Ontem à noite, através do programa Negócios da Semana da SICN, fiquei a saber que as receitas tarifárias do TGV, na linha Lisboa-Madrid, representam 3%, sim 3%, dos benefícios que o governo anda a vender aos portugueses. E o que são os outros 97% perguntam vocês? Nas palavras do Professor Avelino de Jesus, o senhor que se demitiu da comissão da reavaliação das PPPs porque não o deixavam trabalhar, “benefícios do tipo ambientais, externalidades, poupanças de tempo e coisas do género”. Ou seja, as tretas que forem necessárias para justificar uma cobrança de impostos.
As PPPs são o instrumento perfeito para aliar a eficiência operacional dos privados à incompetência pública na gestão de dinheiro dos contribuintes e chegarmos ao pior dos dois mundos. São o exemplo acabado de uma solução de “consenso alargado“.
Acho que se justifica recuperar algo que escrevi há uns tempos noutras paragens:
Um dos chavões do reformismo é a necessidade de fazer reformas com, e não contra, o que precisa de ser reformado. Parece uma fórmula sentata mas fazer “reformas com” significa que a cada passo é preciso pagar a alguém para se poder avançar. Fazer “reformas com” transforma as reformas em distribuições de dividendos. É uma ideia peregrina que resulta no facto de 90% da despesa corrente do Estado ser intocável. O que vale é que parece que está finalmente a chegar o tempo de fazer “reformas contra”.
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