Não tenho a certeza acerca do que V Exas, os nossos (des)governantes, pensam ou até sequer se pensam. Mas apostaria que estão tão fartos de nós, Vossos súbditos, como nós Vossos servos, estamos fartos da competência de V Exas. Agradecemos o sacrifício feito por V Exas em prol do fim dessa coisa ultrapassada a que costumávamos chamar Portugal; agradecemos os Vossos trabalhos hercúleos a favor de um sistema fiscal mais justo que nos pôs a pagar tanto, que já quase não nos sobra nada para gastarmos mal gasto; agradecemos os Vossos esforços para que pelo menos algumas famílias de pessoas da Vossa agremiação melhorassem de vida; agradecemos a V Exas os negócios altruístas que proporcionastes a alguns com o nosso dinheiro, não fôssemos nós desbaratá-lo em inutilidades; agradecemos que em virtude da Vossa superior dedicação e inteligência nos tenhais salvo da crise internacional, coisa que já fizestes pelo menos cinco vezes no último ano e pouco; agradecemos que tenhais acabado com os privilégios das classe parasitas. Professores, médicos, juízes, empresários, escriturários, taxistas, pensionistas, reformados, imigrantes e emigrantes, alunos, pais, mães, crianças, avós, bisnetos e mulheres a dias. Enfim, os portugueses esses ignóbeis parasitas do esforço de V Exas; agradecemos a Vossas Exas que nos tenhais endividado até aos cabelos para as próximas décadas. Por tudo isto e por muito, muito, muito mais, muito obrigado a V Exas e que a terra vos seja pesada. Um fraga de granito pelo menos. Porque Já Basta.
Deste Vosso servo salvo por vós
P.S. O meu filho pede de o favor que diga a Vossas Exas se podem ir apanhar onde o sol não brilha, morrer longe, ter meninos pela barriga das pernas, nesse linguajar que, garanto-lhe, dito por ele soa ao Ires Dirae do Requiem de Mozart. Peço desculpa pela criança mas como com certeza compreendeis, não posso ensiná-lo a respeitar os mais velhos, não vá ele ficar traumatizado e acabar por não conseguir tornar-se um bom cidadão, contribuinte, servo da Vossa estirpe
A treta, perdão, declaração ao País não passou de um chorrilho de bacoradas, natural num palhaço sem vergonha.
E está tudo dito.
Bravo, venha o tal do FMI e outros tantos
Álvaro, esse tal de FMI já cá anda há meses