Na matriz política portuguesa, só é “socialista” a política com intenções socialistas.
Como é possível que partidos “à direita” tenham políticas ditas socialistas? Podem roubar, dissipar e redistribuir riqueza alheia; levar a cabo toda e qualquer engenharia social; ordenar e dirigir a economia. Em suma, alguns “direitistas” e até mesmo “liberais” podem ser indistinguíveis, nas acções, dos seus camaradas ditos “à esquerda”. “Socialista” só pode ser aquele que leva o socialismo no coração e ninguém o cala.
Por outro lado, é “liberal” tudo aquilo que fuja ao cânone egalitário tal como definido pela extrema-esquerda.
O último Governo obesificou o Estado até aos limites, usou a política para corromper Economia e sociedade, namorou todos os progressismos tecnológicos e sociais – mas falhou em nacionalizar os meios de produção. Ou seja, sucumbiu à doutrina neoliberal de Reagan e Thatcher. O Presidente da República todos os dias discursa esquerdismos de repartição “justa” dos sacrifícios (leia-se “os ricos que paguem a crise”). Ou seja, calou-se para dar o poder ao fascismo tecnocrata. A aliança Passos-Coelho/Portas faz todos os possíveis por salvar o Estado social-democrata, inclusivamente vai poupar oitocentos milhões ao défice lá para o Natal — mas não sabem eles que há mais vida para além do orçamento? Neoliberais.
O país político vive de intenções e semântica; não será de admirar que os resultados de tanto esforço nacional para estabilizar esta desestabilização não passem das palavras.
Diria que o PS é tão socialista, quanto o PSD é liberal.
Quem acha que não faz sentido chamar liberal ao PSD, também não deve chamar socialista ao PS (e vice-versa).
O PS há muito que meteu o socialismo na gaveta. O PS passou a ser simplesmente “sucialista”. O PSD continua a ser o que sempre foi, ou seja, “sucial/sucialista “, o que não é bem a mesma coisa, mas quase. Liberal é que ele não é.