Só a histórica complacência com que a opinião pública e publicada brinda o PS permite que as recentes e tresloucadas derivas socialistas (o Michael Seufert faz aqui um bom apanhado) na tentativa de justificar o estado a que a sua governação desde 1995 nos trouxe passem, nos dias que correm, por declarações políticas aceitáveis ou sequer normais.
Apostado em beneficiar da mesma complacência que o autorizou a multiplicar-se em nomeações políticas de fim de festa ou que o autorizou a manter na vice-presidência da bancada socialista, por desejo do moderado Francisco Assis, um ladrão de gravadores de jornalistas, o PS acha-se agora no direito de inventar as mais absurdas desculpas para fugir às suas responsabilidades. E nesse jogo vale tudo, até mesmo comparar a Alemanha de Merkel à Alemanha de Hitler.
O problema do PS, enquanto actor de soluções para os problemas do país, não é apenas, embora bastasse já, o apoio e a manutenção de Sócrates no Governo. O problema do PS está, acima de tudo, na sua insuportável tentação para se sentir dono e herdeiro do regime, a quem os portugueses devem, em nome de glórias passadas, prestar vassalagem. As tresloucadas justificações são um mero retrato disso mesmo.
“O problema do PS está, acima de tudo, na sua insuportável tentação para se sentir dono e herdeiro do regime, a quem os portugueses devem, em nome de glórias passadas, prestar vassalagem.”
Nesta frase está o segredo da coisa, nem mais nem menos.