“His mind had stopped, like a dead clock, and he was still living with the ideas that were in his head when the clock stopped, showing that time forever.”
V.S. Naipaul, ‘Magic Seeds’.
Devem existir homens já velhos que ainda estão nas florestas a lutar contra o governo. Um governo qualquer, numa qualquer floresta. Não nos esforcemos por saber muito mais, que pouco mais que isto nos serve. Homens que se deixaram ficar, sem destino algum, nenhum sentido. Mas persistem. Insistem em ler Lenine, Marx, Trotsky. Continuam a acreditar que os outros estão errados. Eles certos. Não se actualizam e reduzem a sua actividade a nada. Mantêm-se no mundo a gladiar fantasmas que os cercam.
Manuel Alegre não vive na selva, mas também participa em combates fictícios. Vive num mundo à parte que não o nosso; apenas o dele. Um cosmos particular onde os problemas são característicos e as soluções peculiares. Responde-nos prontamente se lhe perguntamos há quantos anos anda na luta. Não foge; nunca hesite; nada teme. Está sempre pronto para seguir em frente. É uma bomba-relógio prestes a explodir.
Subscrevo, André.
Pingback: A bomba Alegre « O Insurgente