“The new leader of Spain’s Castilla La Mancha region said on Monday that it has a budget deficit more than twice as large as had previously been thought, raising new concerns over the true state of regional finances and helping to send Spain’s risk premium to records. Castilla La Mancha President María Dolores de Cospedal said her government will on Tuesday present the first results of the audit she announced after being elected on May 22. “With the debts we’ve found unpaid as of June 30, the deficit is much higher than we were told,” she said in an interview with Onda Cero radio station. “[Tuesday] we will see the exact figure…but it will likely be much higher than 4%,” added Ms. Cospedal, who is also the No. 2 national official of the opposition Popular Party. The outgoing regional government of Socialist José Maria Barreda had said Castilla La Mancha had a budget deficit equal to 1.78% of local gross domestic product in April, well in excess of the 1.3%-of-GDP limit for 2011 set by the central government in Madrid for each of Spain’s 17 regions.”, ontem, no WSJ online.
A notícia reproduzida em cima foi, quanto a mim, a principal notícia do dia de ontem. Sendo certo que foram as preocupações relativas à Itália, bem como a inépcia comunicativa do senhor Van Rampoy, que estiveram na origem do pânico bolsista, parece-me que a descoberta de eventuais buracos orçamentais nas contas autonómicas espanholas é que poderá ser o rastilho de um enorme barril de pólvora que poderão ser hoje as contas das regiões autónomas espanholas. O argumento de que não somos a Grécia (utilizado por Portugal) nem somos Portugal (que continua a ser utilizado pela Espanha) está pois na iminência de cair por terra.
Quanto à Itália, não tenhamos dúvidas, nos moldes actuais, não é resgatável. A sua dívida atinge uns astronómicos 1,8 triliões de euros (utilizo a terminologia norte-americana), bem acima das dívidas conjuntas de Portugal, Irlanda, Espanha e Grécia – avaliadas em cerca de 1,2 triliões. Tudo somado, são 3 triliões de euros que, superiores ao PIB alemão, representam 30% da economia da zona euro. Portanto, se as dívidas espanhola e italiana forem abanadas, e começam a surgir sinais disso, das duas uma: a) o euro acaba ou b) o Banco Central Europeu, a exemplo do que tem sucedido com a Reserva Federal nos Estados Unidos, será compelido a monetizar a dívida (basicamente, imprimir papel), daqui resultando um surto inflacionista difícil de quantificar e provavelmente o abandono da Alemanha do euro. Seja como for, o corolário associado a qualquer um dos cenários é idêntico e consiste simplesmente no seguinte: a tempestade perfeita, aquela que arrasará os credores, em particular os credores privados, aproxima-se e com carácter de inevitabilidade. Foi assim que no passado se resolveram as mais graves crises creditícias e assim acontecerá agora, de novo.
Não tenho pena dos credores bancos, que bem merecem ser arrasados por terem andado a emprestar dinheiro descuidadamente a quem não deviam.
Tenho pena dos aforradores, que não têm culpa de que os bancos a quem confiaram o seu dinheiro o tenham emprestado tão estouvadamente.
Antes de sair a Alemanha saem os outros que representam “apenas” 30%.
Só existe uma solução : Converter divida publica nacional em divida publica única, 30 a 50% do PIB de cada país.
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Não pode existir uma moeda única sem divida única, devido à fuga continua de capitais da perferia para o centro.
Caro Ricardo
De facto parece haver cada vez menos dúvidas de que a solução será a que apresenta. Resta saber, tal como apresentei no meu último texto, se depois da tempestade (a minha aposta é num default colectivo e coordenado) o euro será oficialmente declarado morto ou se, pelo contrário, será o pretexto para o grande salto em frente federalista.
Abraço
Filipe
quantitative easing é a única solução, entre inflação (até descontrolada) e um meltdown financeiro europeu será preferível o 1º
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Tal como a Europa não se forma só com economia também não é só a economia que a deforma. Há muitas outras coisas mais importantes do que a economia que são mais decisivas. Uma das que pode, neste momento, ser determinante quanto ao futuro da Europa, é a diferença entre a mentalidade nórdica e a mentalidade latina.
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