Ouvindo o discurso de arranque da pré-campanha de Manuel Alegre, fico convencido: ele é mesmo o candidato certo das forças que o apoiam. O proclamatório-vazio, a insistência em habitar num edifício que ameaça ruir a cada momento, são as marcas de uma esquerda incapaz de perceber que este modelo social é insustentável, que este Estado absorve quase toda a energia da sociedade, consome boa parte da pouca riqueza criada, é incapaz de perceber que quem sofre mais com o retardamento das reformas necessárias são exactamente os mais desfavorecidos, os descamisados que Alegre, BE e uma parte do PS se dizem representantes. No fundo, ninguém melhor do que Alegre corporiza o estado dessa esquerda tão palavrosa como vaidosa. Que teme a mudança e é por isso conservadora. Profundamente conservadora.
De M Ferreira de Almeida, no Quarta República.
Sendo claro que o ainda não candidato Cavaco se encontra claramente na frente da corrida presidencial, é o discurso de Manuel Alegre que o ajuda a manter-se como vencedor na eleição, salvo alguma trapalhada imprevista. Perante a concorrência, Cavaco é claramente um mal menor especialmente quando comparado com o candidato apoiado por Louçã&Sócrates. Com aquele discurso, percebe-se o apoio do BE: Alegre personaliza a “raiva” necessária para combater a direita (seja lá o que isso seja) . Qualidade que como se sabe, o candidato-poeta não tinha nas últimas eleições presidenciais. Pelo menos nas tão doces como inesquecíveis palavras de Louçã.
Leiituras complementares: Um discurso irrelevante para um candidato irrelevante, A via açoriana para o socialismo Alegre.