Ontem ficámos a saber que no Hospital de Cascais, ao fim de oito meses, já ninguém se entende. Mas o que é verdadeiramente revelador são os pormenores da discussão entre a HPP/CGD/Ministério das Finanças e o Ministério da Saúde.
A administração do hospital diz que já não há camas para acolher doentes porque os planos que o Estado fez não estão a bater certo (surpresa!). Face a isto como é que se resolve a situação? Não se resolve porque a solução não está prevista nos contratos-programa assinados, nem no planeamento inicial para o hospital, e a Administração Regional de Saúde “precisa de mais elementos” para autorizar o que quer que seja.
Para cúmulo do ridículo, a única coisa que a ARS autorizou sem precisar de mais elementos foi o pedido de transformação de 6 quartos individuais em quartos duplos. Algures está um burocrata cheio de medo por não se ter precavido devidamente com um dossier cheio de papelada. Afinal de contas, é nestas pequenas coisas que começam as derrapagens orçamentais.
Se o Estado quer controlar os gastos das PPPs, nada como centralizar tudo muito bem centralizadinho. Os doentes que se lixem, os únicos desperdícios autorizados são os que constam do plano quinquenal. Se a decisão de meter camas adicionais nos quartos tem de ir à ARS, espero bem que as horas extraordinárias estejam a ser decididas em Conselho de Ministros. Caso contrário, para quê esperar pelos juros da dívida a 7%? É chamar o FMI o mais rápido possível porque já ninguém nos salva da bancarrota.
Não se pode chamar o FMI porque o contrato não prevê e a ARS ainda está a estudar a situação.
Na falta de legislação específica o problema não tem existência legal e portanto não pode ser resolvido.
O Hospital como seria de esperar é excelente, e maravilhosamente organizado e gerido.
O problema são os doentes que teimam em entrar porta dentro, a precisar de camas, tratamentos, exames, cirurgias,…