga, os depositantes correm o risco de perderem o seu dinheiro. Qualquer default do estado irá também fazer com que o estado não seja capaz de obter empréstimos por muitos anos. Se a austeridade exigida para atingir défices de 5% é penosa, mais penosa será a austeridade necessária para ter défice zero.
Mito: Os bancos orquestaram a crise para poderem emprestar dinheiro a juros altos enquanto obtêm financiamento do BCE a 1%
Realidade: Os empréstimos do BCE aos bancos são por um dia, renováveis e mediante colateral. Os empréstimos dos bancos ao estado são feitos por prazos prolongados (1, 2, 5 e 10 anos) e sem colateral, pelo que o risco é muito superior. Como prova desse risco, os bancos que emprestaram dinheiro à Grécia perderam metade do montante emprestado.
Mito: A crise da dívida só se resolve se os estados lançarem políticas expansionistas que façam crescer a economia
Realidade: Foram as políticas expansionistas e os défices constantes que trouxeram países como a Grécia e Portugal à actual situação. Se políticas Keynesianas de expansão do investimento e défice das contas públicas funcionassem, nem a Grécia, nem Portugal estariam na actual situação. Ambos os países apresentarem défices públicos de forma permanente nos últimos 10 anos e nem por isso cresceram mais que os seus pares que mantiveram contas equilibradas. Investimentos públicos como o Euro2004 em Portugal e os Jogos Olímpicos na Grécia apenas deram um empurrão temporário à economia, de imediato invertido nos anos seguintes. Pelo contrário, a Irlanda que lançou um plano de austeridade mais cedo e mais agressivo que o Português, já está hoje novamente a crescer e a equilibrar as suas contas. A única forma de relançar a economia é voltar a ter contas equilibradas para que se possam baixar impostos e incentivar o investimento privado.
Mito: Roosevelt resolveu a depressão de 1929 com políticas expansionistas, impondo grandes défices nas contas públicas, e é essa a estratégia que os países europeus devem seguir
Realidade: Muitos académicos contestam que as políticas levadas a cabo por Roosevelt tenham de facto resolvido a Grande Depressão. Alguns estudos apontam para que apenas a tenha prolongado. Mas mesmo assumindo que tal seja verdade, convém notar que o maior défice público incorrido por Roosevelt durante o New Deal foi de 5.5% em 1936. Por comparação, em 2010 Portugal teve um défice de 10.1% e a Grécia de 15.8%. É errado chamar expansão a um défice de 5.5% mas depois reclamar de austeridade quando são impostos défices superiores na Grécia e em Portugal.
Mito: Os mercados são uma entidade bem definida, dominado por poucos agentes com um plano maquiavélico para destruir a Democracia e tomar conta do Mundo
Realidade: Os “mercados” são constítuidos por todos os aforradores e seus representantes que escolhem a melhor forma de aplicar as suas poupanças. A taxa de juro das dívidas soberanas sobe se esses aforradores duvidarem da capacidade de pagamento desses países e por isso se recusem a emprestar-lhes dinheiro. A recusa de muitos investidores em emprestar dinheiro à Grécia que nos últimos dois anos fez aumentar a taxa de juro exigida, acabou por revelar-se certeira, uma vez que a Grécia acabou por acordar não pagar metade dessa dívida.
Mito: Os mercados têm uma intervenção malévola na democracia, sendo as recentes situações na Grécia e Itália um bom exemplo disso
Realidade: O processo democrático levou a uma situação de insustentabilidade financeira para alguns países. Terá que ser o mesmo processo democrático a resolver essa situação. A mudança de líderes na Grécia e na Itália, que foram aprovadas pelos parlamentos eleitos democraticamente, visa atingir esse objectivo. Dizer que os mercados são inimigos da democracia porque os investidores não emprestam dinheiro a líderes que não confiam é o mesmo que dizer que a Física é inimiga da democracia porque não permite que seja revogada a lei da gravidade.
Mito: As agências de rating são culpadas pela crise da dívida soberana por terem baixado os ratings de dívida soberana dos países e dessa forma aumentado os juros da dívida
Realidade: Se alguma culpa pode ser atribuida às agências de rating foi não terem feito downgrade da dívida soberana de países como Portugal e a Grécia mais cedo. Quando os downgrades foram feitos a países como Portugal e a Grécia, já os aforradores e os seus representantes se recusavam a emprestar dinheiro a esses países. Em segundo lugar, nada impede os investidores de continuar a comprar dívida soberana depois de um downgrade se acharem que realmente o país tem capacidade de pagar. Um bom exemplo disso são os EUA que depois de um downgrade de uma agência de rating conseguiram obter empréstimos a uma taxa de juro ainda mais baixa que antes do downgrade.
Mito principal : um regime de moeda externa como o Euro é igual a um regime monetário com moeda própria e câmbios variáveis.
Realidade : um regime de moeda externa como o Euro é inviável para qualquer país que tenha deficit corrente crónico.
Só economistas incompetentes e ignorantes confundem os dois regimes monetários
Mito ideologico : Keynes era anti-capitalista e anti-liberal
Realidade : os anarquistas neotontos puritanos são anti-capitalistas e anti-liberais porque propõe a destruição do sistema capitalista em vigor desde 1946 .
Keynes estabeleceu as bases teóricas para o capitalismo racional que levou a humanidade para um desenvolvimento económico, social e cultural como nunca tinha sido possivel anteriormente.
“Mito principal : um regime de moeda externa como o Euro é igual a um regime monetário com moeda própria e câmbios variáveis.
Realidade : um regime de moeda externa como o Euro é inviável para qualquer país que tenha deficit corrente crónico.
Só economistas incompetentes e ignorantes confundem os dois regimes monetários”
Eu diria que o que se torna inviáveis são os défices. De facto, para défices crónicos só o federalismo com dívida europeia poderá suportar os défices federais para maior ou menor suporte de défices estaduais.
Os défices crónicos dependem da monetização em acto contínuo e as dívidas passam a ter risco de inflação (e não de risco de crédito -> embora só verdade para quem não precisa financiar-se em moeda externa, porque qualquer zona pequena acaba a ter de o fazer.
“Keynes era anti-capitalista e anti-liberal”, no mínimo achava que a moeda e crédito, fixação de taxa de juro, é para ser planeado e fixado administrativamente, assim com noutra ordem as variáveis agregadas de consumo vs investimento, etc.
Carlos Novais,
As estradas, tribunais, exercitos, policias , aeroportos, capitais dos países, ministérios, universidades, municipios, regiões, também são planeadas e fixadas administrativamente. foi para isso que se inventou o estado, como forma de organização da sociedade.
O que Keynes propõe é simplesmente a modulação do investimento publico de forma a manter um nivel de desemprego muito baixo e taxas de juro baixas , que beneficiem os empreendedores, mas que os especuladores não tenham acesso ao crédito a juros baixos.
A expansão monetária é automática a partir da fixação das taxas de juros, pois o banco central em conjunto com o tesouro compra ou vende titulos de divida publica de forma a manter as taxas de juro nos niveis pré-fixados.
O que os neotontos não entendem é que o estado pode ser minimo se o nivel de desemprego for mantido baixo permanentemente, porque o sector privado estará sempre em expansão, a pobreza eliminada e a produtividade e inovação atingiram niveis muito altos.
Analise a politica económica do R.U na 2ª guerra e verifique a simplicidade com que se quadruplicou a produção industrial sem alterar grandemente a vida dos cidadãos e das empresas.
Paulo Pereira,
a política económica do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial teve como consequência que, no fim dessa guerra, o R.U. estava de tal forma crivado de dívidas (aos Estados Unidos) que estava totalmente incapaz de manter o seu império. O R.U. a seguir à guerra teve que abrir mão de praticamente todas as suas colónias (a começar pela Índia), porque não tinha forma de sustentar o colonialismo.
Obrigado pelo esclerimento.
Paulo Pereira : “um regime de moeda externa como o Euro é inviável para qualquer país que tenha deficit corrente crónico.”
O déficit corrente cronico é o resultado de anos e anos de politicas expansionistas de tipo keynesiano. As que o Paulo Pereira defende.
A solução não é sair do Euro mas sim inverter o tipo de politicas. Fazer o que fizeram a generalidade dos paises que teem balanças correntes equilibradas ou positivas. No essencial, trata-se de cortar nas despesas para equilibrar as contas publicas e de melhorar a competitividade das empresas liberalizando a economia e reduzindo a carga fiscal.
Paulo Pereira : “… o estado pode ser minimo se o nivel de desemprego for mantido baixo permanentemente,…
Exactamente o inverso !
Estados pesados e intervencionistas fazem com que a taxa de desmprego esteja quase sempre muito acima do que seria “natural” em economias mais livres.
Fernando S,
Você não entende como funciona a economia e por isso faz afirmações gratuitas e moralistas, que não são válidas em termos lógicos, só são válidas num mundo virtual.
A Alemanha , a Suécia, a Holanda , a Bélgica , têm hoje balanças correntes positivas, depois de décadas de social-democracia (algo demasiado estatistas para o meu gosto) , que preparou a sociedade com conhecimento e empresas competitivas.
Admitir que um país atrasado como Portugal , integrado numa moeda forte , vai poder competir com essa europa e a ásia é uma fantasia sem qualquer base histórica.
Luis Lavoura,
Parece que você defende que o RU devia ter perdido a guerra para não ter dividas !?
A politica economica e social do RU na 2ª Guerra demonstra à exaustão que Keynes tinha razão , que é possivel manter o capitalismo a funcionar, num regime de procura muito elevada e desemprego quase nulo, e que a produtividade e inovação atingem nesse caso valores elevadissimos.
Porque carga de água o RU devia ter mantido um império colonial ? Então cada povo não deve ser livre ?
Paulo Pereira : “… foi para isso que se inventou o estado, como forma de organização da sociedade.”
Ninguém “inventou” o Estado em momento nenhum. Como todas as organizações sociais formou-se através de um longo e sempre inacabado processo historico evolutivo.
O Estado não é “uma forma de organização da sociedade”. A organização da sociedade é mais vasta e inclui, naturalmente, uma forma determinada de organização estatal. Quando muito, o Estado é uma organização particular na sociedade e a sua forma e dimensão modela a organização social no seu conjunto. A caracteristica principal desta organização, seja qual for a forma, é a detenção de um monopolio legal da força.
Paulo Pereira : “Parece que você [Luis Lavoura] defende que o RU devia ter perdido a guerra para não ter dividas !?”
O que o Luis Lavoura disse foi muito simplesmente que o R.U. apenas pode aumentar significativamente a produção porque se endividou fortemente e isso teve consequencias negativas importantes de seguida.
De resto, foi precisamente depois da 2a Guerra Mundial que o declinio da Inglaterra como potencia economica se confirmou.
Foi preciso esperar pelos anos 80 e pelas reformas liberais do governo de Margaret Tatcher para que a economia inglesa voltasse a recuperar dinamismo e para que o nivel de vida e bem estar dos britanicos voltasse a situar-se ao nivel dos outros paises mais desenvolvidos.
Paulo Pereira : “A Alemanha , a Suécia, a Holanda , a Bélgica , têm hoje balanças correntes positivas, depois de décadas de social-democracia (algo demasiado estatistas para o meu gosto) , que preparou a sociedade com conhecimento e empresas competitivas.”
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A “social-democracia” nestes paises raramente significou despesismo irresponsavel por parte do Estado.
De resto, a fase mais “social-democrata”, de reforço do “Estado Social”, aconteceu sobretudo nos anos 60 e 70, tirando partido do crescimento do pós guerra.
De qualquer modo, depois disso passaram cerca de 3 décadas durante as quais estes paises tiveram governos de diferentes cores politicas que realizaram algumas reformas importantes nos respectivos sistemas economicos de maneira a torna-los mais competitivos no contexto da globalização. Isto é, embora mantendo um nivel de protecção social relativamente elevado, liberalizaram a economia, incluindo o mercado de trabalho, e mantiveram as contas públicas equilibradas. Por isso têm orçamentos mais equilibrados e dívidas públicas menos importantes do que outros paises na Europa que, como Portugal, seguiram ao mesmo tempo uma trajectória contrária.
“O que Keynes propõe é simplesmente a modulação do investimento publico de forma a manter um nivel de desemprego muito baixo e taxas de juro baixas , que beneficiem os empreendedores, mas que os especuladores não tenham acesso ao crédito a juros baixos.
A expansão monetária é automática a partir da fixação das taxas de juros, pois o banco central em conjunto com o tesouro compra ou vende titulos de divida publica de forma a manter as taxas de juro nos niveis pré-fixados”
falácia do crédito barato
falácia do investimento cria a sua própria poupança
falácia da taxa de juro como prémio para se afastar da liquidez
falácia do especulador improdutivo
Paulo Pereira : “Admitir que um país atrasado como Portugal , integrado numa moeda forte , vai poder competir com essa europa e a ásia é uma fantasia sem qualquer base histórica.”
Dentro ou fora do Euro, Portugal tem é de fazer as reformas que melhorem a competitividade da economia.
Os expedientes imediatistas, que consistem em desvalorizar a moeda face ao exterior e em aumentar a procura interna através do despesismo do Estado e da expanção monetaria, acabam a prazo por conduzir à estagflaçao e ao empobrecimento geral do pais e da população.
Portugal deve procurar conservar as vantagens de pertencer a uma zona monetaria estavel, com uma taxa de cambio sustentada, uma inflação controlada, e taxas de juro baixas (algo que o Paulo Pereira até deveria apreciar), e melhor a competitividade pela “via maestra”, isto é, reformando a economia de modo a que as empresas tenham ganhos de produtividade e eficiencia. Sem o recurso a expedientes.
Não é facil. Mas é um desafio que deve e pode ser enfrentado se queremos que o nosso pais se aproxime dos niveis dos paises mais avançados da Europa. A alternativa é voltar ao atraso cronico do passado.
Fernando S,
Você diz coisas sem sentido com um ar sério, para impressionar ignorantes e crentes na religião neotonta.
Então o R.U. entrou em decadência a seguir à 2ª Guerra ? já viu o crescimento do seu PIB durante décadas e a baixa taxa de desemprego? Estude antes de debitar tretas ! Então devia ter perdido a guerra para não se endividar ? Essa é de rir ás gargalhadas !!
Então todos os países europeus que adoptaram a social-democracia cresceram imenso após a 2ª guerra e isso foi um acaso ?
Não entende que o crescimento económico numa economia monetária exige o crescimento da massa monetária ?
Vá aprender um minimo de economia em vez de debitar frases sem lógica causal.
Você continua a bater na tecla de que estavamos numa economia de moeda metálica, o que é uma falsidade total, uma fantasia neotonta.
A divida publica não é um factor limitador numa economia monetária, quantas vezes vai ser repetir-lhe isto ?
O factor limitador é a inflação elevada e o deficit corrente.
Você parece também um moralista puritano anti-capitalista e anti-liberal, aliás isso parece um praga a alastrar-se. Os seus postulados pseudo-economicos são de rir :
falácia dos juros baixos – os anti-capitalistas preferem juros altos que impedem o crescimento económico , o crescimento das empresas, o aparecimento de novas empresas e de novos produtos !
falácia do investimento cria a sua própria poupança – você ainda não percebeu que os bancos já foram inventados !
falácia da taxa de juro como prémio para se afastar da liquidez – você não faz ideia do que está a dizer !
falácia do especulador improdutivo – o especulador é geralmente improdutivo, mas deve ser livre de especular desde que seja sem recurso ao crédito, ou seja deve usar as tais poupanças !!! O industrial deve ter acesso ao crédito.
“Não entende que o crescimento económico numa economia monetária exige o crescimento da massa monetária ?”
Não, não exige. Porque exigiria?
A única coisa que exige crescimento da massa monetária é o poder de criar moeda para dar crédito em vez de se alocar poupança monetária existente.
Isso é o que induz os industriais e o resto da economia a a iludir-se com um juro artificialmente baixo.
“falácia da taxa de juro como prémio para se afastar da liquidez – você não faz ideia do que está a dizer !”
Sou todo ouvidos
Carlos Novais,
A moeda que circula na economia é usada em três funções principais :
a) para transações imediatas , logo para mais crescimento (mais transações) implica mais moeda
b) como precaução (a tal poupança ) , logo uma taxa de poupança constante numa economia em crescimento implica mais moeda
c) como poupança para especular , idem
Além disso vemos na história que o crescimento económico trouxe sempre crescimento da moeda em circulação, dizer o contrário é simplesmente uma fantasia neotonta, de que não entende ou não quer entender como funciona a economia capitalista real, não um modelo qualquer virtual inventado.
Veja o caso do Japão ou dos EUA e tente perceber a “liquidity preference” , ou as taxas de juro em geral nesses países.
Paulo Pereira,
Realidade: Keynes é anti-liberal.
http://mises.org/daily/4251
Paulo Pereira,
Ponto prévio :
Em vez de se armar em grande conhecedor da economia e da historia, dando lições com ar convencido e arrogante, e em vez de ser mal-criado e insultuoso (“ignorante”, “moralista”, “neotonto”, etc, etc), você certamente ganharia em ser mais humilde e respeitador dos outros, a começar por quem tem opiniões diferentes das suas, e em concentrar-se exclusivamente na sua argumentação.
Se você continua com este tipo de ataques “ad hominem” eu não tenho nenhum interesse em continuar a discutir consigo. E farei aquilo que, pelo que já percebi, outros aqui já fizeram, e que é, pura e simplesmente, não lhe passar cartão. No fim de contas é o que gente como voce merece.
Isto não tem absolutamente nada a ver com as suas opiniões e argumentos, que valem o que valem, mas que devem ser respeitadas. E que eu tenho sempre respeitado, tolerando inclusivamente os seus repetidos e crescentes insultos. Aos quais não respondi e não responderei !
Paulo Pereira : “Então o R.U. entrou em decadência a seguir à 2ª Guerra ?… Então devia ter perdido a guerra para não se endividar ?”
Como é facil de verificar, eu não disse nada disto. Você deveria ler melhor os comentarios dos outros e responder de forma menos precipitada.
Disse que o RU acentuou a seguir à guerra o seu declinio relativamente a outros paises desenvolvidos, os EUA, os principais paises europeus, o Japão. Perdeu posições em termos absolutos de grande potencia. O rendimento per capita dos ingleses cresceu naquela altura menos do que o dos outros paises mais desenvolvidos (incluindo a França e a Italia).
Também não disse (e creio que o Luis Lavoura também não) que o RU devia ter perdido a guerra para não se endividar. Disse que o aumento significativo da produção em resposta ao esforço de guerra foi financiado com um forte endividamento que acabou por pesar na situação economica do pais nos anos que seguiram ao fim da guerra.
Paulo Pereira : “Então todos os países europeus que adoptaram a social-democracia cresceram imenso após a 2ª guerra e isso foi um acaso ?”
A “social-democracia” foi muita coisa. Foi inclusivamente e conversão de uma parte do movimento politico socialista e marxista à democracia liberal e à economia de mercado. Por isso, mesmo os governos sociais democratas do pós guerra contribuiram para um processo de crescimento de tipo capitalista. Mas, ao contrario do que o Paulo Pereira sugere, o mundo “ocidental” e capitalista do pós guerra não foi governado apenas, nem principalmente, por “sociais-democratas”. Não esquecendo também que os governos mais de “esquerda” apareceram sobretudo mais tarde, a partir dos anos 70 e 80. Fizeram então muito pior do que os “velhos reformistas sociais democratas”, aumentando o peso do Estado e a carga fiscal, adoptando políticas orçamentais e monetárias expansionistas que acabaram por conduzir os paises desenvolvidos para a situação de impasse em que nos encontramos actualmente.
No fim de contas, o mundo do pós guerra cresceu e desenvolveu-se graças ao capitalismo, ao mercado, ao investimento privado, à liberdade económica, e não graças ao intervencionismo estatal, ao despesismo dos governos, à irresponsabilidade monetária. Digamos que o dinamismo do capitalismo criou e distribuiu riqueza … apesar de todos os entraves e de todo o parasitismo que certos governos e certos Estados levantaram.
Paulo Pereira : “Você continua a bater na tecla de que estavamos numa economia de moeda metálica,…”
Que eu tivesse percebido (na minha enorme “ignorância da economia”, como você diria !), ninguém aqui, nem sequer o Carlos Novais, pretendeu alguma vez que “estamos numa economia de moeda metálica”.
Quando muito há quem pense que estariamos melhor se estivessemos numa economia com uma moeda bem menos fiduciária.
Mas sobre este aspecto, e sobre os comentários desenvoltos que você faz, o Carlos Novais terá certamente respostas apropriadas.
De resto, mais uma vez, você lê mal e responde precipitadamente, atribuindo-me afirmações que foram feitas pelo Carlos Novais (a meu ver muito acertadas).
Sr. Tiago,
Keynes é liberal. Os anarquistas neotontos são anti-liberais e anti-capitalistas.
Keynes formulou a teoria que permitiu aos paises com regimes sociais-democratas, e por arrastamento muitos outros, atingirem um desenvolvimento económico, social e cultural como nunca existiu na historia da humanidade.
Esse desenvolvimento permitiu a manutenção e expansão da democracia e da paz a grande parte do planeta.
Leia Keynes em vez de artigos pseudo-económicos.
Fernando S,
Peço desculpa por alguma por algum comentário menos apropriado.
É clarissimo que a sua argumentação e de vários membros deste blog sobre questões macroeconómicas tem uma base moralista e puritana e não uma base lógica.
A mistura de casos de moeda externa rigida com moeda própria com câmbios varáveis mostra ou ignorância ou tentativa fazer propaganda sem substância.
Sobre o RU, o seu crescimento económico substancial apesar das dividas contraidas na 2ª guerra mostra que a solução de Keynes funcionou, ou seja é perfeitamente possivel manter uma economia privada capitalista a funcionar com um desemprego proximo de zero , aumentar a produtividade várias vezes em pouco tempo, produzir e inovar a uma escala nunca vista , tudo isto através de um gasto público elevadissimo, bastando para isso controlar os juros e a inflação. O caso dos EUA é semelhante, mas nos EUA o racionamento foi uma opção , enquanto que no RU foi puro capitalismo Keynesiano, por poupança forçada. Keynes 10 – Hayek 0
Agora se a longo prazo o RU cresce menos que a Alemanha ou a França, isso é uma questão de cada povo e da forma como se organiza. Uns povos trabalham mais outros menos, mas uns destroem continentes inteiros e matam dezenas de milhões de pessoas e outros povos não.
Sobre a social-democracia ou capitalismo racional , ela é definida essencialmente por :
– sistemas universais de saude, educação e s.social
– investimento publico em infraestruturas de transportes, energia e telecomunicações
– politicas industriais com financiamento ao sector produtivo a juros baixos, formação profissional subsidiada, e sistemas de transferencia do conhecimento cientifico para o sector produtivo
Isto tudo permite maximizar a capacidade produtiva e a criatividade de cada sociedade, o que vai proporcionar crescimento económico continuado, um sector privado prospero, baixo desemprego e uma sociedade altamente rica e em principio feliz.
Paulo Pereira,
já li Keynes. Você, pelo contrário, não teve tempo para ler o artigo, o que é revelador da sua honestidade intelectual.
Tiago,
Eu já tinha lido esse artigo há varios meses. É pura propaganda neotonta.
Keynes demonstra na GT que o capitalismo industrial monetário do tipo “laissez-faire” apresenta uma tendência intrinsica para niveis de desemprego demasiado elevado , o que constitui um resultado moralmente inaceitável, porque pode ser contrariado de uma forma simples e em que toda a sociedade ganha (os riscos ficam mais ricos e os pobres desaparecem em geral)
A proposta de Keynes é manipular as taxas de juro e o investimento publico de forma a manter um nivel elevado de emprego durante o mais tempo possivel, mantendo a produção de bens e serviços no sector privado ou seja mantendo o capitalismo a funcionar, e mantendo impostos relativamente baixos.
O resto são tretas sem pés nem cabeça e propaganda pura anarquista,
Culpar Keynes de estatismo ou anti-liberalismo é o mesmo que culpar Einstein pelo bombardeamento de Hiroxima.
Paulo Pereira,
Sim, realmente uma sociedade controlada a nível central (manipular as taxas de juro e o investimento publico) é sem dúvida extremamente liberal e nada estatista…
Tiago,
O estado também manipula a nivel central justiça, a policia, a defesa, os orgãos politicos, as universidades, a lingua, as leis ,etc.
A manipulação de juros e investimento publico para o bem geral , para manter a liberdade e aumentar a riqueza de todos é totalmente justificavel. É uma técnica como outras técnicas, como a medicina, a energia eléctrica , as telecomunicações , as estradas, etc.
Só uma sociedade rica é mais livre .
O anarquismo é anti-liberal porque aumenta a pobreza para niveis inaceitáveis.
“Keynes demonstra na GT que o capitalismo industrial monetário do tipo “laissez-faire” apresenta uma tendência intrinsica para niveis de desemprego demasiado elevado”
Keynes não demonstra nada disso, nem teoricamente nem empiricamente.
“A proposta de Keynes é manipular as taxas de juro e o investimento publico de forma a manter um nivel elevado de emprego durante o mais tempo possivel, ”
Lá isso consegue, criando uma bolha, por isso é que temos as crises.
“a) para transações imediatas , logo para mais crescimento (mais transações) implica mais moeda”
de facto a função primeira de uma moeda é facilitar a troca, agora mais transacções não implicam mais moeda, os preços baixam como baixaram todo o século 19., enquanto a economia crescia.
“b) como precaução (a tal poupança ) , logo uma taxa de poupança constante numa economia em crescimento implica mais moeda”
Não,o aumento da poupança é o aumento do investimento, a redução da proporção de consumo, aumento o ritmo de crescimento via redução de custos, a quantidade de moeda não tem nada que ver com o assunto
Tudo se resumo a isto:
– crescimento traduz-se em redução de preços (a coisa mais lógica-> crescimento faz-se por redução de custos), só o inflacionismo perturba a sua observação empírica (bem visível no séc. 19)
– o aumento/diminuição da procura de moeda traduz-se em diminuição/aumentos de preços
– o aumento/diminuição da poupança/investimento traduz-se em diminuição/aumento da taxa de juro
Os Keynesianos&Co fazem a maior das confusões com estas verdades simples e têm a crendice da taxa de juro baixa, como se funcionasse por magia.
O efeito de taxas de juro baixas no cenário de crise só pode ser compreendido no contexto de uma bolha de crédito que rebenta, em preços que baixam (imobiliário) e no risco de perder moeda (falências de bancos). A “liquidity trap” é uma consequência da expansão de crédito., a forma de a ultrapassar depressa ainda que com dores, é mesmo deixar os preços caírem (incluíndo salários) e liquidações ocorrerem.
Carlos Novais,
As suas pseudo-teorias economicas existem num mundo virtual de fantasia, onde não existem bancos, nem grandes empresas, apenas agricultura de subsistência, como era antes da revolução industrial.
Numa economia monetária industrial com crédito os seus postulados fantasistas não se verificam, as empresas só investem depois da procura aumentar, insistir no contrário é puro lirismo ilógico.
Você vive num mundo pré-industrial, não se interessa pela realidade e pela historia, apenas quer manter uma narrativa moralista sem significado económico.
Depois de ler atentamente os 29 comentários até agora, surge-me uma questão:
Caro Paulo Pereira,
Porque é que rebate toda e qualquer argumentação contrária aos seus “beliefs” com pseudo-neo-insultos?
Também vem nos livros de Keynes?
Só digo isto porque, parece-me, que as pessoas aqui não o levam a sério, quando poderiam, se não tivesse esse discurso arrogante e de quem não tem nem quer ter qualquer abertura ao diálogo.
Caro Manuel Costa Guimarães,
É decepcionante que pessoas que aparentam inteligência e cultura insistam em teimar em crenças macro-económicas sem pés-nem-cabeça.
Uma coisa seria propor alternativas à forma como a economia é intervencionada pelo estado, a organização politica do estado e as implicações macro-economicas, etc., outra é insistir postulados/teses/fantasias que não se aplicam à realidade actual nem têm nenhuma validação histórica, a não ser em casos especiais pré-industriais, ou onde não existe crédito nem deficit publico.
– exemplos : oferta gera a procura , o investimento vem da poupança, confundir moeda-fiat com cambios variáveis com moeda-ouro ou moeda externa, etc.
Sim, maluquices como o investimento vem da poupança não fazem sentido nenhum. Toda a gente sabe que o investimento vem da impressora dos bancos centrais.
Enfim, no fundo o que o Paulo diz é que aceita discutir apenas com pessoas que partilhem o seu entendimento do Mundo.
Carlos Guimarães *Pinto,
O investimento é uma decisão autónoma das empresas .
Quem tenta entender como funciona de facto a economia tenta perceber que o investimento privado é uma variável muito independente, não tem nada a ver com poupanças, porque numa economia moderna existe crédito, ou seja mesmo com poupança zero as empresas investiram caso as vendas estivessem a aumentar ou as expectativas que as vendas aumentariam fossem muito fortes em geral.
Na verdade este é o tema central de Keynes, a decisão do investimento, como se processa e quais as consequências numa economia monetária industrial e tecnológica.
Caro Paulo Pereira,
“que não se aplicam à realidade actual(1) nem têm nenhuma validação histórica(2)”.
1. A realidade actual é uma incógnita e por isso é que se calhar teremos que actuar de uma forma não experimentada, dado que o que foi veiculado até agora deu nisto, e para isso é que existem novas teses/fantasias, com as quais não concorda porque não há provas. Por outro lado, as provadas deram em borrada, por muitos caminhos sinuosos e contrários que tenham seguido.
2. A validação histórica está à vista e está boa.
Acho que todos aqui queremos argumentação e contra-argumentação estimulante, enquanto que eu, que não percebo tanto como vocês, venho aqui para me instruir e ajudar/argumentar no que souber. Só isso.
Caro Manuel Guimarães,
O único grande problema que existe no mundo em termos macro-económicos é a crise da Zona Euro. porque foi uma invenção de economistas incompetentes e ignorantes. Nunca pode existir uma moeda federal sem divida federal. é uma fantasia monetarista que agora uma parte significativa dos cidadãos europeus vai ter de pagar, é uma impossibilidade lógica numa economia com crédito e onde existe uma taxa de poupança consideravel.
Caso Portugal tivesse mantido o escudo, nunca teria acumulado 200 mil milhões de euros de divida numa moeda externa como é este Euro.
Como já disse antes, a crise de 2008/2009 mundial foi resolvida by the book com redução de juros e aumento dos deficits publicos, demonstrando pela enésima vez a validade da teoria geral de Keynes. Só a Europa está à beira da recessão, auto-imposta pelos puritanos germãnicos e seus aliados.
A recusa permanente de pessoas que se dizem liberais em querer entender como funciona a economia real actual, é muito supreendente e leva-me a suspeitar muito do seu liberalismo, parece-me mais que pode existir aí uma queda para um certo totalitarismo anti-capitalista.
“a crise de 2008/2009 mundial foi resolvida by the book com redução de juros e aumento dos deficits publicos”
a crise de 2008/2009 está a colocar na falência estados e bancos
“As suas pseudo-teorias economicas existem num mundo virtual de fantasia, onde não existem bancos, nem grandes empresa”
na sua fantasia o crédito quando tem lugar por criação de moeda por magia faz surgir a poupança que a torna sustentável…como digo, é a falácia do: Investment creates its own Savings.
Os bancos servem para intermediar, não para emitir crédito sem terem que captar poupança.
Carlos Novais,
O crédito actual não tem nada a ver com poupança. Essa da intermediação é do tempo do padrao ouro ou antes.
Vou-lhe explicar como funcionam os bancos “hoje” , ou seja desde que o mercado interbancário funciona eficazmente e existe um banco central :
a) economia só com Banco A e Banco B (é fácil generalizar)
b) Banco A aprova credito de 100 mil escudos ao cliente X , creditando na conta de deposito à ordem de X 100 mil escudos e debitando na sua conta de emprestimos 100 mil escudos (meros registos contabilisticos)
c) Cliente X passa cheque de 100 mil escudos ao fornecedor Y , que deposita o cheque no Banco B. Banco B fica com 100 mil escudos de reservas em excesso e Banco A com deficit de 100 mil escudos
d) Banco A pede emprestado 100 mil escudos ao Banco B .
e) Banco A ganha a diferença de juros entre o emprestimo ao cliente X e o emprestimo no mercado interbancário
f) Se o Banco B quiser cobrar um juro alto ao Banco A não consegue porque o Banco Central empresta ao Banco A a uma taxa pre-fixada e então em condições normais o Banco B empresta porque senão fica com 100 mil escudos sem ganhar nada.
Há aqui mitos a mais e realidades a menos. As agências de rating que comandam as finanças do mundo são todas americanas e são propriedade de fundos de investimento que têm interesses diretos nos próprios mercados (propriedade de WASPs, com certeza). São juízes em causa própria. Por isso, não são credíveis! Uma palavra que a direita tanto gosta. Como explica que o Lehman Brothers tivesse a classificação de AAA em vésperas da sua falência? Ou a da AIG que foi salva? Vivemos num sistema oligárquico travestido de democracia, onde impera o capitalismo de casino que brinca com a vida das nações. E o que diz sobre os EUA só demonstra uma pura ingenuidade. Não sabe que a moeda do mundo continua a ser o dólar e são os EUA que têm a máquina para a fazer? Ora, ora, vivemos o fim da Civilização Ocidental que vai implodir devido à sua própria ganância. Curioso é que tivessem escolhido precisamente a Grécia, país aonde nasceu, para desencadear o seu fim. Coincidências…
Mas a propósito da Grécia e como vi que falou por aí em Platão, a propósito de um caso de plágio, aconselho-o a ler a sua República com mais atenção, porque lhe deve ter escapado muita coisa.
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