O Rui Albuquerque evidencia, com rigor, o contra-senso de alguém poder encarar um governo recheado de venerandas figuras do bloco central como sendo um governo de salvação nacional. Esse contra-senso, alimentado por quem de direito, é apenas o primeiro passo para o objectivo final: outorgar aos obreiros do Estado Social… o estatuto de reformistas do Estado Social.
Na verdade, ao contrário do que seria de supor e de esperar numa ordem política decente, a reforma (vamos, por agora, adoptar o termo “reforma”) do Estado Social não será feita, ou sequer inspirada, por aqueles que, há anos, prevendo e antecipando, defenderam por vários motivos (uns utilitaristas outros não) a falência do modelo. A “reforma” do Estado Social será encomendada, precisamente, aos cultores do dito, os mesmos que se recusaram sequer a perceber os mais dramáticos sinais da sua falência.
E os primeiros sinais já aí estão, com os cúmplices do socratismo a dar o dito por não dito e fazerem-se surpreendidos com as mentiras e omissões do Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças. Esses cúmplices, socialistas até à medula, começam já a falar da reforma do Estado Social, prontos a aparecer como os salvadores da pátria. E não duvidemos por um segundo: serão eles, como sempre, se alguém não lhes puser travão, a “reformar” o Estado Social.
É também por isso que, como o Rui Albuquerque bem refere, quanto menos governo, melhor.