O i dá hoje um excelente exemplo de como escrever uma notícia inflamatória. Se houvesse um campanha montada de propaganda contra os bancos, dificilmente faria melhor.
Título da notícia, em letras gordas, na primeira página:
Reforma na banca é o dobro da segurança social
Subtexto abaixo do título, também na primeira página:
«1182 euros é a pensão média paga pelos quatro maiores bancos privados em 2010. 472 euros é o valor médio das reformas no regime geral pagas em 2009»
No texto da notícia, podemos ler (negritos meus):
«A reforma média paga pelos principais bancos privados em Portugal representa mais do dobro da pensão de velhice paga pelo regime geral da Segurança Social. No entanto, quando comparada com a aposentação média dos funcionários públicos, os bancários ganham ligeiramente menos.»
Inacreditável…
Onde está a incorrecção?
Toda a gente sabe que as reformas dos funcionários públicos são as maiores e pagas pela CGA. Em segundo lugar são as reformas dos bancários (pagas por um fundo – que agora não sei o nome). Por último estão as reformas do sector privado (pagas pela segurança social).
Não me admira que as reformas dos bancários sejam o dobro uma vez que a declaração de rendimentos também costuma ser o dobro. É que a maior parte do sector privado declara o salário mínimo, mesmo que receba mais, fá-lo por debaixo da mesa.
Claro, o L aqui acima já disse praticamente tudo…
É surrealista que se considere a noticía (?) inflamatória apenas contra os bancos, e não também contra os funcionários públicos, quando o argumento utilizado é precisamente o mesmo e surge no próprio texto dessa mesma notícia.
Este género de hipocrisia foi fomentada até à exaustão (também) pelo anterior governo, explorando o instinto primário de que a pimenta nas nalgas dos outros arde sempre muito mais, mas isto vai acabar tudo é num grande churrasco!…
Quantas pessoas, acham V.exas, lêem apenas os títulos comparando com as pessoas que efectivamente vão à página 23 ler o corpo da notícia? Porque é que o título da notícia não é “Reformas na banca e na função pública são o dobro da segurança social”? Quando a revista de imprensa feita na televisão, chegando a muito mais leitores que a edição impressa, é feita apenas sobre o título e subtexto na primeira página, qual o efeito que acham terá a notícia?
A questão principal seria analisar-se o crescimento do sector financeiro, do sector privado e do sector público. A nossa grande bolha são os sectores públicos e financeiros, que têm de implodir. Repare-se a presença do BES em tudo o que mexe na nossa pequena economia.