Socialismo e sociopatia

Tradition means giving votes to the most obscure of all classes, our ancestors. It is the democracy of the dead. Tradition refuses to submit to the small and arrogant oligarchy of those who merely happen to be walking about. All democrats object to men being disqualified by the accident of birth; tradition objects to their being disqualified by the accident of death. Democracy tells us not to neglect a good man’s opinion, even if he is our groom; tradition asks us not to neglect a good man’s opinion, even if he is our father.

Gilbert K. Chesterton

O meu avô materno, falecido em 2009, nasceu em 1911 e foi agricultor até ficar confinado a uma cadeira de rodas em virtude de problemas nas articulações nas pernas. Aos onze anos ficou órfão de pai e, sendo o mais velho de oito irmãos, tornou-se o sustento da casa. Ao longo da vida e à custa de muito trabalho foi acumulando terras e tornou-se um pequeno proprietário. Há cerca de vinte anos fez partilhas e dividiu o que tinha por seis filhos. Fê-lo nessa altura porque, sensatamente, quis evitar problemas entre os descendentes (que como sabemos são vulgares nas questões de herança) e assistir com a autoridade necessária à divisão do que possuía. Quando faleceu, o meu avô deixou dezoito netos e vários bisnetos, com tendência para aumentar o número de herdeiros.
Hoje de manhã ouvi um programa de rádio em que se discutiam os incêndios. Um senhor de nome Duarte qualquer-coisa chamava a atenção para a pulverização da propriedade em Portugal, dizendo que há cerca de meio milhão de pequenos proprietários, o que dificulta por um lado, o controle da responsabilidade pela manutenção dos terrenos/ florestas privadas e, por outro, a própria manutenção. E associava a desertificação do interior também à dimensão dessas propriedades. Concluía que a expropriação desses terrenos poderia ajudar à solução de prevenção ao agregar as propriedades tornando mais fácil o seu cuidado. Daí que “não lhe pareceria mal” que o Estado cumprisse a “ameaça” do Ministro da Agricultura António Serrano.

Isto é um exemplo cristalino do funcionamento do estado socialista. Em três gerações e à custa de uma ideia muito particular (eu diria abjecta) de igualdade, fraternidade e solidariedade, rebenta com uma tradição de heranças que, como se comprova, tinha justificação, ao mesmo tempo que destrói se necessário um país inteiro. Os responsáveis pela pulverização da propriedade e consequentes problemas não são nem mais nem menos que os governantes, o estado e a idiotice socialista. Quando a consequência da irresponsabilidade, da insensatez e do abuso bate à porta e, de acordo a cada vez mais óbvia sociopatia socialista, quer resolver roubando à descarada aqueles que já tinha roubado uma, duas, três vezes. É o admirável mundo novo dos sociopatas, mais conhecidos como socialistas ou, eufemisticamente, como social-democratas.

14 pensamentos sobre “Socialismo e sociopatia

  1. Há quem diga que em muitos sitios o capitalismo foi construido pela expropriação dos pequenos proprietários pelo Estado; mas, claro, isso depende muito do que entendermos por nomes como “socialismo” e “capitalismo”.

  2. Tá bem ó Miguel. Tudo depende, as usual. Hás-de explicar-me como é que funciona esse vosso “capitalismo”. Oh, sim eu sei que foram vocês que inventaram o termo para explicar o que não conseguiam explicar e continuam a não conseguir perceber. Ou querer perceber. Não sei o que é pior.

  3. <>

    Nao esta muito claro…A que a tradicao de herancas se refere o Helder? Filho primogenito, ou liberdade de um proprietario decidir, sem ser coagido, como distribuir a sua riqueza?

    Cumprimentos,
    Daniel Rodrigues

  4. Inês

    Para além do absurdo que é esta proposta, é impressão minha ou mesmo os terrenos públicos estão ao abandono e são, na maioria das vezes, a origem de muitos dos incêndios??

  5. Dervich

    “Em três gerações e à custa de uma ideia muito particular (eu diria abjecta) de igualdade, fraternidade e solidariedade, rebenta com uma tradição de heranças que, como se comprova, tinha justificação”

    Comprova-se? Onde e como?

    “Os responsáveis pela pulverização da propriedade e consequentes problemas não são nem mais nem menos que os governantes”

    Talvez sejam responsáveis, quer você dizer, por não fomentarem a agregação da propriedade?
    Muito bem, mas como se faz isso?
    Penalizando fiscalmente os pequenos proprietários e beneficiando os grandes?

    Se fôr o caso, entendo o seu ponto de vista…duvido é que o seu avô concordasse com ele, nos tempos em que “à custa de muito trabalho foi acumulando terras e se tornou um pequeno proprietário”

  6. Luís Barata

    O socialismo está nos portugueses. E é na escola e em casa ( pois os nossos pais também foram à escola) que o recebem e abraçam. Aos 20 anos têm já uns quadros mentais de que raros se conseguem libertar. É ver as entrevistas feitas a propósito do sal no pão… Em dez milhões de portugueses mais de nove trazem dentro de si um tirano. O que aliás se confirma pelos partidos.

  7. Carlos Duarte

    Caro Helder,

    Desculpe, mas está enganado. A pulverização da propriedade é um problema grave, especialmente no Norte do Portugal. O problema não está nas pessoas, como o seu Avó, que fizeram partilhas, mas antes nas pessoas que não o fizeram.

    Existem terrenos em que o proprietário morreu há mais de um século e que torna quase impossível determinar herdeiros. Ora esses terrenos são um empecilho burocrático, uma vez que para qualquer operação em terreno contíguo que necessite de autorização dos proprietários dos terrenos adjacentes (tão simples como reparar um muro), isso torna-se impossível! Mais, se pretender vender um terreno seu mas que careça de registo (como é comum), necessitando portanto de confrontações, não o consegue fazer (ou paga e bem a um advogado para “encontrar” os 50 herdeiros, espalhados pelo mundo!) nem consegue vender o terreno.

    Tal como nas sepulturas nos cemitérios, não me chocaria que os terrenos cujo proprietário tivesse falecido há mais de 15 anos e após publicação de edital (por um período razoável de, sei lá, um ano), fossem vendidos em hasta pública ou revertessem para o Estado.

    Em relação ao terreno florestal e já que se fala da prevenção de incêndios, poderia seguir-se o exemplo francês com cooperativas obrigatórias (um bocado ao estilo dos condomínios nos prédios) com responsabilidade na sua manutenção.

  8. Yw

    Um dos causadores da divisão de propriedade é o sistema da legítima, que impede que a terra vá apenas para um ou outro filho.

  9. Mosquito

    Para limpar as matas privadas, não deveria ser necessário expropriá-los. Bastaria dar aos municípios e juntas de freguesia capacidade para tomarem posse administrativa temporária dos terrenos para se poderem limpar as matas. Uma vez limpas, as matas regressariam à tutela dos legítimos proprietários.

  10. lucklucky

    Qual o problema da divisão de propriedades? se de facto os latifúndios tivessem valor o minifúndio teria sido comprado. O problema é só um, nós damos valor à natureza mas ainda não estabelecemos esse valor. Se o proprietário quisesse asfaltar a sua propriedade para não ter chatices com a natureza seria proibido. Ou seja dá-se valor e muito bem ás ervas, flores, arbustos, árvores, mas todos preferem não pagar por esse valor(excepto no material e ordenado dos bombeiros). Provavelmente a melhor maneira seriam todos pagar nos impostos o O2 que o campo dá. Houve um fogo? destruiu o verde este ano não há pagamento, ou seja o proprietário não recebe. Mas isto também teria implicação na fauna e na flora, terrenos limpos beneficiam uma parte da natureza ás custas de outra parte.

  11. ricardo saramago

    Ao ler estes comentários pergunto-me como foi possível a terra e o que nela prolifera chegarem ao sec XXI sem os regulamentos e leis que estas pessoas tanto advogam.
    Já agora façam também leis para regulamentar o fogo, a chuva e o sol.
    O que vale à humanidade é que as leis e os homens passam e a natureza e o planeta continuam.
    Se não fosse essa indiferença da realidade, já a nossa arrogância nos teria autodestruido económica e fisicamente.
    A nossa salvação tem sido que o nosso poder para modificar a marcha inexorável da história e do tempo é bem mais pequeno do que julgamos.

  12. «Desculpe, mas está enganado. A pulverização da propriedade é um problema grave, especialmente no Norte do Portugal. O problema não está nas pessoas, como o seu Avó, que fizeram partilhas, mas antes nas pessoas que não o fizeram.»

    Há aqui uma incompreensão do que o Helder escreveu. Onde é que ele diz ou sugere que a pulverização não é um problema grave?

  13. Helder,

    Devias ter posto este parágrafo a bold, que parece que o attention span da malta esvai-se a meio do caminho 🙂

    «Em três gerações e à custa de uma ideia muito particular (eu diria abjecta) de igualdade, fraternidade e solidariedade, rebenta com uma tradição de heranças que, como se comprova, tinha justificação, ao mesmo tempo que destrói se necessário um país inteiro. Os responsáveis pela pulverização da propriedade e consequentes problemas não são nem mais nem menos que os governantes, o estado e a idiotice socialista. Quando a consequência da irresponsabilidade, da insensatez e do abuso bate à porta e, de acordo a cada vez mais óbvia sociopatia socialista, quer resolver roubando à descarada aqueles que já tinha roubado uma, duas, três vezes. É o admirável mundo novo dos sociopatas, mais conhecidos como socialistas ou, eufemisticamente, como social-democratas.»

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