Adolescência Eterna (3)

Carlos,

Percebo o teu ponto de vista, mas não foi a isso que aludi. Referia-me apenas à tendência generalizada de adiar o inadiável, ou seja, querer e não querer ao mesmo tempo. Quem, como referes, sentia o apelo do mar e desaparecia, tomava uma decisão. Ia à sua vida. Assumia as suas dificuldades. Não se tornava num peso para quem quer que fosse e, por isso mesmo, a maioria das vezes, ia embora. Como é natural não vejo mal nenhum nisso. O que o artigo do WSJ refere, são os casos em que não se decide e se vive eternamente com 20 anos. Sem uma opção que seja definitiva ou implique consequências. Uma vida sem preocupações de maior que acabam, aliás, empurradas para cima dos outros.

3 pensamentos sobre “Adolescência Eterna (3)

  1. Carlos M. Fernandes

    Entendo o que dizes. Mas a minha questão é: será que de passar de um estado ao outro (da adolescência/juventude à vida adulta com família) tem as mesmas consequências (ou perdas vs ganhos) que tinha há duas ou três gerações? Antes, os homens mantinham um recanto de independência, um espaço onde ninguém entrava. Hoje, é a devassa total. Antes, as mulheres assumiam o contraponto a uma certa irresponsabilidade intrinsecamente masculina; hoje pedem aos homens que sejam responsáveis sem que tenham sequer, ainda, o “fardo” da responsabilidade. Querem que os homens sejam mais femininos. E se calhar é por isso que temos agora, de um lado, meninas que não podem ter um filho sem aulas de parto, e meninos, que ora são eternos adolescentes preocupados com os jogos e as festas, ou eternos adolescentes debaixo da asa da esposa, sem poder dar um soluço sem autorização. Meninos e meninas, eternos e eternas adolescentes, o problema é comum. Homens e mulheres já há poucos. Era mais ou menos esta a minha ideia.

  2. “Uma vida sem preocupações de maior que acabam, aliás, empurradas para cima dos outros.”

    Vamos lá ver – os tais “eternos adolescentes” pagam quase de certeza mais impostos (1 titular e 0 dependentes deve ser a maior taxa), não têm abonos de família a receber, se forem do género “ir para a farra” terão despesas em bem (tabaco, alcool) sujeito a elevados impostos especiais (e se forem mais do género “maladroit geeks” participarão em actividades como jogos on-line, editar a wikipedia, etc. que têm externalidades positivas); não requisitam os pais deles para irem buscar os netos à escola, etc.

    Ou seja, o seu deve e haver para com a sociedade até será provavelmente positivo.

  3. lucklucky

    No artigo ninguém está a dizer que vivem ás custas de outros, não sei porque é que diz que se “tornavam um peso”.

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