Na comunidade de investidores, há quem se queixe da “instabilidade” do Ouro.
Repare-se que não se queixam da instabilidade do Euro (ou Dólar), o que diz mais sobre quem faz a afirmação do que sobre qualquer dos activos envolvidos (Ouro e Euro).
Um Preço é um Rácio entre 2 activos. Quanto tenho eu de dar de um para obter outro. Se eu usar como base o Euro, o Ouro tem variado, assim como muitas outras matérias-primas, a uma menor escala bens intermédios e a uma menor escala bens de consumo. Mas se eu usar como base o Ouro, o Euro é instável e tudo o resto um pouco menos instável do que no cenário anterior.
“Ah e tal, coitado de quem investiu em ouro: não é um activo para investidores conservadores com certeza!” – Eu digo o contrário: como conservador, invisto em Ouro. Quem tem depósitos a prazo ou outro qualquer activo de risco baseado num activo em depreciação constante pois é produzido em quantidade e a custo 0 (zero) para o emissor, esse sim, gosta de “Viver a vida loca”!
O Ouro não sobe: as moedas é que descem sempre, fruto da impressão desenfreada de quem vive para financiar défices do Estado. O Ouro não desceu nos últimos dias: o Dólar e o Euro é que subiram por algum factor momentâneo.
A Política Monetária é conhecida e é expansionista. Só quem for “contrarian” deve investir em Euros (e sofrer as consequências). O investidor conservador que pense bem na política monetária antes de decidir entre o activo que lhe permite manter o poder de compra (2 fatos custa hoje 1 onça de ouro, como há 100 anos atrás) e o investimento arriscado dos depósitos denominados em algo baseado na “confiança nas economias”.
«Na comunidade de investidores, há quem se queixe da “instabilidade” do Ouro.»
Pois. Apesar de umas “habilidades” conjunturais, trata-se de uma moeda insusceptível de ser multiplicada por quaisquer toques de alquimista. Daí o horror à coisa e os “conselhos” que, bondosamente, dão aos pequenos investidores para se afastarem dessa matéria dourada, inerte e inerme que não dá “rendimento”.
E a seguir é a prata a subir que o ouro estará demasiado caro.
Ricardo, a discussão do ouro vs outras moedas fiduciárias é assunto encerrado. Na medida em que o valor das moedas fiduciárias tenderá para zero, o preço do ouro medido nessas moedas tenderá para infinito. Não é isso que está em questão.
A questão prende-se com o valor real do ouro (medido em platina, imobiliário, bens de consumo, etc) que tem subido bastante e com volatilidade crescente.
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Eduardo,
É precisamente essa impossibilidade de o criar a custo baixo que eu aprecio.
Uma boa moeda precisa de ser:
1 – Durável
2 – Divisível
3 – Homogénea
4 – Não Perecível
5 – Facilmente transportável
6 – Facilmente mensurável
7 – Existente em quantidade suficiente mas limitada
8 – Ser aceite por todos
O papel moeda falha o critério 7, por muito que os responsáveis digam o contrário 😉
Se aconselham os pequenos investidores a fugir dele? Claro, fica mais e a melhor preço para quem dá esse conselhos e evita-se que as pessoas percam a fé na moeda fiduciária!
L,
Oops.
Então não reparou que a Prata fez o mesmo que o Ouro ANTES?
Veja na net a evolução do rácio Ouro/Prata: era alto (70s), depois caiu imenso (30s) e agora com a subida do Ouro é que recuperou um bocado (40s).
A prata é um mercado muito mais pequeno e muito mais manipulado por shorts de grandes bancos americanos, pelo que é fácil de o seu valor variar muito. Recordo que há diversas indústrias que precisam de prata “no matter what” e que como o stock mundial é muito pequeno (comparativamente como o do ouro e comparativamente com as necessidades da indústria), pelo que… é preciso saber no que se mete.
Se quiser investir em prata, é um bom investimento. Mas já não é tão bom como seria à 12 meses.
Carlos,
À medida que outras reservas de valor falhem – por exemplo, Obrigações do Estado Americano, Imobiliário, Depósitos Bancários, … – é natural que mais pessoas se juntem ao mercado do Ouro.
Isso tem as 2 consequências que referes: aumento de valor e aumento da volatilidade.
O aumento de valor é consequência directa do aumento da procura e manutenção da oferta (mesmo que por vezes alguém descarregue ouro no mercado, em termos agregados isso tem impacto episódico e não de MLP).
O aumento de volatilidade está relacionado com a chegada de novos agentes ao mercado com novos comportamentos e da alteração de comportamentos de alguns antigos, o que neste momento é bastante justificável.
Seja como for, enquanto eu não vir o povo em geral a comprar barrinhas de onça e libras de ouro, estou descansado e não me preocupo com bolhas…
É fácil de verificar que o ouro sobe quando as taxas de juros reais de médio prazo são muito baixas, ou negativas. Isto por que neste caso ao investir em ouro não perde juros reais.
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Também é razoável admitir que uma carteira diversificada deverá ter 5% de metais precisosos, o que pode significar que o ouro tem ainda algum espaço para subir já que o valor médio nas carteiras é ainda inferior a este nivel.
Sim, o ouro sobe quando a Política Monetária é “expansionista”. O que faz um certo sentido 😉