Como caracterizar um país quanto às características culturais do seu povo?
De acordo com o que aprendi no meu mestrado em Economia Internacional, Hofstede em 1980 achou a melhor resposta até à data a esta questão. Ele dividiu a sua caracterização cultural em 4 dimensões (a que mais tarde juntaram a 5ª). A saber:
- PDI (Power Distance Index) – Distância ao Poder – Mede até que ponto os membros menos poderosos de uma sociedade aceitam e esperam uma distribuição desigual do poder. Representa a desigualdade medida a partir de baixo e sugere que este é o nível relevante no nível de desigualdade em que se irá encontrar uma sociedade.
- Ind – Individualismo – A mentalidade é individualista ou colectivista? Nas sociedades individualistas, as ligações entre indivíduos são mais soltas, esperando-se que cada um seja capaz de tratar de si próprio e se precaver para eventuais adversidades. Nas sociedades mais colectivistas, as pessoas desde o nascimento que são integradas em grupos (familiares mas também profissionais ou de interesses) que são coesos, fortes, protectores e onde se espera uma lealdade inquestionável.
- Mas – Masculinidade – A comunicação é directa e assertiva ou cheia de floreados? A sociedade é mais competitiva ou mais modesta e sentimental?
- UAI (Uncertainty Avoidance Index) – Atitude face à Incerteza – A sociedade evita o risco e prefere a certeza e o Status Quo ou aceita o risco? Despreza ou valoriza os que falharam em tentativas anteriores?
- LTO (Long Term Orientation) – Longo Prazo – A orientação é para soluções de curto prazo ou de longo prazo? (proposta por investigadores Chineses, só disponível para 23 países)
Gráfico de Portugal no site do investigador original:

Na dimensão mais recente, Portugal tem uma orientação forte de CP.
Compare-se agora com Suiça e China:


E fica tudo dito, não é?
…
Já agora: vejam nesta imagem onde estão Portugal e Grécia por um lado e Suécia e Dinamarca por outro:

Pois…
Err… Portugal e a Grecia estão no mesmo grupo do Japão…
Por outro lado, o interessante neste mapa é que não é o Uncertainty Avoidance Index o que distingue os paises “bons” dos “maus” mas sim o individualismo/colectivismo.
O Japão que trabalha tanto e tem marinado nos últimos 20 anos 😉
E aquele pais com a sigla KOR que tambem está no nosso grupo é a Coreia do Norte, ou a é Coreia onde se fazem os Samsungs?
Tambem acho estranho a Italia, com as suas tradicionais mafias e a comida da mama, estar no grupo dos individualistas.
Penso que esses estereotipos “italianos” são mais “sul-italianos”.
KOR=República da Coreia. A Coreia do norte usa o código PRK.
O que se vê neste gráfico é que o Coletivo Insurgente tenta impôr em Portugal ideologias próprias de povos que são culturalmente muito distintos do português.
Sim, KOR é a dos Samsungs.
A Itália é essencialmente Milão e Roma. Sicilianos tem pouco peso na população.
Mas o que dizem desta métrica? Acham útil? Acham adequada à realidade?
Não percebo como é que Portugal tem um pequeno MAS ou estou a entender a escala ao contrário?
Portugal é muito feminino, no contexto da definição apresentada e isso não é um erro:
Ao contrário dos Alemães, nós os Latinos somos um povo que em qualquer telefonema ou comunicação demoramos imenso a chegar ao objectivo da mensagem, quando chegamos somos difusos e cheios de artifícios de linguagem e quando terminamos deixamos muito subentendido em meias palavras.
Assertividade? Objectividade? Rigor? Pontualidade e assiduidade? Eficiência? No thanks!
Sim é o que penso, é preciso irritar os portugueses para estes falarem claro. Estava a ler a escala ao contrário.
Ah ok.
No caso de Portugal acho que não dá para ter dúvidas.
São métricas interessantes. É curioso que haja nações bem sucedidas em todos os quadrantes. São também interessantes os agrupamentos culturais que existem.
No caso português (e grego também), o que sai da escala é claramente a aversão ao risco, o tão afamado conformismo português. É imperativo mudar essa mentalidade, e valorizar a iniciativa.
eltopo,
Necessário é. Mas experimente falar com as pessoas à sua volta e verá como isso é difícil…
Como estes problemas culturais não se mudam com facilidade, a questão resolve-se com elites informadas sobre as características peculiares da nossa sociedade. Excelente post. A última pessoa que esteve no poder e que conhecia o problema como ninguém foi aquele cujo nome não pode ser dito. Em boa verdade, no inconsciente colectivo da raça predomina o arquétipo feminino, de forma muito proeminente. E isso explica parte dos nossos problemas.
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